terça-feira, 18 de setembro de 2007

bom jesus do ribeirão grande sp

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:: Duas Grandes Fazendas dos Padres ::
:: da Companhia ou jesuítas 1713/1759 ::

Os habitantes mais velhos ainda ouviram contar pela tradição que o local onde hoje se localiza o município de Pardinho foi fazenda dos Padres da Companhia de Jesus chamada Santo Ignácio e, que naqueles campos eles deixaram um tesouro.

Alguns mesmo, moradores do local, andaram cavoucando alguns lugares levando um roteiro, nas proximidades das Três Pedras, hoje município de Bofete

O tesouro é lenda, tal qual em toda parte onde tenha havido Jesuítas, e está de acordo com a mentalidade humana. O resto é exato. O teor das sesmarias obtidas pelos Padres sob a liderança de Pe. Estanislau de Campos está no original no Arquivo Público do Estado e foi publicado no volume "Sesmarias", tomo II. A arrematação da fazenda está num dos volumes dos "Documentos Interessantes" e os vários recenseamentos inéditos daquele Arquivo trazem o registro da fazenda Santo Ignácio.

Eram terras e terras a perder de vista, concedidas pelo loco-tenente donatário da capitania de São Vicente sediada em Itanhaém, e pelo governador de São Paulo, mais uma sesmaria doada por José de Campos Bicudo, formando duas grandes fazendas, com os nomes de Guareí e Botucatu, entre a margem direita do Guareí e do Paranapanema e o alto da serra de Botucatu. As concessões foram em 1713, 1719 e 1723 e a doação em 1723.

Uma das sedes da fazenda de Botucatu, também chamada de Santo Inácio, era na extinta freguesia do Ribeirão Grande, perto da serra, e as terras atingiam, pelo atual distrito do Pardinho, o Monte Alegre, pequena elevação em Rubião Junior, onde hoje está a Faculdade de Medicina, em Botucatu.

As sedes das duas fazendas eram apenas as capelas de pau a pique e sapé e uns ranchinhos para os índios livres ou administrados. Estes reuniam em rodeio e em curral o gado vacum espalhado pelos campos.

João Álvares de Araújo, avançou para o sul, costeando a serra e posicionando-se além do Rio Pardo, às margens do abandonado, mas não de todo esquecido caminho do Iguatemi.

Caminhos apontavam para a conquista do oeste. A luta pela defesa das terras...

Hernâni Donato em seu "Achegas Para a História de Botucatu" nos informa sobre o famoso caminho: "Luís Antônio de Souza Botelho e Mourão, morgado de Mateus, a fim de reforçar a capitania, pondo-a em condições de rechaçar qualquer tentativa espanhola de avanço sobre a conquista portuguesa mandou construir a colônia-presídio do Iguatemi, no sul de Mato Grosso, concedendo a sesmaria à Simão Barbosa Franco, em 1766, no local correspondente à região de Botucatu, com a finalidade de construir um povoado com no mínimo trinta famílias, fazer pontes e abrir um caminho (picadão), a partir do ponto onde hoje fica aproximadamente o município de Pardinho, com vistas a Iguatemi."

"A fim de manter sólida tal posição e aumentada a flexibilidade do sistema defensivo, além da fundação das povoações, o Botelho e Mourão quis um caminho bem aberto e conservado, até o Iguatemi. Minucioso em tudo, faz saber qual o traçado do seu desejo: "... a vereda que se deve seguir é entrar pela serra de Botucatu onde tenha maior comodidade e daí botar o agulhão em ponto fixo na barra do Rio Pardo e aí cortando o sertão, bem pelo meio da campanha entre os dois rios Paranapanema e Tietê, fugindo sempre de avizinhar dos matos e pantanais que ambos tem por toda sua margem..."

Assim, a partir de 1830, o caminho vindo de Sorocaba, Guareí, Torre de Pedra, Bofete e Serra do Limoeiro (próximo a Pardinho) des-cia o Rio Pardo passando por Santa Cruz do Rio Pardo, Rio Turvo e Campos Novos do Paranapanema

De acôrdo com o Prof. Álvaro José de Souza (acadêmico e geógrafo) o território municipal resultante da antiga fazenda dos jesuítas denominada Santo Inácio, onde o governo imperial do Brasil procurou investir na criação de um núcleo de povoamento que mantivesse os espanhóis afastados, considerando que esta área estava a oeste da Linha de Tordesilhas e, portanto, oficialmente, pertenceria à Espanha. Somente em 1750 é que esta área
foi incorporada a Portugal por força do Tratado de Madri.

