terça-feira, 27 de julho de 2010

Torrinha-sp

Através de documentos e registros, sabe-se que algumas famílias torrinhenses já viviam aqui desde 1850. Dessa forma podemos afirmar que as famílias Fonseca Costa, Mello, Dias, Ferreira, Ferraz, Gomes, Ribeiro do Prado, Dias Ramos, Carvalho, Franco de Moraes, Souza, Barros, Teixeira, Leite, Marques, Paiva, França, Pinto, Melchert, Barbosa, Bueno, etc, são consideradas as pioneiras.
Historicamente, José Antunes de Oliveira é considerado o fundador de Torrinha, foi ele quem doou ao Bispado de São Paulo uma pequena área onde foi edificada uma capela em homenagem a São José (onde se encontra a atual matriz), considerado o padroeiro da cidade. Calcula-se que esse fato se deu por volta de 1870, ou seja, dezenove anos antes da República.
Em 1880, documentos da época, registram a chegada de Jerônimo Martins Coelho, neto do Barão de Cocais, Vindo da Borda da Mata, Minas Gerais, que aqui adquiriu grande quantidade de terras que alcançava as localidades de Santa Maria da Serra, Torrinha, Brotas e Dois Córregos. Instalou-se por muito tempo em terras onde hoje está a Usina dos Três Saltos e construiu nesta fazenda uma das primeiras Igrejas Presbiterianas do Estado.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

FAMILIA DAYRELL EM BARÃO DE COCAIS

ORIGENS DA FAMÍLIA DAYRELL NO BRASIL - Site : www.familiadayrell.uaivip.com.br
Rev. 03 / 08

1 - Origens

A Família Dayrell instalou-se no Brasil, no Século XIX. Seu primeiro membro foi o médico John Dayrell que veio para cál, com sua esposa e passou grande parte de sua vida em Diamantina e cercanias.

Ao contrário do que sempre nos foi passado pelos antigos Dayrell´s e ao contrário do tratamento carinhoso que o povo de Diamantina lhe dava, nosso patriarca John Dayrell, o " doutor inglês ", não era " legitimamente " um inglês nato.

Conforme documentos e registros, John Dayrell nasceu na pequena Ilha de Barbados, localizada no Caribe, Antilhas, descoberta pelos espanhóis em 1.519 e transformada em Colônia Britânica de 1.652 até 1.966, quando se tornou independente.

Barbados é a mais oriental das ilhas caribenhas, ficando à leste de Sta. Lúcia e de S. Vicente. Sua capital é Bridgetown, onde viveu a Família Dayrell, quando emigou da Inglaterra. ( Veja item 4, link " Origens " )

Localização da Ilha de Barbados, nas Antilhas ( Caribe )


Acervo : Márcio Dayrell Batitucci

Edmund Dayrell ( 1.720 - 1.792 ), casado com Ann Dayrell, foi o primeiro Dayrell a emigrar da Inglaterra para a Ilha de Barbados, nas Antilhas, no ano de 1.774. Eram os bisavós de nosso patriarca John Dayrell. Tiveram dois filhos :

* Edmund Dayrell ( 1.743 - 1.816 ), casado com Ann de Clénord, sem filhos.

* Thomas Dayrell ( 1.745 - 1.796 ), casado com Mary Roberts Callender, avós de John Dayrell, que tiveram oito
...filhos entre eles :

* Thomas Dayrell ( 1.778-1.844 ),casado com Elvira Smith Cox, pais de John Dayrell, que tiveram sete
. .filhos.
Thomas Dayrell retornou para a Inglaterra, com sua família, em torno de 1.812, indo trabalhar em Bristol.

Dados Básicos sobre John Dayrell (www.familysearch.com)
Veja também : http://wc.rootsweb.com/cgi-bin/igm.cgi?surname=Dayrell&given=John&start=21

IGI Individual Record FamilySearch™ International Genealogical Index v5.0
Caribbean Islands
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JOHN LUCY SMITH DAYRELL
Male
Event(s):
Birth:
Christening: 20 FEB 1808 Christ Church, Barbados, Caribbean
Death:
Burial:
Parents:
Father: THOMAS DAYRELL
Mother: ELVIRA SMITH COX

Extracted birth or christening record for the locality listed in the record. The source records are usually arranged chronologically by the birth or christening date.

Do mesmo modo, o explorador inglês Richard Burton, em sua Obra "Explorations of the Highlands of the Brazil" escreve :

. . . . . . . .. . . . . ." . . . o Dr. Dayrell, meu patrício, da Família Barbadoes, originária de Buckinghamshire ( Inglaterra ) . . . )

A Ilha de Barbados, com a Capital Bridgetown, onde nasceu John Dayrell


Acervo : Márcio Dayrell Batitucci

A Família Dayrell deve ter sido importante em Bridgetown, pois lá ainda existe a " Dayrell Street ", uma rua simpática, dedicada a alguém da família. . .

John Dayrell nasceu e viveu em Barbados até 1.820, quando a Família retornou à Inglaterra. Segundo o testemunho do explorador Richard Burton, ele formou-se em Medicina em Londres, com 22 anos, casou-se por lá e veio para o Brasil em 1.830.

