terça-feira, 30 de dezembro de 2008

titulos de nobreza

OVERVIEW



1 - Sua Alteza Imperial e Real, o Chefe da Casa Imperial do Brasil

Título sem valor institucional, utilizado pelo príncipe que seria hoje o Imperador do Brasil na eventualidade de uma restauração monárquica. A posição é atualmente ocupada pelo príncipe Dom Luiz. Caso imperasse, seguindo as normas referentes a títulos estabelecidas na Constituição de 1824, o príncipe seria "Sua Majestade Imperial, o Senhor Dom Luiz I, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil".

2 - Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe Imperial do Brasil

Título atribuído pela Constituição de 1824 ao herdeiro do trono imperial brasileiro, atualmente o sucessor imediato do Chefe da Casa Imperial do Brasil, posição atualmente ocupada pelo príncipe Dom Bertrand, irmão de Dom Luiz.



3 - Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe do Grão-Pará

Título atribuído pela Constituição de 1824 ao primogênito do Príncipe Imperial. O título não é atualmente utilizado por ninguém, já que o príncipe Dom Bertrand é solteiro.

4 - Suas Altezas Imperiais e Reais, os Príncipes do Brasil

Título atribuído pela Constituição de 1824 aos demais príncipes, atualmente usado por todos os descendentes da Princesa Isabel, primogênita do Imperador Dom Pedro II, que conservaram seus direitos dinásticos ao trono do Brasil. Atualmente, os príncipes do Brasil com maior proeminência dinástica são o irmão de Dom Luiz, Dom Antonio e seu filho, sobrinho de Dom Luiz, Dom Pedro Luiz, que muito provavelmente ocuparão a chefia da Casa Imperial do Brasil um dia, já que os príncipes Dom Luiz e Dom Bertrand não possuem descendência. Embora a Constituição de 1824 reconhecesse somente ao Príncipe Imperial e ao Príncipe do Grão Pará o direito ao tratamento de "Alteza Imperial", após o golpe da proclamação da república o predicado estendeu-se a todos os príncipes com direitos dinásticos ao trono do Brasil. Aparentemente, isso se deve a uma determinação antiga da chefia da Casa Imperial, que goza de prerrogativas absolutas nessas questões enquanto a Família Imperial Brasileira encontrar-se sem papel institucional. Atualmente, desconsiderando o Chefe da Casa Imperial e o Príncipe Imperial, os príncipes do Brasil existem em número de nove. São eles: Dom Antônio e sua esposa, Dona Christine, e seus quatro filhos: Dom Pedro Luiz, Dom Rafael Antônio, Dona Amélia Maria e Dona Maria Gabriela Fernanda, além das princesas Dona Isabel e Dona Eleonora, irmãs do Chefe da Casa Imperial do Brasil. É ainda princesa do Brasil a Senhora Dona Maria, mãe do atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, que seria "Imperatriz-Mãe" caso o país fosse uma monarquia, sendo atualmente conhecida pelos monarquistas como "Princesa-Mãe do Brasil".

5 - Dinastas do Brasil

A designação "dinasta" não é propriamente um título, mas uma situação jurídica de uma pessoa com relação a um trono. Dinasta é aquele que está na linha de sucessão. Estes possuem direitos ao trono brasileiro, mas não portam o título de príncipes porque este, pelas regras dinásticas da Constituição de 1824, não se transmite pela linha feminina. Entre eles, incluem-se os dois filhos de Dona Eleonora, princesa do Brasil, com o príncipe belga Michel de Ligne. Os filhos dessa princesa só são dinastas brasileiros em virtude do fato de conservarem nossa nacionalidade, já que a Constituição de 1824 também proíbe estrangeiros de herdarem o trono brasileiro. Os dois filhos do casal ocupam o 10° e o 11° lugar na linha de sucessão do trono brasileiro, e utilizam somente o título belga "Príncipe de Ligne", com tratamento de "Alteza". São ainda dinastas do Brasil alguns descendentes do Duque de Saxe e da Princesa Leopoldina, filha mais nova de Dom Pedro II e irmã da Princesa Isabel, que também conservaram a nacionalidade brasileira. Estes constituem a família Saxe-Coburgo e Bragança, chefiada pelo Senhor Carlos Tasso, que utiliza o título de "Barão de Bordogna e Valnigra", que herdou do pai, residindo atualmente na Itália com sua esposa, a Arquiduquesa Walburga da Áustria. Embora existam mais pessoas que poderiam ser postas na linha de sucessão, fazê-lo seria impossível sem contrariar a Constituição de 1824, os Saxe Coburgo e Bragança para todos os efeitos seriam a última alternativa da monarquia brasileira caso os demais príncipes e dinastas desaparecessem. Depois disso, a Constituição de 1824 apenas estabelece, como último recurso, que caberia à Assembléia Geral, o parlamento brasileiro, hoje chamado Congresso Nacional, eleger uma nova dinastia.

6 - Suas Altezas Reais, os Príncipes de Orleans e Bragança

Estes, embora sejam príncipes, não possuem quaisquer direitos ao trono do Brasil. O título é usado por todos os descendentes da Princesa Isabel que perderam seus direitos dinásticos em virtude de renúncia, própria ou de seus antepassados, expressa ou tácita, ao título de "Príncipe do Brasil", mas que ainda mantém esse título principesco em virtude do fato de possuirem direito ao trono francês, por serem descendentes do Conde d'Eu, consorte da Princesa Isabel. Em acordos familiares do passado, convencionou-se que a Família Imperial Brasileira só exigiria seus direitos ao trono da França caso todos os ramos de nacionalidade francesa da família Orleans se extinguissem, o que seria bastante difícil. Não utilizam o predicado de "Alteza Imperial", que designa o Império do Brasil, mas tão-somente o de "Alteza Real", referente ao reino de França. Para todos os efeitos, são brasileiros com direito ao trono da França, e por isso são príncipes. Atualmente, existem por volta de 80 príncipes de Orleans e Bragança, sendo o mais importante desses príncipes na linha de sucessão francesa o Senhor Dom Pedro Carlos, cujo avô renunciou ainda no ano de 1908.

Conclusão:

Você, que leu isso tudo, possivelmente está bastante confuso com todos esses títulos e tratamentos, o que é compreensível. Muitos príncipes acumulam mais de um título, por exemplo, atualmente todos os príncipes do Brasil são também dinastas do Brasil (por uma questão lógica) e príncipes de Orleans e Bragança.. Muitos príncipes acumulam mais de um título, por exemplo, atualmente todos os príncipes do Brasil são também dinastas do Brasil (por uma questão lógica) e príncipes de Orleans e Bragança. Os títulos de nobreza criados durante o Império e distribuídos entre os cidadãos não eram hereditários, porque assim determinaram nossos dois imperadores, e por isso não existem hoje nobres titulados no Brasil, com exceção de alguns poucos, cujos ancestrais receberam títulos de monarcas portugueses, que concediam títulos hereditários.

Se você não tem muito interesse nisso tudo, esqueça. Ninguém vai condená-lo por isso. Este texto possui caráter meramente informativo, simplesmente não se tratam de normas para o dia-a-dia dos monarquistas. Nem mesmo os britânicos, tão tradicionalistas, apegam-se aos tratamentos da sua Família Real, chamando-os apenas pelo título e pelo nome, de modo que Sua Alteza Real, O Príncipe Charles, Príncipe de Gales, Duque de Rothesay, Duque da Cornuália, entre outros muitos títulos, é "apenas" o "Príncipe Charles". No caso do Brasil, alguns preferem "Alteza" ou "Príncipe", embora baste o já enraizado "Dom" antes do nome, complementado com "Senhor" durante a conversação. Aconselha-se escolher um, ou alternar entre uma e outra forma, fazendo ou não combinações. Estamos no Século XXI e mesmo que o Brasil fosse hoje um Império dificilmente seria diferente.

Na prática, só existe uma regra para se dirigir a um príncipe ou a um dinasta, que se aplica tanto a um nobre quanto a qualquer pessoa, e esta regra é: Seja educado. Educado com o príncipe, educado com sua família, com seus amigos, com estranhos, com seus superiores e com seus subordinados. Educado com qualquer um. Você dificilmente terá problemas nos meios monárquicos, ou até mesmo em sua vida, seguindo este simples conselho.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

o barão de cocais

27 Apr
【】JuNiOr FaRiA【】
Curiosidades sobre a Herança
Olá pessoal...

Sou de Londrina-PR, minha familia por parte da minha mãe é de Minas Gerais cujo os mesmos possuem sobrenome Cunha.

Ah algum tempo minha mãe e os tios mais antigos dela comentam sobre essa tal Herança de Barão de Cocais, da qual inclui, terras no Brasil, Argentina, muito dinheiro que foram enviado a um banco Inglês da qual o banco deu um prazo de cem anos para que fosse retirado esse montante de dinheiro do mesmo. Além de ações em grandes empresas como Vale do Rio Doce, e Usiminas.
O grande X da questão é que minha familia durante anos pagou Advogados e Detetives para descobrir algo mais detalhado sobre tal herança e possivelmente chegar a um resultado final, a conclusão foi que o cartório onde estava registrado todos os dados necessarios para analizar os herdeiros do Barão, pegou fogo queimando todos documentos sobre o mesmo.
A quem diz que isso acontecia muito antigamente quando o governo tinha conhecimento de heranças de valores absurdos, como era a do Barão, os cartorios de registros serem incendiados para que não encontrassem mais provas dos herdeiros e com o tempo a herança passar a mão do governo.




Agora convoco a todos legitimos herdeiros para poder-mos unir foças e provas para quem sabe um dia sonhar em receber o pouco que resta, caso reste alguma coisa ainda. Ou então recer indenização do governo.

Quem sabe cada um apresentando as provas que tem, podemos chegar a um resultado favoravel...



Obs: Pessoal quem quizer manter mais contato sobre tal, pode deixar recado no meu orkut.
Mas por favor identifiquem que é daki da comunidade.


Abraço a todos futuros herdeiros =)

22 Jul
♥Catia
Fantástico
Minha vontade seria levar essa história ao Fantástico (GLobo), para que eles pudessem nos ajudar....quem sabe chegariamos a um final mais legítimo sobre essa herança... o que acham?

23 Jul
delete
Jose
herança do barão de cocais, tb sou desc. I
Associação cria serviço de apoio aos interessados no assunto

São Paulo – Você já pensou em pesquisar a sua árvore genealógica para saber se é beneficiário de herança ? Pois isso agora ficou mais fácil através do trabalho desenvolvido pela Associação Nacional de Caçadores de Herança e outros. Com sede em São Paulo a entidade tem a missão de levantar e orientar as pessoas que podem ser possíveis beneficiárias de diversas heranças existentes no Brasil. O objetivo da entidade de acordo com o Diretor Flávio Lopes, é reunir um grupo seleto de pessoas e famílias que ainda sonham em “receber” dividendos de várias heranças formadas por seus ancestrais no Brasil, ou comprovar o grau de parentesco com personalidades da história brasileira, através de pesquisas e comprovações.

O tema herança conta com uma aliada, ou seja, com a genealogia, a ciência auxiliar da história que estuda a origem, evolução e disseminação das famílias e respectivos sobrenomes, ou apelidos (sobrenomes derivados de alcunha). Atualmente existem dois casos judiciais abertos em que a genealogia tem importante papel na sociedade. O primeiro caso é a história das sucessões do Comendador Domingos Corrêa, cuja imensa fortuna, constante de larguíssimas extensões de terra no Rio Grande do Sul e no Uruguai, é disputada até hoje por milhares de pessoas, passados mais de 100 anos de sua morte.

O outro caso é a conhecida herança do Barão de Cocais ou José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, que chegou a ser aclamado, em Barbacena, Diretor interino da Província de Minas Gerais. Para se ter uma idéia o Barão de Cocais faleceu em 1869 e deixou depositado uma grande fortuna aplicada no Banco de Londres e sequer os herdeiros diretos na época retiraram os valores ou reclamaram quaisquer direitos na herança, embora esteja, teoricamente, à disposição das centenas de herdeiros.

23 Jul
delete
Jose
cont...II
O Barão de Cocais, por exemplo, deixou muitos descendentes, isso é comprovável através das muitas famílias descendentes diretas desse personagem e pretensos herdeiros. Listamos a seguir algumas das famílias com sobrenomes descendentes do barão como Álvaro de Azeredo, Barboza Lima, Barreto, Bernardes, Bezerra, Botelho, Brandão, Cardoso, Chaves, Esteves, Freire, Garcia, Gonçalves, Leal, Leão, Machado, Martins, Nunes, Osório, Pacheco, Pereira, Pinheiro, Ramalho, Ramires, Ribeiro Leite, Rodrigues, Rolim, Sanches, Simões, Soares, Teixeira, Teles, Tenório, Toledo, Valencia, Valente, Varela, Vaz, Viegas, Vieira Tavares, Vilela, Xavier, Xavier de Castro, Ximenes, Zadá, Zuniga, e muitos outros.