Entretanto, o primeiro núcleo de povoamento só vingou realmente por volta de 1870, já com o Brasil Independente e no Segundo Reinado, provavelmente após o término da Guerra do Paraguai.

A região conhecida, desde muito tempo, era passagem sistematicamente utilizada pelas tropas que procedentes do Sul, demandavam à Feira de Sorocaba para serem negociadas.

Não distando muito da boca-do-sertão que era atravessada pelo roteiro Viamão-Sorocaba, onde as tropas de gado e mulas que ao fazerem esse difícil percurso pagavam o grande tributo do emagrecimento decorrente da falta de alimentação adequada e suficiente, essa paragem bastante conhecida era citada para indicar o ponto marcante da vastíssima área que se compreendia entre os altos da serra e o rio Pardo.

No século passado, por volta de 1840, apareceram os primeiros sertanistas, procedentes do Estado de Minas Gerais, provavelmente incentivados por informações fornecidas por bandeirantes. Eram Vicente Ferreira da Costa, João Antonio Gonçalves e Felix Hilário.

João Antonio Gonçalves, proprietário de muitas terras e um dos primeiros habitantes da região, doou, em 27 de janeiro de 1873, um terreno cujo valor na época era de 160.000 réis para a construção da primeira capela do povoado, erigida em 1894 em louvor ao Divino Espírito Santo, atual igreja matriz.

A exemplo de João Antonio, outros moradores fizeram também suas doações, dentre os quais Bento Franco e José Rosa, iniciantes da povoação. Difícil hoje, dizer que Pardinho teve um fundador, e sim diversos. Outras famílias que vieram segundo historiadores, foram a do Cel. Amélio de Campos Melo, Cap. João Brás Salomé, Tenente Olivério Moraes Barros, tenente Euzébio Rocha Camargo e outros


Ribeirão Grande - Pouso de tropas - um pouco de sua história
Quando a capitania de S.Paulo iniciou a sua marcha para o Oeste, os caminhos escolhidos para alcançar o sertão brasileiro passavam to os pela região compreendida entre as barrancas dos rios Paranapanema, Guareí, Tietê e Montanhas da Serra de Botucatu. Alí, em campos descobertos e ocupados ainda no final do século
XVII (anos 1600), criadores de gado oriundos de Sorocaba, erigiram fazendas de criar.

Os campos do Paiol, como ficou sendo conhecido, eram ricos em barreiros, úteis à criação do gado de corte.

Lá pelos anos 20 do século seguinte (1700), quando as minas de ouro de Mato Grosso foram descobertas por Paschoal Moreira Cabral, os jesuítas do Colégio de S.Paulo, imaginaram construir, junto aos campos do Paiol, suas próprias fazendas de criar. Adquiriram parte das terras e ganharam outras tantas, de formas que o imenso latifúndio englobou terras desde as barrancas do Rio Paranapanema até as terras altas da Serra de Botucatu.

As minas de ouro fizeram com que o comando da capitania iniciasse uma série de tentativas de abrir um caminho por terra ao Mato Grosso. Por ele se pretendia que as caravanas fizessem passar homens e animais às minas, coisa impensável pelo caminho usual da navegação pelo rio Tietê. Então, quando esse caminho ficou pronto, e as caravanas se repetiam com insistência, os campos do Paiol ferveram de gente e tropas de animais que vinham e iam ao Mato Grosso, parando nos abri-gos montados nas Fazenda Jesuítas.

Também comum desde tempos do início da Colônia, os que vinham do Mato Grosso, subindo o Rio Paranapanema, paravam nas Fazendas Jesuítas pelo mesmo motivo. Refeitos das caminhadas seguiam viagem até o centro da Capitania.

Esses campos históricos, localizados ao sul da Rodovia Castelo Branco, e guarnecidos pelos seus limites, viram nascer, não se sabe quando, uma povoação que foi insistentemente apontada como a mais antiga povoação do interior da capitania. Trata-se da povoação chamada o Bom Jesus do Ribeirão Grande, hoje desaparecida, a qual se localizava nas imediações e atrás do Posto Maristela.