Vista da parte central de Bridgetown, onde nasceu nosso patriarca
John Dayrell


Foto Google Earth

Há dúvidas sobre o nome correto de nosso patriarca :

* Nos registros ingleses acima, ele aparece como " John Lucy Smith Dayrell ".

* Burton só se refere a ele chamando-o apenas de " Dr. Dayrell ".

* Em sua inscrição como "Membro da Irmandade da Casa de Misericórida" de Diamantina, em 1.837 , seu Registro é feito
..também como simplesmente " João Dayrell ". ( Veja o Link " Família John e Alice ).

* Na Certidão de Óbito de Ottília Dayrell Rolim, filha de John, encontrada em Curvelo-MG, aparece o nome de seu pai como
.. " João Dairel " ( Veja Link "Família John / Alice " ).

* Em um artigo publicado pela " Revista do Archivo Mineiro " , em abril de 1.931, escrito pelo prof. Nelson Senna e publicado no órgão
..Oficial do Estado, o " Minas Gerais ", comemorando a visita de " Suas Altezas Reaes o principe de Galles e seo augusto e mais
. .jovem irmão,..o Príncipe George, à Capital montaheza " , está registrado :

..." . . . em territorio de Minas Geraes, vivem felizes innumeras familias portadoras de cognomes britannicos, herdados de
.. . . . . .seus ascendentes estabelecidos no Brasil, como os Chalmer, os Badwen, os Cockrane, os Dayrell . . ."

..." . . . alguns vultos ficaram na memoria agradecida do nosso povo, como o médico escossez dr. John Mortimer Dayrell . . . "
.... ..................................................................( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

* No caderno escrito à mão pelo estudioso da Família, Romeu Dayrell França, onde está registrada toda a Árvore Genealógica da
..Família de John e Alice, em sua primeira geração, consta o nome de nossa matriarca como Mary Alice Mortimer Dayrell .
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

Esse dois últimos documentos são muito importantes pois, além de registrar os nomes de John e Alice de modo diferente, ainda nos fornecem uma segunda explicação sobre a origem do sobrenome Mortimer que identifica o importante e simpático ramo da Família, capitaneado por José Mortimer Dayrell, um dos filhos de John.
A outra versão sobre a origem do " Mortimer ", vem de uma possível homenagem de John Dayrell à sua cunhada, casada com seu irmão Henry, que se chamava Charlotte Caroline Mortimer . . .

Resumindo : pelos documentos que chegaram até nós, nosso patriarca tem seu nome registrado como :

* John Lucy Smith Dayrell
* John Dayrell / João Dayrell / João Dairel
* Dr. Dayrell
* John Mortimer Dayrell

A ligação genealógica entre John Dayrell e os vários Darrel´s ingleses, bem como informações sobre seus irmãos
e tios, pode ser acompanhada no Link " Origens ", item 4.

John Dayrell
Acervo Ma. Tereza Dayrell Amaral- Coromandel-MG


Pesquisas : Márcio Dyrell Batitucci e Geraldo Dayrell Gott

2 - Os Dayrell´s no Brasil

Há muitas histórias e hipóteses sobre os primeiros anos dos Dayrell no Brasil. Afinal, onde morou e trabalhou John Dayrell, quando aqui chegou da Inglaterra, recém-formado em Medicina ?

Uma das versões mais difundidas por membros antigos da família, relata que ele veio trabalhar na mina de ouro de Morro Velho, em Nova Lima-MG.

Essa hipótese, inclusive, consta do longo texto de Vera Brant, amiga de Alice Dayrell Caldeira Brant (Helena Morley), que está reproduzido no site www.geocities.com/leticiadayrell, no link "Histórias e Vidas".

Como algumas outras afirmações de Vera Brant ( " . . .o Morley de Helena veio da avó materna, a avó paterna de Alice era brasileira, John Dayrell morreu com 90 anos, etc...," ) também essa afirmativa, de que John Dayrell teria vindo trabalhar em Nova Lima, não oferece fundamentação válida, em confrontação com outros dados históricos conhecidos...

Tive oportunidade de aprofundar a hipótese acima, em pesquisas detalhadas, no excepcional acervo da "Casa da Memória" da Mina de Morro Velho ( Nova Lima-MG ).

Essa versão se mostrou inconsistente, pois os ingleses da "Saint John D´el Rey Mining" só compraram e assumiram a Mina de Morro Velho, do antigo proprietário, Padre Freitas, em 1834, portanto, quatro anos APÓS a chegada de John Dayrell ao Brasil. Além do mais, o acervo histórico da Mina de Morro Velho (atual Anglo Gold Ashanti South America) é bastante detalhado e não há qualquer alusão ou registro referente ao médico John Dayrell, ao contrário de outros profissionais, inclusive dos primeiros responsáveis pela área médica, que estão devidamente identificados e registrados nos documentos iniciais da Mina. Segundo esses registros, o Serviço Médico de Morro Velho só foi inaugurado em 1838, portanto, quando John Dayrell já morava em Diamantina. O que comprova, com certeza, que John Dayrel não trabalhou na Mina de Morro Velho.

Assim, restam duas prováveis hipóteses, ambas apresentando respaldo objetivo em um dos poucos relatos oficiais existentes : a narração do explorador inglês Richard Francis Burton, em seu Livro, escrito em 1867:

. . ." Explorations of the Highlands of the Brazil " , traduzido e publicado aqui em dois volumes, .pela .Itatiaia
. . . ..Editora de Belo Horizonte :

a - " Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico " ( 1.867 ) e

b - " Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho " ( 1.868 ) .