Para facilitar a vida dos interessados a entidade conta com o suporte de profissionais da área de genealogia, entre eles o engenheiro operacional, Antônio Carlos de Castro, de Campinas é um dos maiores pesquisadores e estudiosos da famosa herança do Barão de Cocais no Brasil a colaborar com o trabalho da associação. Antônio Castro que também é administrador de empresas, é descendente do Capitão-mor Luis José Pinto Coelho da Cunha, primo do barão.

Serviço - Associação Nacional para Pesquisas de Prováveis Herdeiros do Barão de Cocais - Praça Alpha Centauro, nº 54 – Conjunto 3, Alphaville, Santana de Parnaíba Fone: 3105-1900 – São Paulo - CEP 06541-075. www.cacadoresdeherancas.com.br

30 Jul
Anderson
Olá Catia! Como vai?
Acho a sua idéia muito boa...
Se fosse possóvel vc levar este caso p emissora globo, eles com certeza irão investigar e encontrar muitos detalhes, o que nos ajudaria... pois o que podemos fazer, já que o ouro está na mão da rainha da inglaterra... cabe a nós buscarmos aquilo que nos é devido de herança dos nossos antepassados e não deixar na mão de ladrões.
Te dou o maior apoio... acho que vc deveria levar isso sim para a emissora, ok!
Um grande abraço!

25 Aug
SANDRO
Minha família também tem descendência, Bernades
Minha família também tem descendência do Barão de Cocais com o sobrenome Bernardes. Anos atrás meu avô, pagou advogados para conseguir reunir a papelada e enfim comprovar a desendência. E estamos esperando até hoje como podem ver.
Minha mãe sempre dizía que a Fátima Bernardes, ancôra do jornal nacional tem parentesco tbm........

2 Sep (19 hours ago)
adriana
【】JuNiOr FaRiA【】
a historia de minha vó é igual a sua tambem estamos investigando a muito tempo
mais esta dificil de arrumar as provas, realmente precisamos nos unir para tentar arrumar provas isso naum pode ficar assim
desde ja agradecemos
se quizer entrar em contato deixe um recado no meu orkut

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Wednesday, September 21, 2005
Dona Ignácia Cassiana da Cunha e o Coronel Antônio Carlos de Oliveira


Postado por k.

4 comentários:

Neida de Oliveira Morais said...

São tantas lembraças deste quadro...saudades da vovó Milota...saudades de minha infância...recordações boas,lembranças que não se apagam... Viajei no tempo agora...muito bom, adorei.Saudades de vc também, beijos. Neida.
September 21, 2005
k. said...

oi Neida,
só agora tive tempo de responder. Que bom ter um comentário de alguém que gostou, e a quem a imagem tocou. Pois é, tantas lembranças, e eu que sonho tanto com a casa da vovó, que quando acordo até penso que ela ainda existe... engraçado mesmo a vida.
Beijos...
Dê notícias!
K.
October 07, 2005
Anonymous said...

Your website has a useful information for beginners like me.
»
July 22, 2006
Petterson Cunha said...

Oi K.Siva, tomei conhecimento de suas fotografias quando, casualmente, pesquisava sobre quem havia sido Barão de Cocais. Sabe, são esses acontecimentos espontâneos - khayrós de Deus!
Cresci ouvindo estas histórias, fantásticas ou não. Meus avós paternos vieram dos sertões mineiros para os rincões goianos e nas malas, além de saudades, trouxeram esta incrível e fascinante história: de uma fabulosa e grande herança deixada por um tal Barão de Cocais.
Esta vinda se deu por volta de 1938. Veio uma grande comitiva, todos da mesma família, supostamente descendentes dos Pinto Coelho da Cunha em algum grau, inclusive meu avô Antônio Oliveira da Cunha, filho de Antônio Ferreira da Cunha e de D. Mariana Francisca de S. José.
Isso tudo me fascina!
Vi suas fotos e também as de Vladmir Gomes da Silva. Sentiria muito feliz se vocês entrassem em contato comigo através do E-mail khayroscerrado@hotmail.com .
Isso tudo me faz reencontrar-me comigo mesmo .

Um abraço,
Petterson de Oliveira e Cunha
January 04, 2007

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herança do barão de cocais

Um dos maiores pesquisadores e estudiosos da genealogia do Barão de Cocais no Brasil, é o engenheiro Operacional Antônio Carlos de Castro, de Campinas, que tem realizado um trabalho minucioso do assunto. Antônio Castro que também é administrador de empresas, é descendente do Capitão-mor Luis José Pinto Coelho da Cunha, primo do barão. Suas pesquisas podem ser consultadas no site: http://www.genealogiacastro.cjb.net e sua ascendência pode ser vista no "link" Genealogia/Meus Antepassados/Antepassados, localizado entre a 1ª e a 32ª geração; da 33ª até cerca da 60ª só pode ser vista registrando o nome na 32ª geração e procurando o "link" Genealogia/Base de Dados/Índice de Nomes/Sobrenome. Isto porque o "software" não comporta a codificação.

Para se ter uma idéia, atualmente existem na França – pouca gente sabe disso no Brasil, escritórios especializados, doublés de advocatícios e genealógicos. O mais antigo desses escritórios, é o Étude Andriveau (www.andriveau.com), em atividade desde 1830. A especialidade de tais profissionais consiste em caçar herdeiros para fortunas jacentes.

Pela lei francesa, quando morre alguém sem herdeiros próximos, o direito de herdar se estende a parentes de graus muito afastados, às vezes remotos parentes desconhecidos dos falecidos. A lei brasileira parece bem menos benigna nesse ponto. Ainda pela legislação francesa, as heranças paradas devem ser administradas (como, aliás, também no Brasil) por um curador, durante um período razoavelmente prolongado, até que surjam os herdeiros ou que, não aparecendo, a herança seja declarada vacante e passe para o domínio do Estado.

Ocorre que quando morre alguém rico e não deixa testamento nem herdeiros conhecidos, esses escritórios se põem na caça dos herdeiros, levantando a árvore genealógica do falecido, e procurando ramos colaterais de sua família. Em virtude das dificuldades evidentemente que quando localizam os herdeiros, cobram caro pelos serviços.

O barão – Para entender melhor a história, no final do século passado uma empresa inglesa explorou ouro no Brasil abrindo a mineração da Mina do Morro Velho na região de Ouro Preto, próximo a cidade de Barão de Cocais. José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o Barão de Cocais, tornou-se acionista da empresa e naquela época enviou para um banco em Londres (Inglaterra), somas avultadas em moeda corrente e em ouro.

O Barão faleceu em 1869 sem retirar os valores depositados naquele banco inglês e sequer os herdeiros diretos na época reclamaram quaisquer direitos na herança. Na década de 70 o banco de Londres comunicou ao governo brasileiro que em cinco anos completariam 100 anos do depósito e que após este tempo se os valores não fossem retirados prescreveriam e passariam a pertencer a corôa britânica.

Atualmente notícias dão conta que barras de ouro e um valor em dinheiro acumulado em cerca de 120 milhões de Libras Esterlinas, se reajustado nos últimos 100 anos, são suficientes para levar o banco inglês a falência, porque a instituição não teria a capacidade de liquidar tal soma para pagar os eventuais herdeiros. Realidade ou ficção ninguém sabe ao certo até hoje, o detalhe importante é que até hoje “nenhuma” pessoa se apresentou dizendo que recebeu alguma herança do barão.

José Feliciano Pinto Coelho da Cunha que chegou a ser aclamado, em Barbacena, presidente interino da Província de Minas Gerais, casou-se com Antônia Tomásia Pinto Coelho e tiveram três filhos: Joaquim Pinto Coelho da Cunha, Felisberto Pinto de Almeida e Francisco Rodrigues da Cunha. Francisco casou-se com Ana Olinda Oloia e desta união nasceu Ignácia Cassiana da Cunha que mais tarde casou-se com Antônio Carlos de Oliveira que por sua vez geraram Maria José de Oliveira. Talvez são muitas as pessoas descendentes do Barão de Cocais, entre as famílias descendentes está a de Samuel Martins Lopes da cidade de Barão de Cocais, Luzia Francisca de Oliveira.

Atualmente a história do Barão de Cocais faz parte dos dois casos judiciais abertos em que a ciência da Genealogia tem importante palavra a dizer, existe também o caso das sucessões do Comendador Domingos Corrêa (www.genealogiacorrea.com.br/home.htm), cuja imensa fortuna, constante de larguíssimas extensões de terra no Rio Grande do Sul e no Uruguai, é disputada até hoje por milhares de pessoas, passados mais de 100 anos de sua morte.

Se você estiver interessado em saber se é um dos possíveis herdeiros e se poder compartilhar da herança, entre em contato ou cadastre-se, teremos o maior prazer em atender a sua solicitação!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

DIREITOS HUMANOS

MEU TRABALHO SOBRE OS DIREITOS HUMANOS; ENVIE CRITICAS ;SUGESTÕES;ETC.
GRATO!


Identificaçã:
Autor(a) : jose pinto pinheiro
Local da Pesquisa : Trabalho
Região : Centro
Subprefeitura : Sé
Área ou Unidade : Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP)

Tema : Direitos Humanos
Segmento : Inserção dos Direitos Humanos em Políticas Públicas
Ações : Propiciar o fortalecimento do espaço público em prol dos direitos humanos;
Promover políticas públicas de direitos humanos voltados à construção da cidadania e à recuperação do relacionamento cidadão-Estado;
Monitorar e avaliar os direitos humanos no município de São Paulo.
Desenvolvimento da atividade
Passo 1
a) Cite pelo menos três (3) aspectos do curso que você observou como mais relevantes para sua atuação como conselheiro em direitos humanos e justifique cada item citado.
1.
Justificativa: falta muita informação para a população sobre seus direitos basicos
2.
Justificativa: pretendo me aprofundar nessas questões que melhorem as condições do vida do cidadão
3.
Justificativa:DIREITOS HUMANOS é um campo muito vasto para ser explorado e eu não fazia idéia de tamanha magnitude
b) Que conteúdos/temas você considera essenciais para a formação de um bom conselheiro em direitos humanos? Cite pelo menos três (3).
1.
Justificativa: Aula 9 - Direitos Humanos na Constituição Brasileira de 1988

2.
Justificativa: Aula 10 - Direitos Fundamentais

3.
Justificativa: Aula 11 - Direitos Sociais, Direitos Econômicos e Direitos Políticos
c) Quais as características básicas (perfil) que você considera imprescindíveis para que uma pessoa seja conselheiro/a em direitos humanos? Cite pelo menos três (3) e justifique resumidamente cada item.
1.
Justificativa: disposição para lutar pelos direitos da população
2.
Justificativa: amor ao próximo colocando se em seu lugar para sentir as suas dificuldades para enfrentar os problemas
3.
Justificativa: desenvolver com muita criatividade idéias que possam melhorar a vida das pessoas
Passo 2
a) O que você destacaria como limites e dificuldades na implementação dos direitos humanos na subprefeitura, distrito, bairro ou comunidade (área) onde atua? Para cada item, justifique sinteticamente
1.
Justificativa: incentivo a inclusão digital nos telecentro
2.
Justificativa: distribuição de leite aos idosos



3.
Justificativa: cadastro de sem tetos visando a casa propria via cdhu etc
b) O que você destacaria de elementos positivos nas ações de implementação dos direitos humanos na área onde você atua. Cite pelo menos três (3) e justifique sinteticamente cada um deles.
1.
Justificativa: incentivo a inclusão digital nos telecentro
2.
Justificativa: distribuição de leite aos idosos



3.
Justificativa: cadastro de sem tetos visando a casa propria via cdhu etc
Desenhando um Projeto Final
1. Escolha da dificuldade a ser superada
A partir da identificação dos limites e dificuldades (problemas) da ÁREA/ UNIDADE DE TRABALHO ou LOCAL ESCOLHIDO, apontados na parte 2 desta atividade, escolha uma dificuldade (problema) para elaborar uma iniciativa que você considera necessária para a sua superação.
degradação da cidade pelos sem tetos que usam as ruas do centro como moradia sendo necessário um plano urgente para resolver essa questão.
2. Público Alvo do Projeto
população em situação de rua
3. Definição do Objetivo
Qual (is) o(s) objetivo(s) dessa iniciativa?
O que se quer mudar?
O que se pretende alcançar com a realização deste Projeto?
manter a cidade limpa e com seus moradores seguros dando aos moradores de rua opções para viver com dignidade
4. Descrição das ações
Pense em um PROJETO FINAL realista, viável e coerente com os recursos existentes.
O que vamos fazer? Como vamos fazer?
haverá moradia decente para quem quiser se proteger das intempéries além de alimentação e tb trabalho para seu sustento
5. Responsáveis
Quem são as pessoas / órgãos responsáveis por cada uma das ações?
subprefeitura da Sé
6. Análise da situação
Descreva:

* A importância da superação desta dificuldade para os direitos humanos e para a comunidade;
* Causas possíveis, origens e fatores que geraram a dificuldade selecionada;
* Informações necessárias/ coleta de dados;
* Experiências acumuladas pelos atores envolvidos.

a importãncia de superar essa dificuldade é que toranará a cidade mais saudavel,limpa e atraente para os cidadãos e preservará a saude dos moradore de rua.
As possiveis causas são a falta de interesse publico para confrontar essa situacão degradante falta de criatividade para envolver esse povo em atividades produtivas
há que se realizar um prévio levantamento junto a comunidade para elaborar um plano de sucesso pondo em pratica e desenvolvendo acões afirmativas com otimismo e justica para todos
7. Identifique possíveis parcerias para desenvolvimento de atividades conjuntas
- ONGs
8. Recursos necessários
Quais ferramentas e recursos dispomos a curto e médio prazo?
primeiro fornecer aliemtação basica,segundo um abrigo decente para proteger das intempéries , roupas limpas e cativando a amizade e confiança desse povo concientiza-los para o trabalho , saude ,educação e segurança, etc
reuniões talves ,eles estão alheios aos meios de comunicação,campanhas publicitarias tb. não..creio que deve ser desenvolvido outros métodos
9. Prazos / Tempo de realização
Descreva o tempo estimado para a implementação do projeto.
teoricamente não há como estabelecer prazos depende da resposta ao método que eles nos darão e partir dai desenvolver um plano de ataque evitando que retrocedam ao antigo meios de sobrevivencia.