Essa povoação chegou a possuir Casa de Cadeia, Veredas, Igreja, Cemitérios e Cartório. Ficava ela no centro de um grande distrito produtor do melhor café e recebeu uma quantidade muito grande de imigrantes de várias nacionalidades, principalmente italianos.

Lá por volta de 1865 Ribeirão Grande queria ser elevada a freguesia. Para tanto, oito casais doaram nada menos que 2,5 alqueires para formar o patrimônio do Santo. Mas a histórica povoação não conseguiu o seu intento. No início do século XX, vemo-la como distrito de paz de Botucatu, onde, segundo estatísticas, residiam 3 mil cidadãos. E mais, passados alguns anos, Ribeirão Grande enfrenta seu problema definitivo que foi o crescimento do Distrito de Espírito Santo do Rio Pardo, seu rival de cima da serra.

Em 8 de agosto de 1999, ex-moradores, filhos de ex-moradores e o arcebispo de Botucatu, Dom Antonio Maria Mucciolo, relançaram a pedra fundamental de uma nova igreja, estavam sem o saber, revalidando o mistério de Ribeirão Grande, que permanece ali, soprado pela aragem constante, que lhe verga os bambus do velho cemitério, como a esperar, paciente, pelos novos capítulos de sua rica história.

Ribeirão Grande foi elevado a distrito de Botucatu em 1889, tendo seus registros, quando foi incorporado pelos Distritos do Espírito Santo do Rio Pardo (Pardinho), em 1910, 3 mil moradores.

No decorrer do século XX, teve sempre uma agitada festa do padroeiro, come-morada em 6 de agosto de todos os anos. (João Carlos Figueiroa -"O Mistério de Ribeirão Grande" in revista "Boca de Cena", nº01 - agosto de 1999).

Consta que, em 1896 o Sr. João Valério de Oliveina exercia o cargo de Escrivão de Paz e Oficial "ad hoc" do Registro Civil do referido Distrito. Nessa época exercia grande influência política no local o capitão João Lino Pires de Camargo. Fazendeiro e homem digno nas suas ações pertencia ao partido republicano amandista uma das facções políticas que disputavam o poder em Botucatu.

Em 1903 a professora Manoela de Mello Proença cuidava da alfabetização das crianças do Ribeirão. Já em 1909, a Câmara Municipal de Botucatu nomeava João Valério de Oliveira, Professor Municipal para a escola do sexo masculino, com autorização de ministrar aulas para o sexo feminino (com a devida aquiescência dos pais).

O primeiro Oficial do Registro Civil (1891) em Ribeirão Grande foi Joaquim Martins Monteiro, depois João Valério de Oliveira e finalmente Samoel Pinto de Melo.

O primeiro casamento foi de Hygino de Carvalho e Delphina Cassimiro de Carvalho, realizado em 1891, pelo Juiz de Paz Honorato José Pereira. O Escrivão era Joaquim Martins Monteiro.

O primeiro registro de óbito foi o de Luiz Francisco das Chagas,com 25 anos de idade, ocorrido em 31/maio/1893.0 declarante foi seu pai, Manoel Francisco das Chagas.

O primeiro Registro de Nascimento foi de Benedicto, filho de José Marianno da Luz e Joana Maria de Jesus, ocorrido em 27/maio/ 1893. O escrivão era João Antonio Galvão.

Julio Nery Ferreira era o zelador e sacristão da Igreja do Senhor Bom Jesus em 1909.

No dia 05 de fevereiro de 1911, faleceu, vitimado pela mordedura de cobra, o menino Epaminondas, filho de Belmiro de Oliveira Guassú, fazendeiro naquele distrito.

NOTA:- Pela Lei Nº 1203, no dia 5 de agosto de 1910, foi anexada ao Distrito de Paz do Espírito Santo do Rio Pardo, o Distrito de Ribeirão Grande, município de Botucatu. Na época, o Sub-Prefeito do Distrito do Espírito Santo do Rio Pardo era Francisco Cardoso de Oliveira.

Em 08 de novembro de 1910, eram suprimidas as escolas isoladas de Ribeirão Grande, Limoeiro, Guarantan e Platina.
INFORMAÇÕES GERAIS
População
4.732
Homens
2.455
Mulheres
2.277
Urbana
2.992
Rural
1.740
Área Km2
210,5
Altitude
898
Fonte: IBGE - ano


Rua José Dallaqua, 1395 - Vila industrial - São Manuel - SP

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