No capítulo VIII, do primeiro volume acima citado, ele escreve :

"O Dr. Dayrell, meu patrício... depois de formar-se em Londres e casar-se, foi trabalhar na Companhia de Cocais, em 1830... Mora há
.trinta anos em Diamantina, onde criou muitos filhos e filhas..."

Richard Francis Burton escreveu detalhadamente, com apurado rigor técnico e histórico, sobre tudo que viu e vivenciou em sua passagem pelo Brasil. Deixou também registradas suas observações sobre as terras auríferas da região de Minas Gerais - descobertas pelo Bandeirante Borba Gato, em Sabará-MG no século XVIII - que estendiam-se por Nova Lima, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caetés, Congonhas, Ouro Branco, Ouro Preto, Mariana, etc..

Conforme pois, o trecho acima citado, John Dayrell , quando chegou ao Brasil, veio trabalhar na "Companhia de Cocais".

Mas, que tipo de local e de Empresa, Richard Burton estava identificando como a "Companhia de Cocais" ?
Essa é a questão básica, que nos remete a duas prováveis hipóteses :

3 - Barão de Cocais / Congo Soco

As primeiras notícias sobre as riquezas de Minas Gerais, inclusive os sítios auríferos da região de Barão de Cocais, onde localiza-se Congo Soco, são encontradas em várias obras de alguns viajantes ingleses que passaram por aqui no decorrer do século XIX.

Congo Soco é um testemunho vivo de um dos ciclos mais marcantes na economia nacional, o ciclo do ouro. Esse ciclo local, teve sua história iniciada em 1745, quando o cavouqueiro Bitencourt encontrou ouro nos cursos d´água que cortavam essa região.

O primeiro proprietário a explorar a Mina de Congo Soco - situada a uns 10 kms da cidade de Barão de Cocais - foi o coronel Manoel da Câmara Noronha. Seus filhos a venderam em 1.808, ao comendador e capitão-mor português, José Alvares da Cunha e à seu sobrinho o capitão-mor João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o futuro " Barão de Catas Altas " .

D. Pedro I, através de Decreto exarado em 16 / 09 / 1.824 autorizou, pela primeira vez, um estrangeiro, o inglês Edouard Oxenford, a " organizar no Brasil uma Companhia para explorar ouro em Minas Gerais, através de compra de jazidas abandonadas " .

Congo Soco foi então vendida pelo Barão de Catas Altas à Eduardo Oxenford e a outros investidores ingleses, pela fortuna de trezentos contos de réis - cerca de setenta e cinco mil libras - na maior transação comercial efetuada na Província, até então .

Os compradores criaram a " Imperial Brazilian Mining Association ", a primeira Empresa de capital estrangeiro a instalar-se em Minas Gerais e que começou a operar em 1.825.

Por motivos de saúde, Edouard Oxenford voltou para a Inglaterra, deixando à frente de Congo Soco seu irmão Ferdinand Oxenford.

Richard Burton, relata no segundo Volume citado no item 2 acima, capítulo XXI, seção III:

"...O primeiro proprietário a explorar Congo Soco foi o coronel Manoel da Câmara Noronha. Seus filhos a venderam em 1808 ao comendador e capitão-mor português, José Álvares da Cunha e ao seu sobrinho o capitão-mor João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o futuro Barão de Catas Altas. A Imperial Brazilian que a comprou em 1824, foi a primeira Empresa de capital estrangeiro a instalar-se em Minas Gerais.
Congo Soco transformou-se em uma aldeia inglesa nos trópicos, com sua Igreja e capelão consagrados pelo bispo de Londres... Tinha 180 empregados ingleses, ajudados por 600 trabalhadores livres e negros escravos.
Em 1830, o superintendente Capitão Lyon, foi sucedido pelo Coronel Skerret que, por judiciosa disciplina militar, implantou na mina uma ordem perfeita : introduziu o excelente sistema de transformar os negros em seus próprios feitores..."

Algumas características da vida de Congo Soco foram notificadas por viajantes que passaram pelo complexo no decorrer do sec. XIX, deixando em seus relatos impressões fragmentadas sobre as atividades gerais desenvolvidas na comunidade. O primeiro viajante que fala sobre Congo Soco foi Charles James Fox Bunbury, em 1833. Por ser naturalista, ocupou-se em analisar principalmente a flora e a fauna, mas não deixou de relatar detalhes sobre as condições de trabalho, técnicas de extração e a hospitalidade advinda da riqueza.

Em 1840, George Gardner, ao passar pela localidade, descreveu elementos da disposição espacial de Congo Soco. Com essa informação, foi possível detectar dois setores distintos no complexo hoje arruinado : o de produção e o de moradia.

De 1826 a 1856, data de seu fechamento, a Congo Soco produziu 13.000 quilos de ouro.

As edificações arruinadas da antiga mina e do aldeamento originado por ela, hoje tombados pelo IEPHA-MG, se estendem por cerca de quase dois quilômetros, distinguindo-se os dois setores acima citados : o setor de trabalho e o setor de moradia. As construções são todas, sem exceção, em alvenaria de pedra e barro.