Correções Avaliador
Auto avaliação Silas Correa Leite Corrigida!


Descreve o grau de intervenção no Conselho: Boa Evidência
Descreve o nível de coerência entre o público alvo, a dificuldade apontada e o objetivo geral do projeto final: Boa Evidência
Descreve o nível de coerência interna entre as ações e tarefas, os recursos necessários, responsáveis, prováveis parceiros e prazos: Boa Evidência
Descreve o nível de detalhamento de cada um dos aspectos de forma que permita a sua operacionalização na prática: Boa Evidência
Descreve o nível de aplicação do Projeto no contexto descrito: Boa Evidência
Descreve o nível de inovação embutido em cada um dos aspectos do Projeto final. Boa Evidência
Observações:


Auto avaliação Katia Luzia Pereira de Almeida Herrera Corrigida!


Descreve o grau de intervenção no Conselho: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de coerência entre o público alvo, a dificuldade apontada e o objetivo geral do projeto final: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de coerência interna entre as ações e tarefas, os recursos necessários, responsáveis, prováveis parceiros e prazos: Boa Evidência
Descreve o nível de detalhamento de cada um dos aspectos de forma que permita a sua operacionalização na prática: Boa Evidência
Descreve o nível de aplicação do Projeto no contexto descrito: Boa Evidência
Descreve o nível de inovação embutido em cada um dos aspectos do Projeto final. Boa Evidência
Observações:
Percebo que este Projeto Final foi elaborado por alguem sensível ao que acontece no dia-a-dia no centro da cidade de São Paulo e que é algo viável a acontecer, se for colocado em prática e se tiver boa vontade de todos os envolvidos.

Auto avaliação Adriano Duarte Corrigida!


Descreve o grau de intervenção no Conselho: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de coerência entre o público alvo, a dificuldade apontada e o objetivo geral do projeto final: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de coerência interna entre as ações e tarefas, os recursos necessários, responsáveis, prováveis parceiros e prazos: Boa Evidência
Descreve o nível de detalhamento de cada um dos aspectos de forma que permita a sua operacionalização na prática: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de aplicação do Projeto no contexto descrito: Muito Forte Evidência
Descreve o nível de inovação embutido em cada um dos aspectos do Projeto final. Muito Forte Evidência

quarta-feira, 19 de março de 2008

idolos sertanejos

História da dupla: Tião Carreiro e Pardinho

JOSÉ DIAS NUNES, ou TIÃO CARREIRO, nasceu em 13 de Dezembro de 1934 e faleceu em 15 de Outubro de 1993. Era um compositor invejável, e na viola era primeiro sem segundo. Não seria exagero chamar o Rei do Pagode também de o Rei da Viola ou o Rei dos Violeiros, já que foi ele quem deu à viola e à moda de viola status e sua devida importância. Ele estava para a Viola assim como Pelé está para a bola. Que o diga Almir Sater, um de seus mais fiéis pupilos. Conta-se que depois de ouvir Tião tocar, Almir por pouco não desistiu da carreira de violeiro. A viola nas mãos mágicas de Tião Carreiro parecia ganhar vida própria, pois tão bem se entendiam. Fez escola! Cantou sob os pseudônimos de Zezinho, Palmeirinha, Lenço Preto e Zé Mineiro. Fez dupla com Lenço Verde, Lenço Branco e Zé Mineiro. Lenço Verde e Coqueirinho eram a mesma pessoa, Waldomiro, um primo de Tião. Nos anos 50, conheceu Diogo Mulero, o Palmeira , que o apresentou a Teddy Vieira, e este lhe deu a oportunidade de gravar o seu 1º disco , e o batizou de Tião Carreiro. Depois de gravar com Carrerinho; fez dupla com Pardinho (que foi o parceiro que mais o completou); Paraíso e por final Praiano.

ANTÔNIO HENRIQUE DE LIMA, ou PARDINHO,nasceu em São Carlos , em 14 de agosto de1.932. Mestre no Violão, sua destreza nos solos podem ser ouvidas em seus discos gravados. Dono de um compasso incomparável, soube como ninguém dar a base perfeita para os solos de viola de Tião. Em todas as duplas que formou, fêz sempre a primeira voz. Após o rompimento da parceria com Tião, fêz dupla com Pardal e depois com João Mulato.

Tião Carreiro e Pardinho, merecidamente cogminados "Os Reis do Pagode", são inegavelmente os maiorais desse gênero musical paulista, criado por Teddy Vieira (1922/ 1965) e Lourival dos Santos, em agosto de 1960. Em 1.954 se conheceram, e, em 1.956 gravaram o 1º de uma série de 15 discos de 78 Rpm.A partir daí, nasceu a dupla de maior fenômeno da música raíz. Tornaram-se ídolos! Cantaram em circos, cinemas e teatros, e por muitas vezes se viram forçados a repetirem seus espetáculos em duas ou três sessoões. Apresentaram-se em quase todas as cidade interioranas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná. Dupla simples e amiga de todos, chegavam a se misturar à multidão admiradora, dada a sua simpatia e naturalidade. Frequentemente encontravam-se com um sorriso nos lábios. Foram Artistas exclusivos da Gravadora Chantecler. Tinham seus discos rapidamente esgotados e tudo que faziam eram pensando em proporcionar melhor qualidade artística ao seu imenso público.

O Pagode

Bem antes, no começo de tudo, pagode era sinônimo de zoada feita no fundo do quintal. Como o samba. No fundo do quintal se costumava tocar, cantar, dançar, comer e beber. Num tempo não muito longe, pagode era, pois, o mesmo que festa, festança. Das mais puras, longas e bonitas. Varavam madrugadas inteiras. A cachaça dava no meio da canela. Sem forrobodó. - "Vamo prum pagode?" - Já se sabia: Vamos a uma festa na casa de fulano de tal. Pagode também é o mesmo que templo, construção suntuosa, grande, comum em alguns países asiáticos, onde pratica-se o exercício de adoração a deuses, figuras imponentes que o imaginário popular põe acima do bem e do mal. Há pagodes na China e no Japão, por exemplo. Fora isso, pagode é verbo intransitivo direto. Diz-se: - "Vamo pogodeá?" Quer dizer, vamos farrear, foliar, vadiar, festejar qualquer coisa. O termo ou expressão pagode também pode ser empregado no sentido de zombaria ou desfeita. Fulano é um tolo, vive no pagode. Coisa de vagabundo. Porém, o PAGODE também é um gênero musical muito bonito, como o baião, o forró, o batuque, o samba ou mesmo a bossa nova.

A História do Pagode

Entre janeiro e fevereiro de 1959; o mineiro de Montes Claros Tião Carreiro (José Dias Nunes) e o paulista de Bofete Carreirinho (Adauto Ezequiel) compuseram e gravaram, no dia 3 de março desse mesmo ano, uma musica a que deram o curioso titulo de Pagode, uma espécie de recortado sem ser recortado, que é uma forma de dança (e música) bastante comum no interior de São Paulo e outras regiões do país, como Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foi aí que um compositor genial, Lourival dos Santos, chamou seu amigo Teddy Vieira a um canto prum dedo de prosa. Conversa vai, conversa vem, Tião foi chamado também para alguns esclarecimentos e troca de idéias. Logo após esse encontro, Teddy e Lourival compuseram, num novo ritmo (pagode) Pagode Em Brasília, originalmente gravado por Tião Carreiro e Pardinho há mais 34 anos. A criação desse gênero musical coincidiu com a inauguração de Brasília, o que levou seus autores a serem homenageados pelo presidente da República, Juscelino Kubitschek.

Os Criadores do Pagode

Teddy Vieira, cujo nome completo era Teddy Vieira de Azevedo, nasceu na cidade paulista de Itapetininga no dia 23 de dezembro de 1922 e morreu em 1965, no dia 16 de dezembro. Deixou cerca de 200 composições de sua autoria gravadas pelos mais destacados intérpretes da chamada música caipira. Lourival dos Santos, um paulista de Três Barras, distrito de Guaratinguetá, nasceu no dia 11 de outubro de 1917 e compôs, até agora, algo em torno de 1.300 músicas. Entre seus vários parceiros. destacam-se o próprio Teddy, Sulino, Raul Torres, Piraci, Jacó, Serrinha., Téo Azevedo, Jorge Paulo e, naturalmente, Tião Carreiro. - "Muita gente me pergunta como foi que aprendi a tocar viola. Praticamente aprendi sozinho, nunca tive um professor. No ano de 1950 eu tinha apenas 13 anos e cantava no Circo Giglio. O nome da dupla que eu formava era Palmeirinha e Coqueirinho e o proprietário do circo me disse que a dupla de violeiros tinha que tocar viola e, na época, eu tocava violão. No mesmo ano veio cantar neste circo a dupla "Coração do Brasil" Tonico e Tinoco, na cidade de Araçatuba, em São Paulo. Durante o tempo em que eles estavam no hotel, Tinoco deixou a viola no circo e eu decorei a afinação escondido. Logo em seguida, ganhei uma violinha de presente, que foi pintada pelo Romeu, pintor lá de Araçatuba. A partir dai, me inspirei num dos maiores violeiros da época, Florêncio, da dupla Torres e Florêncio, infelizmente já falecidos, è hoje tenho a felicidade de ter a viola vermelha que pertenceu a ele .

Aproveito a oportunidade para agradecer a meu grande amigo Moreno, da dupla Moreno e Moreninho, que me cedeu a viola. Fiz uma grande homenagem, compondo juntamente com Jesus Belmiro uma moda com o título de "Viola Vermelha ". A minha homenagem a todos que abraçam e tratam a viola com carinho. Vou citar alguns nomes, como Almir Sater, Renato de Andrade, Zé do Rancho, Tião do Carro, Bambico, Airtom Vieira, Roberto Correia, Divino, Ronaldo da Viola, Goiano, maestro Oscar Safuan, Itapuã e Moreno. O sertanejo representa tudo para mim, porque eu vivo da música sertaneja, admirada por este povo. Além disso, eu praticamente vim da roça, comecei ainda pequeno, com uns 8 anos, a cuidar do arado e tocar violão. Gosto muito do homem do campo pela sua sinceridade, sua pureza, sua humildade. Isso faz com que eu o admire e respeite."




José Dias Nunes, o Tião Carreiro , Montes Claros, MG, 1934.
Antônio Henrique de Lima, o Pardinho, São Carlos, SP, 1932.