. . . . .( Apesar de tombado pelo IEPHA-MG, todo esse precioso sítio histórico, encontra-se em deplorável estado de deteriorização ! . . . )

O setor de trabalho é formado por duas grandes construções, que ainda conservam suas paredes externas e teriam tido aproximadamente 1.200 m2 de área construída. Caminhando-se na direção oeste, vê-se à direita um muro de pedra de aproximadamente 60 m de comprimento, terminando no que teria sido um portão em arco e, à esquerda, um provável vestiário, como cita Richard Burton, quando por lá esteve. Este conjunto constituia-se como o limite oriental da mina.

O setor de moradia é formado por uma série de construções ( casas ) distanciadas umas das outras, onde pode-se ver um sistema viário delineado, com suas pontes também de pedra, um curral ou a antiga cavalariça e um cemitério situado em uma colina, onde está localizado o vale do Córrego Congo, no qual estão assentadas as ruinas da antiga aldeia.

Ruinas de uma das casas da Vila Inglesa de Congo Soco

Foto : Márcio Dayrell Batitucci

No cemitério, encontram-se hoje cerca de dez lápides, algumas com inscrições em inglês ornamentadas com desenhos apurados, com o nome da pessoa ali enterrada. Há túmulos de adultos e de crianças. O cemitério é cercado por um mudo de pedra de aproximadamente 80 cm de altura. Desse local, tem-se uma bela visão de todo o vale, onde era localizada a Vila e as demais construções.

Nesse setor de moradia, duas ruinas de construções destacam-se por suas dimensões :

A primeira, formando um conjunto com becos e construções de vários tamanhos, é chamada de "Casa do Barão", em homenagem ao Barão de Catas Altas, o capitão-mór João Batista Ferreira de Souza Coutinho, um dos primeiros proprietários da mina, que a vendeu aos ingleses. Comparando-se o traçado desse conjunto com a foto da verdadeira "Casa do Barão" ( veja abaixo ), não é provável que elas sejam realmente as ruinas do antigo casarão. Na realidade, elas retratam uma ala de moradia da "Vila dos Ingleses" .

Casa do "Barão de Catas Altas" , em Congo Soco, em foto de 1913, já em pleno
processo de deteriorização

Foto ? ? ? - Reprodução fotográfica : Márcio Dayrell Batitucci

Ruinas da chamada "Casa do Barão" e parte da Vila Inglesa, em Congo Soco


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

O segundo conjunto de ruinas, situado a uns 500 mts. de distância da "Casa do Barão", todo em pedra e barro, é uma imponente e sólida edificação, que se desenvolve em dois blocos distintos, ao entorno de um pátio interno, cercada por um muro de aproxmadamente 80 cm de altura, e que é identificado pelos registros antigos como sendo o hospital da mina .

Ruinas de um dos blocos do " Hospital de Congo Soco "

Foto : Geraldo Dayrell Gott


Vê-se, pois, que essa Mina de Congo Soco, em Barão de Cocais, constituiu-se como um empreendimento de grande porte, com estrutura complexa, envolvendo até a construção de uma Vila relativamente grande, com casas, igreja, escola, HOSPITAL, cemitério, etc...
Era uma grande estrutura, onde poderia ter morado e trabalhado inicialmente John Dayrell.

Contudo, a identificação da " Companhia de Cocais ", citada por Burton, como sendo a " Mina de Congo Soco ", não tem suporte válido, pois ele escreveu o trecho anteriormente citado, em 1.867. Nesse ano, a Vila onde se localizava a Mina de Congo Soco, se chamava ainda " São João do Presídio de Morro Grande " e era um Distrito de Santa Bárbara.

Somente em 1.943, Morro Grande foi desmembrado de Santa Bárbara e passou a chamar-se oficialmente " Barão de Cocais ", em homenagem a seu patrono, o Tenente Coronel José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o " Barão de Cocais", nascido e criado na Vila Imperial de Cocais ( Veja item 4 a seguir ) .

Assim, quando Burton falou que John Dayrell " veio trabalhar na Companhia de Cocais ", não poderia estar identificando-a como a " Mina de Congo Soco ", em Morro Grande ( atual Barão de Cocais ) .

Apesar de não ter vivido em Congo Soco, John Dayrell deve ter frequentado eventualmente esse sítio, tanto pela existência de uma organizada "Vila Inglesa", onde moravam muitos de seus conterrâneos britânicos, como pela estrutura do Hospital ali existente, para onde ele deve ter encaminhado os casos mais graves que ele encontrava em seu trabalho, na Companhia de Cocais, logo ali, a cerca de 20 kms, na Vila Colonial de Cocais. . .

4 - Vila Colonial de Cocais

A " Companhia de Cocais " citada por Burton, com bastante certeza, pode ser identificada como estando localizada na " Vila Colonial de Cocais ", um povoado situado a uns 10 kms. da atual cidade de Barão de Cocais-MG.

Fundada em 26 de junho de 1.703 pelos bandeirantes Antônio e João Furtado Leite, irmãos portugueses, a Vila de Cocais viveu a opulência do ciclo do ouro e cresceu sob a sombra das nobres famílias Furtado Leite e José Feliciano Pinto Coelho da Cunha ( o futuro " Barão de Cocais " ).

Pela Fazenda da Cachoeira, onde nasceu e viveu o " Barão de Cocais ", passaram visitantes ilustres como Von Spix, Von Martius, Saint Hilaire, John Pohl, o próprio Ricahrd Burton e, certamente, nosso pátriarca John Dayrell, que trabalhava na Mina localizada nessa Vila.

Era uma Vila de nível cultural elevado e nobre, onde existiam mais de 20 pianos fabricados na Europa, que animavam os bailes e festas nos antigos casarões. Talvez por essa razão, tenha recebido o compositor Fernand Jouteau, que lá concluiu a conhecida ópera " Os Sertões " .

Em 1.827, a Diretoria inglesa da " Imperial Brazilian Mining Association " de Congo Soco, não estava satisfeita com os resultados obtidos por Edouard Oxenford. Assim, dissolveu e demitiu o Comitê Diretivo no Brasil, comandado por seu irmão Ferdinand Oxenford.

Edouard Oxenford decidiu, então, em princípios de 1.828, organizar uma nova Companhia de mineração que " haveria de manter-se sob seu controle direto ". Associou-se aos comerciantes britânicos John Robert Hard, Douglas Kinnard e William Morgan e anunciou publicamente em Londres a criação desse novo empreendimento, com o nome de " National Brazilian Mining Association " .

Para viabilizar o negócio, retornou ao Brasil, fez contato com seus antigos colaboradores de Congo Soco e com proprietários e políticos notáveis da região, entre os quais, José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o "Barão de Cocais", proprietário das lavras de Cocais e João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o " Barão de Catas Altas ", de quem Oxenford comprara a Mina de Congo Soco, há três anos atrás e que era também proprietário da Fazenda Macaúbas, um sítio de várias jazidas auríferas promissoras.

No final de 1.828, Oxenford e o Barão de Catas Altas, seu conhecido de negócios na compra do Congo Soco, formaram sua sociedade de mineração, com o objetivo de explorar as Minas da Fazenda Macaúbas, sob o mesmo nome da Empresa que ele criara em Londres, a "National Brazilian Mining Association " . A Empresa funcionaria de modo ilegal, pois não tinham ainda conseguido a autorização do Impererador D. Pedro I, necessária para qualquer sociedade estrangeira operar no Brasil.

Nos anos seguintes, para burlar sua irregularidade - já havia isso no Brasil de 1.830 ! - a Companhia mudou de nome, passando a chamar-se " Imperial Macaúbas ". . . ( em 1833 passou a chamar-se " Companhia de Cocais " ) .

No ano de 1.830, segundo relato de Burton, chegou para trabalhar nessa Companhia, o recém formado médico John Dayrell, certamente trazido por Edouard Oxenford, em uma de suas vindas para cá.

A partir de 1.831, com a abdicação de D. Pedro I e a perda de prestígio do Barão de Catas Altas, na Corte, as relações entre ele e Oxenford. foram ficando difíceis e a sociedade definhou. Os sócios ingleses ficaram com todas as ações da Companhia.

5 - A oficialização da " Companhia de Cocais "

Durante esses anos, a poderosa família Pinto Coelho, à qual pertencia José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o Barão de Cocais, crescera muito e havia sérias dificuldades decorrentes da posse e da administração das minas e terras da Vila de Cocais. A família se dispunha a vender suas ricas terras e valiosas propriedades aos ingleses mas, para isso, era necessário a autorização do Imperador.

A família tentou até usar a influência de D. Domitila de Castro Canto e Melo, a famosa "Marquesa de Santos" - amante de D. Pedro I - que fora casada com o alferes Felício Pinto Coelho, primo do Barão de Cocais.. Mas em vão : não conseguiram a autorização !

Em 1.833, diante da impossibilidade de vender suas propriedades, a família Pinto Coelho, liderada pelo Barão de Cocais, chegou a um consenso de não explorar as minas da Serra de Cocais por conta própria e resolveu associar-se aos ingleses da " Imperial Macaúbas ", que haviam dissolvido a sociedade com o Barão de Catas Altas.

A " Imperial Macaúbas " ganhou então novo sócio - o Barão de Cocais - e passou a chamar-se " United Macaúbas and Cocaes National Brazilian Mining Association ", ou, abreviadamente, " Companhia de Cocais ". John Dayrell já trabalhava nessa mesma Companhia há cerca de três anos, quando ela era a " Imperial Macaúbas ". Ela operou até o ano de 1.912, passando por várias administrações, intervenções a acionistas . . .

Quando Burton a citou como o primeiro local de trabalho de John Dayrell, no Brasil, ele estava absolutamente correto pois, no ano em que escreveu sua Obra - 1.867 -, o nome da Companhia era de fato " Companhia de Cocais ".

( Sobre a " Companhia de Cocais ", veja a Tese de Doutorado em História Econômica da Universidade de São Paulo, intitulada " Barões do Ouro e Aventureiros Britânicos no Brasil : a Companhia Inglesa de Macaúbas e Cocais, 1.828 - 1.912 ", elaborada pelo professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA, Fábio Carlos da Silva ). ( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

Sobre esses primeiros seis anos de John Dayrell no Brasil ( 1.830 - 1.836 ), vividos nessa região da Vila de Cocais, é natural levantar-se a hipótese de que ele e Alice poderiam ter tido aí, alguns de seus 15 filhos. Mas até hoje, não conseguimos registros ou dados que confirmem essa hipótese.