Entre as novas duplas surgidas a partir da década de 50, Tião Carreiro e Pardinho São importantes a ponto de Nonô Basílio, caipira compositor e que trabalhou em diversas gravadoras, colocá-los em 1976 no primeiro lugar de sua lista de campeões de vendagem de discos, seguidos por Leo Canhoto e Robertinho e Lourenço e Lorival. quando se formou, em 1956, a dupla já acumulava extensos currículos individuais. Tião Carreiro, com o nome de Zezinho, fizera dupla com lenço verde ; foi também o Palmeirinha, em dupla com coqueirinho ; depois mudou Zé , para fazer dupla com Tietezinho e por fim substituiu Zé carreiro, adotando definitivamente o pseudônimo de Tião Carreiro. Pardinho começara cantando com Miranda, depois fizera dupla com Zé carreiro, vencendo o torneiro de violeiros realizado em 1956 pela rádio tupi de São Paulo. lá foram convidados por Teddy vieira para gravar na columbia (atual Cs). em seguida Zé carreiro resolveu reviver a dupla com Carreirinho , e Pardinho topou o convite para cantar com Tião Carreiro. seu primeiro sucesso foi cavaleiro do bom Jesus ( João Alves-nhô Silva- Teddy Vieira). passando para a chantecler, a dupla gravou numerosos lps, e entre seu repertório se destaca a beleza só ponteio, biografia de Tião Carreiro, letra do capitão furtado e música do próprio Tião . em 1970 a dupla atuou como intérprete principal do filme sertão em festa, dirigido por Osvaldo de oliveira . seu maior sucesso avulso é rio de lágrimas ( também conhecido como rio de Piracicaba ) , de Piraci- Lorival dos santos- Tião Carreiro ). e o lp de maior vendagem intitula-se levanta, patrão . Paulatinamente, a industria da produção musical caipira passou a trazer seus efeitos. em primeiro lugar , em contato com o mercado fonográfico, começou a abrir-se a novas influências, provenientes do meio rural de outros países. ("o rural é rural - diria um compositor caipira - no brasil, nos estados unidos ou na china") . veio a guarânis paraguaia, o boleiro, a influência mexicana pelas canções de Miguel Aceves Majias, e a do meio-oeste americano. o cantor Bob Nelson fez muito sucesso apresentando-se como cowboy e vertendo para o caipira a musica rural dos estados unidos.

Dessa forma, embora permanecessem os ritmos caipira - a moda - de viola, o cateretê, o cururu, a cana-verde, a moda campeira e o arrasta-pé -, o gênero estendeu-se muito mais, até incluir degenerações urbanas - como o iê-iê-iê .

Outra conseqüência da industrialização da música caipira foi a constatação de que seu público era muito pouco sensível a modismos passageiros. os discos do gênero, ao invés de apresentarem uma aguda de vendagem, atingindo o ápice para depois descer para o completo esquecimento, mantêm-se firmes por anos ou décadas, o que. Aliás, demostra sua radição cultural muito mais sólida . Por exemplo, Jorginho do sertão e azul cor de anil ( gravada em 1929). Boi amarelinho, em vez de me agradecer (estréia em disco de Tonico e Tinoco) e muitas outras produções da década de 30, continuam sendo editadas, com vendagem segura e firme. e não se trata de casos esparsos: Tião Carreiro e Pardinho gravaram quase trinta lps, e todos eles ainda sustentam vendagem e continuam em catálogo .

Essa circunstância não atenuou o preconceito das emissoras de rádio, das gravadoras e da TV contra a música caipira. muito ao contrário, logo a manutenção do preconceito se mostraria bastante lucrativa: os artistas caipiras, segredos do restante da música popular, podiam receber menos, garantir a baixo preço boas audiências em horários "infelizes", apresentar-se de graça, em busca de promoção . Empresários ligados a gravadoras continuaram o caminho de Cornélio Pires, mas, levados apenas pelo faro comercial, não arriscariam, preferindo transferir toda a possibilidade do prejuízo para seus contratados, e assumindo apenas os lucros .

Assim é que promovem caravanas, mas não levam os discos. Levam apenas os artistas que desejam se promover, pagos em comida e alojamento, só depois que estes conseguem prestígio é que promovem a gravação. dessa maneira conseguem shows baratíssimos, para depois editar discos com vendagem já assegurada . E os que cinqüenta anos de fonografia caipira tiveram, em resumo, estas conseqüência, segundo o sociólogo Valdenir "batatais" caldas : · A rápida proliferação das dupla era uma nítida demonstração de que o sucesso discófilo do gênero sertanejo estava assegurado . qualquer investimento nessa modalidade musical significava rentabilidade garantida . e nisso os empresário nunca titubearam. o resultado foi o progressivo crescimento da música "sertaneja" "novo estilo musical" e conseqüente perda de autonomia de seu compositores e cantores, que passavam a produzir não aquilo que sabiam e queriam mas o que lhe era determinado por elementos especializados em mercadologia por elementos "especializados" em detestar o gosto popular .

Nasce dessa forma, a canção sertaneja de caráter comercial, caráter esse que domina sua existência já desde tenra idade até os dias de hoje . "o meu boi morreu, que será de mim ? " Criou-se a carreira artística de músico caipira, de compositor do interior. e essa carreira precisava ser vivida nas cidades, juntos às gravadoras. Assim, enquanto a industrialização, na região sudeste, deslocava massas agrárias para as periferias das grandes cidades - onde suas formas culturais , arrancadas da origem, permaneceriam como marginais - , também o artista caipira devia deslocar-se de sua base cultural de inspiração para a cerveja das grandes cidades . · me dá uma cerveja .

Um bar no largo do paissandu, no centro da capital paulistana, é o ponto de encontro dos caipiras em São Paulo. mais do que por qualquer injunção da indústria fonográfica , seu sucesso depende de abandonarem as raízes .

Tião Carreiro e Pardinho , outra vez juntos.



Procurar novos caminhos, novas companhias, pode custar o que se fez por toda uma vida. ou melhor, duas vidas. dura lição, se dúvida, mas foi preciso aprendê-la por ousar duvidar. uma das mais tradicionais dupla da música regional brasileira se desfez por alguns caprichos. Uma carreira de quase 50 discos - todos ainda em catálogo - estremeceu. Deu tempo de voltar atrás. o custo: alguns anos atrasos e de sinceras maledicências que não se tornaram públicas . mas tudo voltou a ser como antes . Tião Carreiro e Pardinho São personagens . O público que compra os discos, que vai aos circos, que faz a fama, não aceitou a separação proposta (exigida?) por uma empresário ávido para fazer Pardinho sair um pouco da sombra de Tião Carreiro acabava impondo. foi há cinco anos. a razão? Tião Carreiro crio o pagode. Um termo que significa dança no interior de São Paulo e no brasil central. um ritmo alegre, quente, rápido ,que nasceu na década de 50 "cruzando a viola ". "eu sabia disso desde o começo. quase 30 anos de carreira, centenas de gravações fazem a gente saber o que vai acontecer. foi inevitável .

O público não quis saber das novas duplas que formamos. Vendíamos centenas de milhares de cópias de cada discos, de repente, juntando tudo o que fizemos em cinco anos, não deu cem mil. voltamos atrás, ainda bem ." sóbrio, até demais, Tião Carreiro é quem sempre fala. Pardinho, o pequeno Pardinho, quase escolhido num canto, só concorda, faz acenos de cabeça, discretos. ele é quem mais sentiu a separação. Tião Carreiro conseguiu, por força de seu nome, gravar alguns discos como solista de viola, que teve inúmeros seguidores, dos quais se orgulha . mas fazia falta aquela voz pequena, inconfundível, de Pardinho .

No final do ano passado, o retorno foi possível. já estava decidido há bom tempo, mas os vínculos com a gravadora de Pardinho impediram que tudo fosse decidido antes. eles não dizem abertamente , mas os pagodes que fizeram nesse tempo da separação não eram tão alegres como os anteriores. agora, na volta, uma promessa solene: "continuar na mesma linha de antes, onde não há só toadas, sem sofisticação, bem de raízes, sem apelação ."apelação, aliás, é uma palavra odiada por Tião Carreiro. Pardinho concorda com a cabeça . fazer o novo disco - e os próximos - como os anteriores, não é parar no tempo? pensar que tudo é como em Araçatuba dos tempos de Palmeirinha e coqueirinho? até hoje a mulher de Tião o chama de Palmeirinha, o segundo nome artístico que ele teve. o real? não importa. "não é nada nisso. não paramos nos tempos. Talvez, ao contrário, estivéssemos adiante. as letras das músicas, quase sempre o Lorival dos santos, um mito da música sertaneja, é quem faz. e não adianta passar prá frente uma música quente se não há uma letra que corresponda a ela. se a música está ligada às raízes, também a letra deve vir das condições do povo". se a parada ajudou os dois a perceberem a importância que um tinha para o outro e reconsiderar as razões dos sucessos que fizeram a fama - juntam-se aí, entre tantos, "rio de lágrimas", "pagode em Brasília", "alma do boêmio", "hoje eu não posso ir" - o novo disco que marcou i reencontro provou as teses, pelo menos eles garantem . e, dessa forma, além dos pagodes, "navalha na carne" traz alguns cururus, balanços e toadas. "um momento lembra Tião. tem também um tango. estranho? no começo nós fomos marcados por isso. foi para lembrar os anos 30 que se passaram. uma experiência - eu não disse que haveria pequenas mudanças - que vale apenas para este disco. com o tempo nós descobrimos que tangos, boleros e guarânias dão dinheiro para as gravadoras, não para nós. ninguém vai em circo para ouvir música lenta, triste. vai ao circo é para cair no pagode. e aí é que ganhamos" .

Lorival dos santos ficou quieto algum tempo, só ouvindo. mas aí começa a falar, do modo cantado como se recitasse uma poesia que Tião vai musicar. "ele tem razão. suas convicções São firmes. ele acredita no que faz. Na sua música, na minha letra, na primeira voz do Pardinho. que sorte eu tenho em ter o Tião Carreiro prá cantar meus versos .
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idolos sertanejos

Três Grandes Botucatuenses: Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha


Para saber mais...


Página Índice dos Compositores e Intérpretes


Ouvir Música Caipira





Continuando a "viagem" pelo "Maravilhoso Mundão Velho Sem Porteiras" da Música Caipira Raiz, não poderei jamais deixar de "abrir um parêntese" para falar um pouquinho sobre uma Cidade que já ocupou 25% da área territorial do Estado de São Paulo, que foi um dos principais pontos de parada dos tropeiros e que "nos deu três filhos ilustres" na nossa Boa Música Brasileira.

À esquerda, a Catedral de Botucatu-SP, em estilo Gótico, foto essa que foi uma cortesia do Site Oficial da Cidade, o qual também convido o Apreciador a fazer uma visita. Em 17/03/2003, tive o prazer de conhecer um pouquinho da "Cidade dos Bons Ares" (Catu = Bom; Ybytu = Vento - de acordo com o "Vocabulário Tupi-Guarani - Português" do Professor Silveira Bueno) , situada numa altitude média de 804 metros do Nível do Mar, na Região Centro-Sul do Estado de São Paulo, e que tem esse nome, pois os Índios, nossos Habitantes Nativos, já sabiam dessa característica climática do lugar, antes mesmo dos nossos "Antepassados Portugueses" aportarem as Caravelas nessa "Nossa Terra Descoberta por Cabral"...

Além dos "Bons Ares", também é a "Cidade das Boas Escolas", já que, com seu sistema de Ensino reconhecido internacionalmente, atrai estudantes de todo o Brasil e até mesmo do exterior para os cursos de Graduação e Pós-Graduação da UNESP, entre outras boas Entidades de Ensino.

A Cidade dos Bons Ares foi o berço de três grandes Compositores Brasileiros:

Angelino de Oliveira
(17/06/1889 - 24/04/1964)
(compositor de "Tristezas do Jeca", "Moda de Botucatu" e "Incruziada", entre outras)


Raul Torres
(11/07/1906 - 13/07/1970)
(compositor de "Chico Mulato", "Cabocla Tereza", "Moda da Mula Preta", "Mestre Carreiro" e da letra de "Saudade de Matão", entre outras)


Antenor Serra, o Serrinha
(26/06/1917 - 19/08/1978)
(compositor de "Chitãozinho e Xororó", "Bom Jesus de Pirapora" e "Do Mundo Nada Se Leva", entre outras).


É certo que Angelino de Oliveira não nasceu em Botucatu. Ele nasceu em Itaporanga-SP. Mas mudou-se com a família para Botucatu com seis anos de idade e o amor que ele tinha por esse lugar realmente fazia com que ele considerasse a "Cidade dos Bons Ares" como "sua Terra Natal", já que, mesmo após um cargo bem sucedido em Ribeirão Preto-SP, ele "largou tudo", pegou o trem, e retornou com a esposa e os filhos para Botucatu-SP, cidade que ele não conseguiu deixar por um só instante!!

Raul Torres e Serrinha, por outro lado, nasceram na Cidade dos Bons Ares, sendo que Serrinha era sobrinho de Raul. Foi inclusive com Serrinha que Raul Torres formou a dupla, antes de cantar com Florêncio.

Antes de falar sobre os Três Filhos Ilustres da Cidade dos Bons Ares, quero dar um destaque especial ao Museu do Boiadeiro Moacir Fabiano, o qual, juntamente com minha Esposa, tive o prazer de visitar no mesmo dia 17/03/2003, ocasião na qual "entabulei uma conversa" bastante agradável com o proprietário do Museu que é o Sr. Moacir de Campos que, já tendo sido Boiadeiro, já tendo conduzido as Boiadas por este imenso Brasil, reuniu uma coleção de cerca de 1500 peças que nos fazem "viajar no espaço e no tempo" e (por que não?) gostar ainda mais da Nossa Música Caipira Raiz!!!