Como se sabe, a obrigação de " registrar " nascimentos e a existência de Cartórios, só vigorou no Brasil a partir de 1.880. Antes, só existiam " registros de nascimentos " nas Paróquias católicas e " registros de óbitos ", nos Cemitérios.

Mesmo assim e mesmo sendo John Dayrell um convicto protestante, examinei detalhadamente as 2.020 páginas dos Registros de Batismos ( 1.807 - 1.855 ) que estão arquivados na Cúria Metropolitana de Mariana-MG, referentes à Paróquia / Matriz de S. João Batista de Morro Grande ( 1.764 - Barão de Cocais ), à Paróquia / Santuário de Santana ( 1.769 - Vila de Cocais ) e à Paróquia / Matriz de Sto. Antônio ( 1.715 - Sta. Bárbara ) .

Não foi encontrado qualquer registro que identificasse algum Dayrell nascido nessa região . . .

6 - Diamantina / Sertão Mineiro

Nosso patriarca John Dayrell, era realmente um " andarilho contumaz ". Nascido em Barbados, morou, estudou e formou-se em Medicina em Londres, viveu seus primeiros anos de Brasil na Vila Imperial de Cocais e, não sabemos quanto tempo depois, " descobriu " o sertão mineiro, onde morou e andou por várias localidades, no lombo de burros ou nas canoas dos rios Jequitinhonha, das Velhas, S. Francisco e Paranaíba. Vejamos suas principais andanças :

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . " . . . o Dr. Dayrell mora há trinta anos em Diamantina . . ."
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . " . . . o Dr. Dayrell tem uma casa na cidade e uma fazenda com cerca de 1.200 acres . . . "

. . . . . . . . . . . . . ( Richard Burton, " Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico " - cap. VIII, escrito em 1868 )

* Em 1.837 estava em Diamantina : foi nesse ano que se inscreveu como " Membro da Irmandade da Casa de Misericórdia ".
* Nos anos seguintes, morou no Serro, Sto. Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio da Pedra, onde nasceram seus filhos José
..Mortimer e Carlos Leopoldo.
* Suas Fazendas eram localizadas em Angú Duro, na estrada velha Serro / Diamantina, perto de Sto. Antônio do Itambé.
* Em 1843 e 1.844, ele morava em Grão Mogol, lá no norte de Minas, onde nasceram seus filhos Serrano e Guilhermina. Contam
..os antigos que essa mudança temporária para tão longe foi causada por uma briga sua, com o Arcebispo de Diamantina. Ou por efeitos
.."políticos" das disputas entre monarquistas e republicanos que envolviam, na época, todas as pessoas de certo nível. . .
* Nesse mesmo ano de 1.843, êle, " onipresente ", andou por Coromandel, lá longe, a noroeste do Triângulo Mineiro, onde teve um filho .
.. natural , o Celestino Dayrell. . .
* Em 1.867 certamente estava de volta à Diamantina, pois encontrou-se aí nesse ano, com Richard Burton e o acompanhou em suas
. andanças.
* Estava também em Diamantina no ano de sua morte - provavelmente 1.884 - quando aconteceu uma grande comoção na cidade, onde
..era extremamente querido, culminando com seu sepultamento em frente à Santa Casa de Caridade ( Veja relato de sua morte, no Link "
.."Família John / Alice " ).

Diamantina, berço principal da Família Dayrell no Brasil.
A seta, assinala o provável endereço da Família Dayrell, à Rua das Mercês, 364


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

Essa mudança de John Dayrell para o norte de Minas, segundo relatos dos antigos, ocorreu porque ele apresentava quadros de "Bronquite aguda", morando na região fria e úmida de Cocais.

Nessa situação, ele teria sido aconselhado por seu compatriota John Rose, que trabalhava na Mina de Morro Velho e freqüentava as Minas de Cocais (conforme registros existentes em Morro Velho), a mudar-se para o sertão de Minas Gerais, "terras de ar puro, muito sol e temperatura saudável ".

John Rose era arquiteto e mais tarde mudou-se também para Diamantina, sendo o responsável pelas grandes obras de arquitetura da cidade, entre elas, a reforma da Santa Casa, o Passadiço da Glória (baseado na Ponte do Suspiro de Veneza), a Fábrica de Biribiri, etc..

Sobre as obras e a vida de John Rose, pode-se consultar a obra :

" O Artífice John Rose : um inglês em Diamantina " , de Maria da Conceição Duarte. ( Editora Gráfica Cristiane ) .

Em Diamantina, John Dayrell trabalhou como médico na "Santa Casa de Caridade", construída por um ermitão em 1790. Em 1837, ano provável da mudança de John Dayrell para Diamantina, ela foi reaberta, após reformas.

Em um Relatório da Provedoria da Santa Casa (1872 a 1874), arquivado na Biblioteca Antônio Torres de Diamantina, há um registro do nome de João Dayrell que, em 1837, se torna irmão da Irmandade da Casa de Caridade.