O Museu do Boiadeiro foi inaugurado em 29/04/2000 e fica na Praça José de Souza Nogueira Nº. 140 - Fone: (14)3813-8245 - no Distrito de Rubião Júnior - no lado esquerdo da Rodovia Marechal Rondon, para quem chega da Capital Paulista; o centro de Botucatu, por outro lado, se localiza no lado oposto da estrada. A própria instalação bem simples do museu já nos põe em contato com a simplicidade do Boiadeiro, do Homem do Campo! Não há "formalidades" e o próprio dono do Museu é o nosso Cicerone explicando-nos a sua História!

O Sr. Moacir de Campos ("Fabiano" é um apelido carinhoso que ele tinha desde o tempo de Boiadeiro - na verdade era o nome de seu Avô!) nos contou algumas Histórias muito interessantes da Vida dos Tropeiros e também nos deu ótimas explicações sobre cada objeto exposto, além de diversas fotos nas quais ele estava presente com diversos Compositores e Intérpretes famosíssimos de nossa Música Raiz!!

A letra da música "Mágoa de Boiadeiro" (Índio Vago - Nonô Basílio), embora já a conhecesse em excelentes interpretações ( Pedro Bento e Zé da Estrada e também Sérgio Reis, dentre outros), possui agora para mim um significado ainda mais profundo, depois da visita que fiz ao Museu do Boiadeiro e da conversa com Moacir Fabiano: o compositor Índio Vago também foi companheiro do Sr. Moacir como mostra a foto à esquerda, tirada em 29/10/1956, com Sr. Moacir à esquerda e Índio Vago à direita. O local é a Cachoeira de Emas, junto à barranca do Rio Mogi-Guaçu, a cerca de 9 Km de Pirassununga-SP.


Clique aqui, veja a letra e ouça uma gravação de "Mágoa de Boiadeiro" (Índio Vago - Nonô Basílio) interpretada pela dupla "Ouro e Pinguinho" numa gravação em vinil fora de catálogo.


Clique aqui e veja mais um pouquinho do acervo do Museu do Boiadeiro Moacir Fabiano.


Clique aqui e não deixe de ver também a visita que Paulo Roberto Moura Castro e Ramiro Vióla fizeram algum tempo depois ao Museu do Boiadeiro Moacir Fabiano, com bastante riqueza de detalhes, destacando inclusive o Carro de Boi.


Deixo aqui portanto a recomendação: indo a Botucatu-SP, não deixe de visitar o Museu do Boiadeiro Moacir Fabiano. Vale a pena! Agende a visita com o Sr. Moacir pelo telefone (14) 3813-8245.


Clique aqui e veja também alguns belíssimos cartões postais da cidade de Botucatu-SP.



E agora, vamos falar um pouquinho sobre esses "Três Grandes Compositores Botucatuenses":




ANGELINO DE OLIVEIRA



"Cumprimentar e saudar o autor de "Tristezas do Jeca", música que nossa gente consagrou como sua música pelo resto dos tempos, é sempre um prazer grande e honroso. Esse prazer se torna muito maior e muito mais significativo neste momento, quando nos cabe a honra de comunicar ao grande compositor paulista, que mais uma vez sua inspiração e seu talento merecem do povo de sua terra mais uma forma expressiva de aplauso e consagração. É que depois de demorada e minuciosa investigação, que abrangeu os mais variados setores da opinião pública, a Organização Victor Costa veio a escolher essa linda melodia para prefixo musical de suas emissoras de rádio e televisão. Assim, dentro de poucos dias, antes de todos os programas da Rádio Nacional de São Paulo, da Rádio Excelsior de São Paulo, da Rádio Clube de Santos e da TV Paulista Canal 5, estará no ar a assinatura musical em questão, em arranjo delicado e bonito. Essa presença de "Tristezas do Jeca" nos céus do Brasil será uma homenagem permanente ao artista privilegiado que criou um momento de rara beleza, hoje transformado por todos na página musical mais representativa de São Paulo e dos Paulistas. Será a invocação constante e merecida de um artista que soube transmitir com sensibilidade e poesia toda a ternura que sentia por sua terra e sua gente."

Publicada na Folha de Botucatu em 11/11/1959, e também nas páginas 37 e 38 do livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire (ver Referências Bibliográficas na página Para Saber Mais... desse site), a citação acima foi uma carta que Angelino de Oliveira recebeu das Organizações Victor Costa de Rádio e TV de São Paulo e do Rio de Janeiro. A Folha de Botucatu só publicou a carta depois de muita insistência do Delegado Agnelo Audi e do reporter Jayme Contessote que convenceram Angelino a mostrar publicamente a referida carta!

Conforme já foi mencionado, o compositor da célebre "Tristezas do Jeca" nasceu em Itaporanga, mas, com certeza, foi "Botucatuense de Coração", já que, aos seis anos, ele se mudou juntamente com seus pais para a Cidade dos Bons Ares.

Após concluir o Curso de Odontologia e ter sido bem sucedido como Escrivão de Polícia em Ribeirão Preto-SP, "a saudade apertou" e ele retornou com a Esposa e os Filhos para Botucatu, seu "Pedacinho de Chão"! Corajosamente ele largou um emprego estável para se aventurar!

Em Botucatu foi proprietário da loja "A Musical" que vendia instrumentos musicais, partituras e demais acessórios. Foi também Diretor Artístico da Rádio Municipalista de Botucatu. Estudou Violão, Violino e Trombone (tendo integrado a Banda de Música São Benedito em Botucatu), mas seu instrumento predileto foi o Violão, o qual Angelino também tocou em Duo com o Guitarrista José Maria Peres (o Duo "Vi-Gui" que queria dizer "Violão e Guitarra") e, posteriormente esse Duo se transformou no Trio "Vi-Gui-Pi" já que Luiz Cardoso, ex-Padre e pianista passou a integrar o conjunto.

Angelino conheceu José Maria Peres no distrito de Capão Bonito (hoje, Rubião Júnior, onde fica o Museu do Boiadeiro Moacir Fabiano, mencionado nessa página) em 1908 numa festa em louvor a Santo Antônio na Igreja em forma de Castelo no alto do morro (na foto à direita, a qual foi uma cortesia do Site Oficial de Botucatu, o qual convido o Apreciador a fazer uma visita). José Maria Peres, filho de espanhóis, e nascido em São Manuel e dois anos mais novo, foi o parceiro que teve mais afinidade musical com Angelino e juntos os dois tocaram por quase 60 anos! Apesar do sobrenome Peres, sua origem espanhola e o fato dele ser de São Manuel, não encontrei até o momento nenhuma evidência que pudesse confirmar ou não o parentesco do parceiro de Angelino de Oliveira com a família de Tonico e Tinoco, também Pérez e de origem espanhola.

A mais célebre composição de Angelino, conforme já foi mencionado, foi a toada "Tristezas do Jeca", o verdadeiro "Hino do Caipira", a qual foi composta em 1918, editada 1922 e gravada pela primeira vez, só que na forma instrumental, em 1925. A primeira gravação cantada foi em 1926 na voz de Patrício Teixeira. Mas a primeira gravação que realmente tornou célebre "Tristezas do Jeca" ficou a cargo do cantor Paraguassu (Roque Ricciardi 25/05/1894 - 05/01/1976) em 1937 (gravação Colúmbia - Matriz 3431).

Para nossa Felicidade, a Revivendo Músicas reeditou em CD (RVCD-056) essa histórica gravação que é a décima faixa do CD (ver Referências Discográficas na página Para Saber Mais...).

"Tristezas do Jeca" também foi gravada por gente de renome como Tonico e Tinoco, Inezita Barroso, Pena Branca e Xavantinho, Sérgio Reis, Passoca, Zico e Zeca, Irmãs Galvão e muitos outros! Esta composição atravessou fronteiras e serviu muitas vezes como fundo musical ao se falar sobre o Brasil no exterior. Mazzaroppi também empregou "Tristezas do Jeca" no filme homônimo em 1961, ocasião na qual chegou a ter uma pequena desavença com Angelino quanto aos direitos autorais, mas que foi rapidamente resolvida num encontro entre Mazzaropi e Angelino de Oliveira.

Também foi "um espetáculo inesquecível" a estréia da toada "Tristezas do Jeca", a qual se deu no Clube 24 de Maio em Botucatu em 1918. Marília Banducci e Aurélia Gouveia cantaram a belíssima melodia acompanhadas pelo próprio Angelino no Violão. Após um "curto silêncio" que sucedeu o último acorde, iniciou-se um aplauso que, de início tímido, prolongou-se, seguido então de pedidos de bis e, segundo depoimentos, a música foi "bisada" cinco vezes naquela noite!! E, ao que consta, parece que Ariowaldo Pires, o Capitão Furtado, que na época contava 11 anos de idade, presenciou esse momento maravilhoso da nossa Boa Música Brasileira, pois seu pai era zelador do Clube 24 de Maio em Botucatu.

Curiosamente, "Tristezas do Jeca" não era a preferida de Angelino de Oliveira! Ele mesmo se espantava com o sucesso de sua composição. Inclusive ele às vezes se esquecia de parte da letra quando as pessoas insistiam para que ele tocasse "a tarzinha"..., principalmente no Colosso, que era o bar preferido onde Angelino gostava de seus encontros musicais com os diversos amigos, tendo sempre presente o José Maria Peres. "Tristezas do Jeca" chegou a ser utilizada como prefixo pela BBC de Londres quando a mesma iniciava suas transmissões para o Brasil.

O sucesso de "Tristezas do Jeca" em interpretações consagradas como as de Tonico e Tinoco e Inezita Barroso nos faz "classificar" Angelino de Oliveira como um compositor de Música Caipira, o que não é verdade, em seu todo, já que Angelino também compôs muitas serestas e canções.

Quanto à Música Caipira, na época, o "progresso" da mesma já intrigava Angelino de Oliveira que implicava com os rumos que ela vinha tomando, principalmente quando se tratava dos "Dramas Sertanejos" que já faziam sucesso. Dizia Angelino:

"Gozada a moda desses caipiras, só fala em desgraça. O pequenininho tá chorando, a mãe vem e derrama um caldeirão de água quente na criança, aí o marido chega em casa, mata tudo e depois se suicida... é desgraça multiplicada por dez! Ah, larga a mão, parece que a música prá ser boa tem que ter desgraça dobrada!?"

Tudo isso, antes do início da década de 60!!

Para quem não conhecia Angelino, ele dava a impressão de ser bravo e mal-humorado. Sempre com a "cara séria", óculos de lentes grossas ("fundo de garrafa") e realmente não ria muito. Mas, para os amigos, era muito diferente... "fala mansa", humor fino, irônico... E, quem gostava de Angelino era o proprietário do Colosso! No auge da empolgação, sempre punha mais uma cerveja na mesa de Angelino e seus amigos! Também pudera, Angelino tornava interessante, alegre, movimentado e atraía mais clientela para o seu bar preferido! Aliás o autor de "Tristezas do Jeca" era realmente uma celebridade em Botucatu e sempre dava prestígio aos locais que freqüentava.

Também tinha a "fama de boêmio", mas... o que seria um boêmio? Para Angelino, ser boêmio não era necessariamente estar bêbado (e ele "sabia beber", sem dar vexame! Uma cerveja, ou uma boa pinguinha, "era com ele mesmo..."), mas sim, amar a noite e a boa música, fosse na mesa do bar, na própria casa, ou até mesmo na beira de um rio! Zezinho do Nascimento dizia que "o boêmio não está obrigado a nada porque ele também nada pediu. Faz aquilo que bem quer (...) alguém põe um copo de vinho; se ele quiser, bebe; senão, como não está obrigado a nada, ele não bebe. Pode até ficar bêbado, acontece, mas aí já é outra história..." (citado nas páginas 29 e 30 do livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire).

E, dessa forma, com os filhos crescidos e encaminhados, Angelino se mantinha com o que ganhava de Direitos Autorais, vivia modestamente, no entanto, vivia do jeito que gostava de viver; morava na Capital Paulista, mas sempre ia passar alguns dias (que não eram poucos!!) na Cidade dos Bons Ares, ao lado dos grandes amigos e sempre dedicado à sua Arte Musical. Novas composições afloravam praticamente "a qualquer hora e em qualquer lugar".

Também teve suas desavenças com o Dr. Aleixo, que sendo descendente de Italiano, brigava muito com Angelino que "não comia nem dormia direito" e "queria porque queria que ele parasse de beber"!. Gastão dal Farra, Desenhista e Professor Secundário, e também um dos grandes amigos dos encontros musicais na mesa do Colosso, por sua vez, "comprava a briga" com o médico: "... você não pode fazer isso com o paciente! Assim você mata ele antes do final da consulta..."

Dr. Aleixo, de sangue italiano "que fervia" não era homem de meia palavra; o que tinha de dizer, dizia mesmo, na hora, doesse a quem doesse! Taxativo dizia que se Angelino continuasse a levar aquele tipo de vida não duraria muito... Lógico que Angelino não obedeceu o Dr. Aleixo! E "a briga foi feia"...

Angelino parecia não ligar para as coisas mundanas, vivendo intimamente "com suas próprias leis". Acendia seu cigarro, "esquecia de comer", bebia uma pinguinha... para desespero cada vez maior do Dr. Aleixo com seu "orgulho ferido"...

Era incrível como a música fluía naqueles encontros, sendo que não existia ali um único músico profissional. Tinha professor, gerente de banco, médico, desenhista e diversos aposentados. Moravam todos na Cidade dos Bons Ares, exceto o Zé Maria Peres, que morava em São Manuel, há cerca de 22 quilômetros dali. Além de José Maria, Gastão Dal Farra, Jurandir Trench, Zezinho e Zorico Nascimento (dupla que chegou a apresentar o programa de auditório "A Alma do Sertão" na Rádio Emissora de Botucatu), Toninho Ramos, Reinaldo Piozzi, Trajano Pupo, Roberto Policaro, Otacílio Paganini, La Corte, Aleixo Del Manto (o "médico briguento") e outros mais...

Maria Lúcia, filha de Gastão Dal Farra, também gostava bastante da música que Angelino compunha, tocava e cantava, muitas vezes na própria casa onde ela morava. Um dia ela manifestou a Angelino a sua preocupação: "... um dia, cê vai embora, e como é que vai ser? Todas essas músicas...". Mas Angelino não se preocupava com isso, dizia viver das coisas que "aconteciam no momento"... E dizia que tinha o Gastão, o Trajano, o Aleixo...

Desnecessário dizer que muita coisa linda se perdeu!! Conhecemos realmente "mui pouco, mas mui pouco mesmo" da grande obra musical de Angelino de Oliveira. Um pouquinho daquelas maravilhas musicais até chegou a ser gravado, no entanto, os antigos gravadores eram realmente bastante precários e as fitas hoje são praticamente inaudíveis. Muito da produção de Angelino está apenas na memória de alguns amigos, como por exemplo, a própria Maria Lúcia. As músicas instrumentais, então, praticamente todas se perderam, já que com o falecimento do leal amigo José Maria Peres, não existia mais ninguém que as soubesse tocar, já que também não foram escritas em partituras...

Maria Lúcia Dal Farra, por outro lado, tem uma brilhante participação no album duplo que Ramiro Vióla e Pardini lançaram em Maio de 2002, intitulado “Angelino de Oliveira - Arquivo”, projeto esse que era um antigo sonho do Deputado Dr. Braz Nogueira, que era, por sinal, grande amigo de Angelino de Oliveira.

Os dois CD's desse álbum duplo contam com a colaboração artística de diversas pessoas, dentre elas, Rivaldo Corulli (produtor do excelente programa "Viola Minha Viola" na TV Cultura de São Paulo-SP), Oliveira Neto e o Deputado Dr. Braz Nogueira, além da própria Maria Lúcia que, voluntariamente, abraçaram essa idéia para resgatar as obras desse excelente compositor que lamentavelmente só é conhecido pelo seu maior sucesso que foi “Tristezas do Jeca”!

Com uma excelente coletânea de músicas de Angelino de Oliveira, este CD está sendo distribuído gratuitamente em todas as Escolas de Botucatu-SP. A tiragem foi de 1000 exemplares.

Ramiro Vióla e Pardini têm também um "Livro de Registro de Recebimento" onde aqueles que recebem deixam registrada a sua emoção. Posteriormente esse livro será colocado no Museu Angelino de Oliveira na cidade de Botucatu-SP, juntamente com o depoimento de cada contemplado para que as futuras gerações pesquisem e conheçam as suas Raízes e nossas histórias Caipiras e culturais!

A saúde de Angelino realmente não estava nada boa e, com 75 anos incompletos, foi internado algumas vezes em Botucatu, acabou por ser internado em São Paulo. Aos amigos que o visitavam, ele dizia estar vendo "...a rua reta de Itaporanga, lá que eu nasci... reta, larga, tá vendo?..."

Em 24/04/1964, o último suspiro... Seu corpo foi transladado para o Cemitério Portal das Cruzes em sua tão querida Botucatu, cidade que, apesar de não ter sido sua Terra Natal, foi amada por Angelino como sendo seu "verdadeiro pedaço de chão querido".

"Angelino de Oliveira: Ele foi o cantor de nossa terra e de nossa gente"

Foi a inscrição deixada no busto construído em sua homenagem na Praça do Bosque na Cidade dos Bons Ares.



RAUL TORRES



"Conheci Raul Torres nos tempos de criança quando ele, assim como meu pai, trabalhava na Estrada de Ferro Sorocabana. Por mais de uma vez, ele foi meu presente de aniversário, indo tocar e cantar lá em casa, nas festinhas infantis, como se estivesse num grande palco! O que é bem próprio dos verdadeiros artistas. Foi uma admiração total por ele enquanto viveu, culminando com a felicidade de ter gravado um desafio com tão importante figura, quando eu iniciava minha vida profissional. Às vésperas de sua morte, recebi dele uma fita com uma canção que eu deveria defender num dos Festivais de Música Sertaneja. Não é preciso dizer da minha emoção. Essa canção permanece inédita, pois nos preparativos do Festival aconteceu sua morte."

Citado na página 55 do livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire (ver Referências Bibliográficas na página Para Saber Mais... nesse site), temos um depoimento de nossa grande e respeitadíssima cantora e pesquisadora de Folclore Inezita Barroso que teve o prazer de conhecer ainda criança Raul Montes Torres.

Compositor de inúmeros grandes sucessos na Música Caipira Raiz ("Moda da Mula Preta", "Cabocla Tereza", "Pingo D' Água", "Chico Mulato", além da letra de "Saudade de Matão" cuja autoria da melodia á atribuída a Jorge Galatti e Antenógenes Silva, como veremos adiante nessa biografia) foi também pioneiro do Rádio Brasileiro. Esse filho de Espanhóis (que haviam chegado em Botucatu em 1898) também foi "Cocheiro Oficial" no Jardim da Luz na Paulicéia Desvairada, para onde havia mudado em 1920, quando contava 14 anos de idade. Na Estrada de Ferro Sorocabana trabalhou como Lenheiro. Foi aliás com esse emprego na Sorocabana que Raul Torres incentivou e conseguiu a transferência do seu sobrinho Antenor Serra - o Serrinha - de Botucatu para a Capital Paulista, pois Raul sabia do potencial musical do sobrinho.

Raul Torres integrou também alguns grupos musicais tais como "Turunas Paulistas", "Batutas Paulistanos", "Chorões Sertanejos" e "Bando dos Baitacas".

Conforme já mencionado na página dedicada a João Pacífico, após uma "receptividade inicial bastante negativa" da embolada "Seu João Nogueira" (Raul Torres havia recomendado que João a "jogasse no lixo"...) em 1935, foi quando Raul (na foto à direita com João Pacífico) leu com mais atenção a letra e viu o verdadeiro valor que possuía: nascia aí uma das mais produtivas parcerias em nossa Boa Música Brasileira: Raul Torres e João Pacífico. Também foi "Marca Registrada" dos dois parceiros a criação do gênero "Toada Histórica", o famoso "falar e cantar" que imortalizou "Chico Mulato" e "Cabocla Tereza", músicas essas que enfrentaram dificuldades técnicas no início, pois, como as músicas duravam mais de 3 minutos, não caberiam jamais em apenas um lado do disco. Após uma estudada e experimentada "maior aproximação entre os sulcos" do disco, finalmente foi gravada e os discos de "Chico Mulato" foram tocados nas rádios, alcançado estrondoso sucesso. Daí para "Cabocla Tereza", foi "um pulo", pois o diretor da gravadora passou a querer "mais daquelas de falar e cantar"...

O primeiro casamento de Raul Torres se deu em 1939 com Assunção Fernandes, no ano seguinte à histórica primeira gravação (na interpretação de Serrinha e Mariano) de "Saudade de Matão". Aliás, não podemos nos esquecer da polêmica gerada sobre essa célebre a Valsa Sertaneja:

Na Estação Ferroviária na cidade de Bebedouro-SP, Raul Torres viu um homem paraplégico que, sentado em sua cadeira de rodas, tocava seu violão. Raul ficou encantadíssimo com a melodia que fluía e não resistiu: pegou também o seu violão e pediu para que o homem lhe ensinasse a música. Raul perguntava, mas o homem não sabia nem o nome da música nem o nome do(s) compositor(es).

Após repetir várias vezes e memorizar a melodia, Raul Torres agradeceu ao homem e foi embora. Durante vários dias ficou sempre repetindo a melodia recém-aprendida, inclusive já em São Paulo. A melodia "parecia que perseguia Raul" em todos os lugares. Mas, nada de encontrar quem a conhecesse.

Algumas palavras "vieram à sua mente, seguidas de emoção"...

"Neste mundo eu choro a dor
Por uma paixão sem fim..."

E a letra que, por sinal, casava-se perfeitamente com a música já existente, estava composta! Era enorme a vontade de gravá-la, mas, cadê o(s) compositor(es)? E o nome da música?

Deixemos que o próprio Raul nos conte o que se passou (de acordo com o que nos diz Paulo Freire na página 75 do livro "Eu Nasci Naquela Serra"):

"Tratei de investigar quem era o autor da melodia (...) Na "Hora da Saudade", pelo microfone da Difusora, foi anunciado por muitos dias e até instituiram um prêmio para o autor desta valsa, caso se apresentasse com provas suficientes. O resultado foi nulo. Diante disso tudo, eu disse cá comigo: Vou em frente e seja o que Deus quiser". E em 1938, era lançado o maior sucesso do ano, atingindo logo uma venda de alguns milhares de discos.

Realmente a gravação na RCA com Mariano da Silva e Serrinha foi um grande sucesso. E não é que, a partir daí começaram a surgir "inúmeros supostos autores da música"? Eles apareciam aos montes "como se fosse uma epidemia", apesar de que ninguém conseguiu provar a autoria; mas "faziam barulho" e começaram a surgir também os comentários que diziam que "nem a letra seria de Raul Torres"...

Realmente foi desgastante: Raul passou meses procurando honestamente o autor, oferecendo prêmios no programa de rádio, e nada! E, como "faziam barulho" mas não apresentavam provas, a polêmica sobre a letra terminou, mesmo porque a competência de Raul Torres nesse sentido não deixava dúvidas. Mas continuava a polêmica quanto à autoria da música.

E, com a crescente popularidade da música que continuava a ser tocada, apareceu Jorge Galati que era o Regente da Banda da Cidade de Marília que, apresentando alguns documentos de 1904, "provou convincentemente" que a linda melodia havia sido por ele composta em Franca e o nome da música era "Francana". E, juntamente com os editores, foi finalmente dada a paternidade da música para Jorge Galati.

Resolvida a questão? Ainda não!

Antenógenes Silva, renomado Acordeonista, que também trabalhava em disco gravando juntamente com diversas Duplas Caipiras, quando foi chamado a gravar a referida música, "levou um susto" quando viu que "não estava entre os autores"!!

Antenógenes "jurava de pés juntos" que havia composto e gravado a valsa em 1918, pelo selo "Popular" (cujo proprietário era filho da famosa Compositora Chiquinha Gonzaga), porém na etiqueta do disco (78 RPM) tinha apenas e tão somente o nome "Francana". E, desgraçadamente, naquela época, no rótulo dos discos não saía o nome do autor das músicas!

Desnecessário dizer que foram mais brigas, denúncias, estações de rádio que tomavam partido de um lado ou de outro, brigas na Justiça entre Advogados das diferentes gravadoras, enfim, a confusão estava armada!

No fim, para terminar (ou amenizar?) a "briga", a "autoria oficial" da música ficou dividida entre Jorge Galati e Antenógenes Silva. Quanto à letra, pelo menos a grande maioria concordava que era mesmo de Raul!

E a "rainha das Valsas Brasileiras", "Saudade de Matão" ficou registrada, como "aceitamos" até hoje, como sendo de autoria de Jorge Galatti (sic), Antenógenes Silva e Raul Torres.

Assim como "Tristezas do Jeca" de Angelino de Oliveira, "Saudade de Matão" também atravessou fronteiras, tendo sido gravada inclusive em diversos países Europeus.

Nessa época Raul Torres cantava em dupla com seu sobrinho Serrinha (Antenor Serra também Botucatuense), dupla essa que durou de 1937 a 1942, dissolvida após um desentendimento entre o tio e o sobrinho.

As coisas realmente "não iam bem" para Raul Torres: Além dos desgastes gerados pela polêmica de "Saudade de Matão" e também dos constantes desentendimentos com o sobrinho Serrinha, os quais culminaram com a "separação" da dupla, Raul perdeu a esposa Assunção que veio a falecer em Fevereiro de 1942, após apenas três anos de casamento...