Inscrição no. 167 de John Dayrell, como Membro da Irmandade da
Casa de Caridade de Diamantina


Pesquisa Márcio Dayrell Batitucci / Marcelo Dayrell Batitucci / Geraldo Dayrell Gott


Excetuando-se as menções ao " Doutor Dayrell " feitas por Richard Burton, o Atestado de Óbito de sua filha Ottília Dayrell ( veja Link Família John / Alice ) e uma citação feita em um artigo de 1.931, comemorativo da visita dos principes reais ingleses à Minas Gerais ( veja item 1, acima ) esse é o único outro registro existente sobre nosso patriarca John Dayrell, encontrado em documento escrito, aqui no Brasil. É pois, um documento de muito valor para nós ! Comprova também, que nesse ano de 1837, John Dayrell já morava em Diamantina.

Em 1870, a Santa Casa foi reconstruída pela Diocese de Diamantina, passando para sua propriedade.

Essa circunstância, talvez explique porque John Dayrell, protestante convicto, teria sido apenas "um simples médico" da Santa Casa, não tendo jamais assumido qualquer posto de direção ou, mesmo, deixado seu nome aposto em qualquer documento da Santa Casa.
. . . . . ( Nos Livros e Arquivos da Santa Casa - alguns datados de 1790 - não existe qualquer menção ou registro do nome John Dayrell ! ) .

Embora não haja qualquer registro escrito que comprove o fato, há relatos dos antigos, contando que John Dayrell teria morado à Rua das Mercês, no. 364 , uma edificação ao estilo londrino, com um mezzanino, construída por seu amigo, o arquiteto John Rose. Esta casa, nos anos de 1948 até os anos de 1955, pertenceu à Maria das Dores Dayrell Lopes (Durica), filha de Joaquim Justiniano Dayrell ( Quinquim ), neto de John Dayrell. Nesse período, Durica alugava alguns quartos da espaçosa casa, para jovens de outras cidades, que vinham estudar no disputado Colégio Arquidiocesano de Diamantina. Antes de 1948, ela pertenceu a um tal José Serafim e, antes dele, a um tal Waldemar. . .

O Cartório de Registro de Imóveis de Diamantina, não tem registro sobre os proprietários anteriores ao Waldemar. Assim, permanece a dúvida se realmente essa residência foi a moradia de John Dayrell e sua família. A casa foi reformada recentemente.

Provável endereço da Família Dayrell em Diamantina
Rua das Mercês, 364


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

Por ser protestante e não querer converter-se ao catolicismo, John Dayrell teve problemas com o sistema de poder local (Igreja...) : Há relatos de uma séria desavença sua, com o Arcebispo local, o que teria influenciado sua decisão de viver mais em suas Fazendas, em São Gonçalo do Rio das Pedras e Sto. Antônio do Itambé.

Era extremamente querido por todo o povo de Diamantina.

Morreu em torno de 1884 e, por sua condição de protestante, não poude ser enterrado no interior das Igrejas - como era o costume na época - tendo sido sepultado em frente à " Santa Casa de Caridade ", por exigência do povo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .( Veja relato do enterro do John Dayrell, no link " Família John / Alice " ) .

FILHOS DE JOHN DAYREL E DE ALICE MORLEY DAYRELL:

Felisberto Dayrell
Mortimer Dayrell ( falecido ainda muito novo )
José Mortimer ( Dayrell Mortimer )
João Dayrell
Serrano Dayrell
Francisco Dayrell ( Não sabemos nada sobre esse filho )
Carlos Leopoldo Dayrell
Augusto Dayrell
Leopoldo Carlos Dayrell
Maria Elvira Dayrell
Alice Mortimer Dayrell
Guilhermina Dayrell
Henriqueta Dayrell
Otília Dayrell Rolim
Georgina Dayrell

Além desses filhos " legítimos " acima, sabemos que John Dayrell teve outro( s ) filho( s ) " naturais " fora do casamento. Meu avô e meus tios-avos, comentavam que John Dayrell " teve muitos filhos, inclusive alguns extra-casamento, que ele fazia questão de registrar com seu nome Dayrell " .

Há um curioso assentamento no 1º. Livro de Registro de Falecimento, no Cemitério de Diamantina. Lá consta o falecimento, em 02 de março de 1914, de Ritta Dayrell, de COR NEGRA. O pai dessa Dayrell de cor negra pode ter sido John Dayrell, fruto de algum relacionamento seu extra-conjugal com uma mulata ou uma negra, que o tenham encantado . . . É bom lembrar que nessa época em que John viveu em Diamantina e Serro ( 1. 836 . . . . ), estávamos em plena era da escravidão ! . . . E era costume frequente, os " senhores " terem relacionamentos com suas " servas-escravas " . . .

Contudo, existe também no Cartório de Registro de Diamantina, um Atestado de Óbito em nome de "Ritta Dalhia", falecida em 01 de março de 1.914, também de cor negra, mas com pai e mãe identificados. Seriam as duas Rittas as mesmas pessoas ? Pode ser que sim . Nesse caso, a hipótese acima, perde sua consistência .

De qualquer modo, além da possível paternidade acima, há uma comprovação documentada de um dos "filhos naturais" de John. Trata-se do Celestino Pereira Dayrell, fruto de um relacionamento seu com Maria Guerino de Jezus, origem da numerosa " Família Celestino Dayrell " que desenvolveu-se em Coromandel-MG e cercanias. ( Veja Link "Família Celestino Dayrell " ) .