Após a separação da dupla com seu sobrinho, foi com Florêncio (João Batista Pinto de Barretos-SP) que Raul Torres passou a cantar em dupla (a dupla Torres e Florêncio na foto à esquerda). Florêncio havia tentado conciliar a profissão de Farmacêutico com a carreira artística, no entanto, com a crescente popularidade que vinha adquirindo nas rádios onde se apresentava na Capital e no Interior, acabou largando definitivamente a farmácia, e passou a se dedicar integralmente à carreira artística.

E João Pacífico continuava sendo um dos principais parceiros e letristas das composições celebrizadas pela dupla pioneira; ele mesmo dizia que "Ser compositor para a interpretação de Raul Torres e Florêncio é o mesmo que ter um emprego vitalício..." (citado na página 78 do livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire). Também eram freqüentes as viagens de João Pacífico juntamente com Raul Torres e Florêncio ao Rio de Janeiro, onde gravavam seus discos. Na foto acima e à direita, Raul Torres, Florêncio e João Pacífico, na volta de uma de suas viagens à Cidade Maravilhosa.

E a Música Caipira nessa época já vinha sendo chamada de "Música Sertaneja", e dominava cerca de 40% do Mercado Fonográfico Brasileiro. Ao que consta, parece que o termo Música Sertaneja passou a ser utilizado cada vez com mais intensidade quando Palmeira (o mesmo que fazia dupla com Biá e que compôs "Disco Voador" e "Couro de Boi", dentre outras) que, na época trabalhava na Direção Artística da Gravadora Chantecler (hoje Warner Music), teria dito ao Brás Baccarin (também Diretor da Gravadora) que "esquecesse a Música Caipira", que "agora era só Música Sertaneja", já que as duplas já estavam gravando Canções Rancheiras, Tangos, Boleros, etc...

A dupla Torres e Florêncio foi realmente um "marco" que fez escola na Música Caipira. Escola essa que durou até o aparecimento de uma dupla que mudou bastante o panorama da Música Sertaneja: em 1944, Tonico e Tinoco eram "uma revelação" no programa do Capitão Furtado "Arraial da Curva Torta".

Raul Torres e Florêncio, juntamente com o Acordeonista Rieli, apresentaram na Rádio Record o programa "Os Três Batutas do Sertão" que ficou no ar durante quase 30 anos e só terminou quando do falecimento do Raul.

Francisco Alves e Sílvio Caldas, entre outros, no Rio de Janeiro, também eram amigos de Raul Torres. O Chico Viola chegou inclusive a ajudar no coro quando da gravação de "Quando o Sol Descamba", na Victor; tal evento teve bastante repercussão na época, já que Francisco Alves era o maior ídolo do Brasil e, nessa gravação, atuou como sendo "apenas mais um integrante do coro do caipira Raul Torres"...

Em 1944, uma seca terrível castigava o Interior Paulista. Em Barretos, João Pacífico (que para lá havia viajado para se apresentar numa exposição de gado) viu os fiéis rezando e fazendo promessa numa procissão, para que a chuva viesse. A reza pela chuva inspirou João Pacífico que escreveu a letra de "Pingo D' Água", que logo foi musicada pelo Raul, que imediatamente gravou juntamente com Florêncio a belíssima melodia!

E qual é o Sertanejo que não se emociona com a letra de "Pingo D' Água"? O Homem do Campo que tanto depende da Natureza para o seu trabalho e para a sua sobrevivência! Esta composição de João Pacífico e Raul Torres tocou fundo o coração do Caipira que viu nela a sua realidade e também "uma esperança"...

A letra fala sobre "a promessa de, ao chegar a chuva, levar o primeiro pingo d' água e molhar a flor da Santa em frente ao Altar..." E a última estrofe encerra o poema de forma genial resumindo toda a emoção do Homem do Interior:

Em pouco tempo a roça ficou viçosa
A criação já pastava, floresceu meu cafezá
Fui na capela e levei três pingos d' água
Um foi o pingo da chuva... dois caiu do meu oiá...

Este fato é narrado com riqueza de detalhes nas páginas 79 a 81 do livro de Paulo Freire "Eu Nasci Naquela Serra", leitura que eu recomendo ao Apreciador da Boa Música Caipira Raiz (ver Referências Bibliográficas na página Para Saber Mais...).

Coincidência ou não, choveu no Interior Paulista dois dias depois do lançamento de "Pingo D' Água" e, em Barretos João Pacífico e Raul Torres foram até chamados de "Feiticeiros"... E que Feitiço Maravilhoso, não é mesmo?

O segundo casamento de Raul Torres se deu em 1955 com Adelina Barreira, que ele conheceu na Estrada de Ferro Sorocabana, onde ainda trabalhava no emprego que dividia com a carreira artística.

Raul também enfrentou problemas com a Política, já que com o Golpe Militar em 31/03/1964, sua composição "Desabafo" teve sua execução proibida, já que foi considerada "subversiva" por retratar uma realidade social e a má vontade dos que governam...

Mais um pouquinho sobre sua música: deixemos que o próprio Raul nos fale algo sobre seu aprendizado:

"Nunca tive professor de canto ou música. Entendo mesmo que a sincera e fiel interpretação das nossas canções, sambas, cateretês, etc., só pode existir na alma expontânea dos nossos sertanejos e, para eles, quase sempre, é inacessível o estudo. Mas é só com eles que se encontra a expressão do nosso clima, das nossas belezas naturais, que, com tanta nitidez sentimental, eles sabem traduzir na simplicidade poética de seus violões e violas."

Em 1969, quase no fim do ano, após um infarto, o médico proibiu Raul Torres de continuar apresentando "Os Três Batutas do Sertão" na Rádio Record. Florêncio continuou no comando do programa, enquanto Raul se recuperava. No entanto, em 1970, um novo infarto complica seu estado de saúde. O médico, sem esperanças, deixa que Raul vá para casa, recomendando repouso absoluto.

Faleceu sua irmã Isabel em 11/07/1970, coincidentemente no dia do 64º aniversário de Raul, no entanto ele nada soube, pois Adelina, sua segunda esposa não lhe deu a notícia, pois Raul poderia não suportar a emoção.

No dia seguinte (12/07/1970) a rádio anunciava que "Os Três Batutas do Sertão lançavam seu novo disco: O Maior Patrimônio da Música Sertaneja!" As músicas do disco ("Jacaré no Caminho", "A Mulher e o Trem", entre outras) foram executadas nas rádios durante o dia todo. Raul ao fim do dia foi dormir exausto e bastante emocionado. E nenhuma rádio anunciou a morte de sua irmã, conforme Adelina havia pedido encarecidamente!

E, no dia seguinte, à noite, 13/07/1970, "saiu do ar" uma das vozes mais queridas do Rádio Brasileiro. Recostado em sua cama, assistindo a um jogo de Futebol pela TV, Raul deixou esse Mundo Terreno aos 64 anos e dois dias...

Após seu falecimento em 1970, o programa na Record, apresentado por Florêncio e Rielinho, durou apenas mais algumas semanas, pois Florêncio não conseguiu prosseguir com o mesmo sem a presença do companheiro Raul. Bem que Florêncio havia tentado, pois esse era o desejo que Raul Torres havia expressado e era também o interesse da Rádio Record!

Mas, Florêncio sentia muita falta de Raul... Não viu mais sentido em continuar com o programa... e se despediu dos ouvintes...


Por outro lado, para nossa felicidade, existe um bom número de gravações de Raul Torres remasterizadas em CD existentes no mercado! Quero destacar os CD's RVCD-214, RVCD-215 e RVCD-216, lançados pela excelente gravadora Revivendo que nos mostram um excelente trabalho de León Barg em termos do resgate de excelentes gravações históricas, que vão de 1930 a 1964, algumas das quais disponíveis apenas em 78 RPM até então! São respectivamente os CD's "Raul Torres - Tá Vendo Muié", "Raul Torres & Serrinha - Suspira Meu Bem" e "Raul Torres e Seus Parceiros", este último com interpretações históricas de Raul Torres, juntamente com Mariano, Ascendino Lisboa, João Pacífico, Inezita Barroso, Inhana, Aurora Miranda, Jaime Vogeler e Ramoncito Gomes, além dos célebres parceiros Florêncio e Serrinha.

Além das gravações históricas resgatadas, os CD's da Revivendo também presenteiam o Apreciador com excelentes encartes contendo dados biográficos do artista, além das letras das músicas, explicações sobre as mesmas e os dados originais constantes no selo do "bolachão" 78 RPM!

Parabéns, León Barg!!



ANTENOR SERRA - O SERRINHA



"Posso dizer que sou um velho observador e admirador da maneira de ser do festejado violeiro e cantador, nome que já se constitui numa autêntica legenda do nosso Cancioneiro Caipira. Estou acostumado a ver, todas as Terças, Quintas e Sábados aquele moço de olhar manso e atitudes plácidas, entrando calmamente pelos corredores buliçosos da Cidade do Rádio, como se o meio ambiente em nada afetasse o extraordinário sossego que o mantém como que alheio a tudo. Serenamente dirige-se ao salão dos artistas onde se encontra com seus companheiros de trio e, depois de acertar os detalhes para o programa, queda-se por ali para conversar com os amigos (que não são poucos). Aproximando-se o momento de entrar no estúdio para a audição, lá vai o sossegado Serrinha, ao lado do Zé do Rancho e do Rielinho para, mais uma vez, com suas atuações brilhantes, escrever mais uma página de beleza para a história da radiofonia regional brasileira."

Citação do reporter J. Pacheco na Revista Sertaneja em Junho de 1958. Citado também na página 55 do livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire (ver Referências Bibliográficas na página Para Saber Mais... nesse site).

O célebre compositor de "Chitãozinho e Xororó" (em parceria com Athos Campos), Antenor Serra, o Serrinha, era o segundo dos dois filhos de Antenor Serra Filho, Italiano, Motorista de Taxi; e sua mãe, Isabel Montez Serra, era irmã de Raul Torres, também nascido em Botucatu. Josefa, a vó materna de Serrinha, era também a mãe de seu tio Raul que, percebendo os dotes musicais do sobrinho, quando este cantava com os amigos em Botucatu, convidou-o a residir na Capital Paulista. Antenor, pouco antes, havia arrumado o emprego na Estrada de Ferro Sorocabana na Cidade dos Bons Ares; Raul Torres também trabalhava na mesma Empresa.

Em pouco tempo, Antenor Serra havia sido transferido de Botucatu para a "Terra da Garôa"; na época, com 19 anos de idade, animado com o convite do tio Raul, mudou-se para São Paulo-SP. No Largo de Santa Cecília, ficava a pensão onde Serrinha morava no início de sua vida na Capital Paulista.

Luiz Marino Rabelo, companheiro de quarto de Serrinha na mesma pensão, também cantava. E, musicalmente, os dois se deram muito bem! Ao final da jornada de trabalho, Luiz e Antenor voltavam apressadamente à pensão e cantavam juntos as músicas de sucesso da época. Algum tempo depois, o mesmo Luiz Marino Rabelo ficou famoso cantando em dupla com Serrinha; seu nome artístico era Caboclinho! Mas essa dupla só aconteceu depois da "briga" de Serrinha com seu tio...

O tio Raul parece "ter sentido um certo ciúme" quando viu Serrinha cantando com Luiz Marino na pensão e, vendo as duas vozes tão afinadas, sentiu que ele é que deveria formar a dupla com Antenor o mais breve possível. E, conseqüentemente, Raul Torres e Serrinha (foto acima à direita) gravaram e fizeram sucesso com "Cavalo Zaino" (de Raul Torres). Também foi feita por Serrinha juntamente com Mariano da Silva a primeira gravação da célebre "Saudades de Matão" (Jorge Galatti, Antenógenes Silva e Raul Torres).

Em 23/05/1940, foi celebrado em São Paulo seu casamento com Olinda, após um "difícil namoro à moda antiga", já que o pai de Olinda "era uma fera"; de tamanha rigidêz que muitas vezes chegava à violência física; o casamento, por outro lado, só terminou com a morte de Serrinha em 1978.

Nessa época, Raul Torres ainda cantava em dupla com Serrinha (foto dos dois à esquerda). Um desentendimento, porém, modificou os rumos de ambos, e fez surgir duas novas célebres duplas caipiras: "Torres e Florêncio" e "Serrinha e Caboclinho" (Luiz Marino Rabelo, o mesmo Caboclinho que havia sido colega de Serrinha na mesma pensão onde ele morava no início da vida na Paulicéia Desvairada). Não se sabe ao certo quais teriam sido os motivos da "briga"; sabe-se porém que "o negócio foi feio", já que o tio e o sobrinho não voltaram mais a se falar. Cada um dos dois, por outro lado, seguiram com bastante sucesso as suas respectivas carreiras.

Em dupla com Caboclinho, Serrinha integrou um trio com Rielinho (o "Bacharel do Acordeom", filho do já famoso Rieli). Esse trio pioneiro ficou conhecido como "O Trio Mais Querido do Brasil". Trabalharam também no programa que durou 17 anos na Rádio Tupi de São Paulo.

Serrinha e Caboclinho também costumavam contar "histórias e causos" entre uma música e outra nos shows que faziam, sendo que Caboclinho era o "escada", o qual "incitava" Serrinha para contar as estórias.

O "Rei da Viola" como era conhecido Serrinha teve os maiores sucessos em parceria com Athos Campos ("Chitãozinho e Xororó") e também com Ado Benatti ("Bom Jesus de Pirapora").

Serrinha também fez dupla com Zé do Rancho após o falecimento de Caboclinho em 1954. Lembrar que Zé do Rancho também cantou em dupla com sua esposa Mariazinha. É o sogro de Xororó (que canta em dupla com Chitãozinho), sendo também o avô materno de Sandy e Junior.

Juntamente com Zé do Rancho, Serrinha integrou com Rielinho o novo "Trio Mais Querido do Brasil". Fizeram diversos shows e gravações e continuavam a apresentar o programa na Rádio Tupi às Terças, Quintas e Sábados sempre às 18:30.

Antenor Serra, o Serrinha enfrentou também momentos dificílimos durante a segunda guerra mundial, já que o Brasil havia ingressado na mesma, contra o "eixo" formado por Alemanha, Itália e Japão; Serrinha, sendo descendente de Italiano, foi denunciado (denúncia essa comprovada posteriormente como sem fundamento, já que havia partido de um inimigo que o invejava) como integrante da "Quinta Coluna", ou seja, denunciado como um suposto simpatizante do nazismo e/ou do fascismo. Tal fato custou-lhe 4 dias na prisão no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), além de ter tido sua vida particular investigada. Acredita-se, porém, que Serrinha ficou preso por um período de tempo "relativamente curto", pois as autoridades do DOPS "sabiam quem era Serrinha, sua popularidade, e como o mesmo era querido por sua gente", ou seja, de um certo modo, sabiam o quanto seria problemático, mais cedo ou mais tarde, manter Serrinha atrás das grades, principalmente com uma acusação tão infundada, contra um ídolo tão popular! Era realmente "muita responsabilidade"...

Após um infarto sofrido por Serrinha em 1965, o médico proíbe a continuação da vida artística; continuou ainda na Sorocabana até sua aposentadoria em 1968. Como "a saudade apertava", mudou-se para Botucatu, tendo levado a família. Mesmo assim, ainda gravou o disco "A Volta do Serrinha" em 1971 com Caboclinho II, disco esse que foi o último de sua vida. Para Serrinha, era terrível "respeitar o conselho médico" e ficar fora do mundo artístico; "desacatando as ordens médicas" trabalhou como apresentador do programa "Serra Dourada" e foi também Diretor Artístico da Rádio Municipalista de Botucatu-SP.

Um novo infarto pôs fim à vida terrena de Serrinha em 19/08/1978.



Quero aqui destacar os CD's RVCD-169 e RVCD-204, lançados também pela excelente gravadora Revivendo que nos mostram um excelente trabalho de León Barg em termos do resgate de excelentes gravações históricas, que vão de 1943 a 1948, algumas das quais disponíveis apenas em 78 RPM até então! São respectivamente os CD's "Serrinha e Caboclinho - Caboco Bão" e "Serrinha e Caboclinho - Vol. 2 - Chitãnzinho e Chororó", com interpretações históricas de Serrinha e Caboclinho, e as primeiras gravações de grandes sucessos tais como "Recordando Botucatu" (Serrinha), "O Fim Do Zé Carrero" (Serrinha - Ado Benatti), "Boiada Saudosa" (Serrinha - Athos Campos) e também a célebre "Chitãnzinho E Chororó" (Serrinha - Athos Campos). Também merece destaque o CD "Raul Torres & Serrinha - Suspira Meu Bem" - RVCD-215, já mencionado logo acima no resumo biográfico de Raul Torres.

Como em todos os CD's da Revivendo, além das gravações históricas resgatadas, o Apreciador também é presenteado com excelentes encartes riquíssimos em informações, contendo dados biográficos do artista, além das letras das músicas, explicações sobre as mesmas e os dados originais constantes no selo do "bolachão" 78 RPM!

Parabéns, mais uma vez, León Barg!!!



Botucatu, a Cidade dos Bons Ares, da Boa Música, dos Bons Compositores e das Boas Escolas não nos deu apenas os Três Filhos lembrados nessa página, mas também nos deu outros filhos ilustres na Música Caipira Raiz, também presentes nesse site:


Dois filhos ilustres que também "nasceram naquela serra" e que continuam se dedicando à Boa Música Raiz: José Pérez, o Tinoco, que nasceu em Pratânia-SP, que em 1920 pertencia a Botucatu-SP; e Zé da Estrada, também Botucatuense de Pratânia-SP que, juntamente com Pedro Bento (de Porto Feliz-SP), integra a consagrada Dupla Caipira que continua firme defendendo o gênero Raiz.


Também "nasceu naquela serra" Ramiro Vieira de Andrade, da dupla Ramiro Vióla e Pardini, uma das mais autênticas Duplas Caipiras da atualidade, que lançaram recentemente o CD "Violeiro Matuto" e também o álbum duplo "Angelino de Oliveira - Arquivos" e cujo "resumo biográfico" se encontra na página dedicada aos Novos Caipiras, nesse site dedicado à Boa Música Brasileira.


E também "nasceram naquela serra" os jovens César e Caio, que formam desde 1995 uma boa dupla capira raiz, cujo "resumo biográfico" também se encontra na página dedicada aos Novos Caipiras, nesse site dedicado à Boa Música Brasileira.


Obs.: As informações contidas no texto desta página são originárias principalmente do Livro "Eu Nasci Naquela Serra" de Paulo Freire (uma excelente biografia de Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha!!) e também do livro "Música Caipira - Da Roça ao Rodeio" de Rosa Nepomuceno. O presente texto contém também informações de José Ramos Tinhorão (Jornalista e Pesquisador da Música Popular Brasileira) do fascículo da Coleção Nova História da MPB - "Música Sertaneja" - da Editora Abril - Abril Cultural - editado em 1982 (e contendo um LP com algumas Raridades ainda não existentes no CD), além do Encarte dos CD's "Paraguassu - Noite Enluarada" - RVCD-056, "Raul Torres - Tá Vendo Muié" - RVCD-214, "Raul Torres & Serrinha - Suspira Meu Bem" - RVCD-215 e "Raul Torres e Seus Parceiros" - RVCD-216, lançados pela Revivendo. Ver mais detalhes e links na página Para saber mais... onde constam as Referências Bibliográficas e também as Referências Discográficas sem as quais a elaboração desse site teria sido impossível.



Essa viagem pela Música Caipira Raiz continua: Clique aqui e pegue o trem, que ele agora irá para Maceió-AL e Itabaiana-PB, passando também pelo Rio de Janeiro-RJ: conheça um pouquinho desses dois Nordestinos que, incentivados por Pixinguinha, mudaram-se para a Cidade Maravilhosa e formaram não apenas uma das duplas mais bem humoradas que a História Musical Brasileira já teve, como também deixaram excelente herança no nosso Carnaval com "Mamãe Eu Quero" e também no nosso Chorinho com o belíssimo "Saxofone, Por Que Choras?". Os passageiros desse trem com todas essas características são Jararaca e Ratinho.




Ou então, se você preferir outro compositor ou intérprete, clique aqui e "pegue outro trem para outra estação", na Página-Índice" dos Compositores e Intérpretes.

terça-feira, 4 de março de 2008

antonio sales -familia pinto coelho cunha

12º Centro Regional de Desenvolvimento da Educação
Núcleo de Tecnologia Educacional

Quixadá-CE - Ano: 02-Edição 02 - Janeiro / Março 2004

Você escreve, nós publicamos, todos interagem e assim estaremos construindo uma educação de qualidade.
" Uma Escola Melhor, Vida Melhor"

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Padaria Espiritual - Sociedade de Letras Cearense




Movimentos literários irreverentes


José Célio Pinheiro[1]

O fulgor dos anos traz no âmago das pessoas a irreverência , a vontade de quebrar os paradigmas existentes e criar o novo como forma de avisar a todos que existe alguém e que está ali para contrariar os princípios e os costumes, mudar e quebrar o cotidiano como se quebra uma vidraça.
Assim, nasceu nos fins do século XIX(mais precisamente em 1892) um movimento literário onde o deboche às normas culta da linguagem eram desconsideradas e um novo estilo literário começava a ser concebido por jovens da época que tinham o prazer em contrariar e romper com tudo que era formal .
O movimento literário da época, teve âncora em talentos jovens, individualistas, literatos e tinha a marca da ousadia porque queria romper com tudo que já se havia escrito até então. A Padaria Espiritual, criada e idealizada por Antonio Sales, teve vida curta mas marcou profundamente os meios literários de Fortaleza, até então, ainda tímido, pela falta de comunicação ou pela dificuldade de contatos com o sul do país, berço cultural e político do Brasil. Os artistas e escritores reuniram-se em um dos quiosques da Praça do Ferreira, ponto de encontro dos políticos, estudantes, e do povo em geral, uma vez que a velha praça sempre foi ponto de encontro dos boêmios da época. O Café Java, famoso por ter no seu proprietário um homem rude e de poucas letras, mas profundo admirador de uma boa conversa, foi palco de conversas das mais interessantes do ponto de vista litarário e até discussões que, às vezes, chegavam às vias de fatos.
Em um desses encontros surgiu a idéia de se criar uma Academia de Letras no Ceará. Antonio Sales achou interessante que se criasse um grupo literário, combativo, diferente, original e que repercutisse nos meios culturais e não tivesse a mesma proposta das pomposas academias existentes no País. A partir de então, foi lançada a semente que germinou a “Padaria Espiritual” que se propunha fornecer o “pão-do-espírito”. Além de Antonio Sales, outros 19 “ padeiros” tomaram parte do movimento. A Instituição teve vida curta mas alcançou repercussão nacional e serviu de certa forma de embrião para outros grandes movimentos literários até culminar com a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922.
Naqueles tempos quando ainda não existiam os impérios das comunicações e as notícias eram levadas a lombo de animais, a repercussão do movimento do Ceará ecoou na Capital Federal, o Rio de Janeiro, levada que foi pelos jovens artistas que tinham um único caminho: o sul do País, recebendo dos mais conservadores, críticas debochadas e jocosas e dos críticos mais avançados elogios e aceitação das idéias apregoadas pelo movimento literário revolucionário, com destaque nos jornais da Capital Federal.
A “Padaria” foi instalada no número cinco da rua Formosa, hoje Barão do Rio Branco, onde foi editado o jornal “O Pão”, para difundir e publicar os escritos do grupo. Além de Antonio Sales, fez parte da “Padaria “Adolfo Caminha, Antonio Bezerra, Lívio Barreto, Henrique Jorge, Carlos Vitor e Rodolfo Teófilo. O jornal “O Pão” deixava claro o espírito dos “padeiros” e demonstrava sua independência rebelde, não obedece a sugestões estranhas nem tem o compromisso de agradar nem hostilizar que quer que seja. O jornal tem apenas um compromisso com a verdade, doa em quem doer. O tom de independência do jornal ficou patente em dois recados estampados na capa: “não se aceitam assinatura e não se aceita colaboração”.
A Padaria da Rua Formosa, na realidade, era uma bodega modesta que não vendia pão nem bolacha mas, em contrapartida, reunia jovens cheios de talentos e ousadia. A primeira fase da Padaria foi mais cheia de verve humorística, característica do povo cearense, tirando pilhérias e brincadeiras, provocando escândalos e havia os inimigos naturais dos “padeiros” , os padres, os alfaiates, e a polícia.
Para adentrar à “padaria" exigia-se do candidato a sócio a apresentação de uma peça literária. O jornal teve apenas trinta e seis edições, havendo dispersão do grupo por razões de sobrevivência pois o sul do País sempre foi o destino dos jovens literatos que buscavam o reconhecimento nacional. Em 1894, Rodolfo Teófilo lançou a segunda edição do movimento, mas não teve a repercussão da primeira, deixando, no entanto, marcas indeléveis na literatura cearense e brasileira, servindo de base para outros movimentos como a Semana de Arte Moderna em 1922.

Saiba mais!


www.ebooksbrasil.com/eLibris/bomcrioulo.html

www.ebooksbrasil.com/eLibris/anormalista.html

www.editoranucleo.comm.brisladolfo.atml

www.itaucultura.org.br

www.klickeducacao.ccomm.br

www.netrope.com.br/aliteratura

www.nosachamos.ccom/cgi-bin

www.pegar.com.br

www.releituras.com..br

www.secrel.com.br



[1]José Célio Pinheiro - Licenciatura Plena em Letras e especialista em Língua Portuguesa, Assessor de Comunicação do 12º CREDE / SEDUC - Quixadá-CE.