No Diário de Helena / Alice (dia 29 de abril de 1895) existe também um intrigante trecho que poderia explicar outra origem dessa Ritta Dayrell negra, como sendo filha de uma das filhas do John :

"...Tenho também tanta antipatia de ver um negrão como Nestor, agora vestido com farda de soldado, mexer no armário de Dindinha (a Henriqueta / Quequeta, solteira, madrinha de Helena / Alice e que morava em sua casa). Meu pai sempre diz que essa " caduquice " de Dindinha com Nestor não é bondade, é fraqueza e bobagem..."

A negra Ritta Dayrell, poderia ter sido fruto dessa "fraqueza e bobagem" da Henriqueta, com o negrão Nestor ?...

Segundo uma "tia-avó" ainda viva, que conviveu muito com a Henriqueta e Otília, quando elas moravam em Curvelo, é pouquíssimo provável que a Henriqueta tivesse tido algum filho e, muito menos, essa Ritta Dayrell. Assim, permanece a hipótese mais provável de que ela teria sido filha de John Dayrell . . . Ou que seria apenas a Ritta Dalhia . . .

Portanto, com esses dois filhos naturias - Celestino e Ritta - podemos concluir que John Dayrell teve 17 filhos !


7 - Os primeiros relatos sobre os Dayrell´s no Brasil

Como comentado acima, os primeiros relatos oficiais sobre os Dayrell´s no Brasil, estão registrados no extraordinário Livro do Explorador inglês Richard Francis Burton, citado anteriormente, no item 1 acima.

Para fins de registro e conhecimento por parte daqueles que ainda não tiveram contato com essa extraordinária Obra, transcrevemos a seguir, alguns trechos do capítulo VIII:

"...Não tardei a reconhecer, de longe, o nosso destino. A casa parecia bem tratada, assim como o pomar, rico em laranjeiras e outras árvores: de fato, havia certo sabor de um velho país, agradável (a Inglaterra), em uma terra nova . . .

...O Dr. Dayrell, meu patrício, da família de Barbadoes, originária de Bucks, pode corrigir Rokeby a respeito de seu antepassado o "Wild Darrel", de Littlecote House, que queimou o bebê. Depois de formar-se em Londres e casar-se, foi trabalhar na Companhia de Cocais, em 1830, e conta muitas coisas curiosas a respeito das antigas minas. Mora há trinta anos em Diamantina, onde criou muitos filhos e filhas, e onde, com grande dano para suas perspectivas profissionais, todo mundo é agora, seu compadre. Tem uma casa grande na cidade e uma fazenda com cerca de 1.200 acres: todos os seus filhos estão empregados, e ele olha com indiferença, a possibilidade de tornar-se senhor do velho solar de Littlecote (Como descendente da família Dayrell inglesa...)

...O Dr. Dayrell concordou, amavelmente, em nos acompanhar, atirou o coldre na sela da mula e assoviou chamando seu cão, um mastim inglês de meio sangue, da raça de Morro Velho... Ele se tornara cauteloso, já tendo sido atacado a tiros na Serra de Grão Mogol duas vezes, uma por engano e outra premeditadamente. Seguimos pela margem direita do Rio das Pedras, até uma pequena lavra, onde um dos filhos do médico, o Sr. Felisberto Dayrell, estava trabalhando com uma vintena de homens...

...Acompanhados pelo sr. Carlos Dayrell, outro dos rebentos, chegamos à Mina da Barra da Lomba . . .

...Almoçamos na Lomba, com bom apetite. Habitualmente, o almoço é servido mais tarde aos donos de minas e mineradoras, que dedicam ao trabalho a maior parte da manhã. O estilo é de todo patriarcal. O homem principal senta-se à cabeceira e bebe em um copo de prata, ao passo que todos os outros sentam-se de lado e levantam-se logo após o café. Apesar da divergência a respeito da maquinaria, não houve falta de cordialidade por parte dos anfitriões..."

Outro importante relato sobre os primórdios da família aqui no Brasil, embora com poucas informações específicas sobre os Dayrell, pode ser encontrado no Diário escrito pela neta do John Dayrell e filha do Felisberto Dayrell, Alice Dayrell Caldeira Brant, com o pseudônimo de "Helena Morley". Esse Diário foi escrito nos anos de 1893 a 1895, quando a autora tinha apenas 13 a 15 anos, mas só foi publicado no ano de 1.940.
Trechos específicos desse Diário, referentes à Família Dayrell, estão relatados nas diversas Árvores Genealógicas, em seus links específicos .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (Morley, Helena - "Minha Vida de Menina" - Companhia das Letras - SP)

8 - Outras informações e carências

Um grande número de membros da Família Dayrell, tem ou já tiveram algum interesse em saber mais sobre a sua genealogia.
Alguns começaram pesquisas, outros sabem de historias que ouviram dos antepassados, outros tentam confirmar a veracidade de fatos, alguns têm farto material sobre a família.
A cada dia que passa, descobrimos novos fatos sobre a família, o que nos encanta, motiva e, às vezes, confunde ainda mais...

Há ainda algumas dúvidas e lacunas a serem preenchidas sobre os primórdios da Família, aqui no Brasil. Há. p. ex., total desconhecimento sobre o Francisco Dayrell e sua linhagem, um dos prováveis filhos de John e Alice.

À medida que membros da família tomam conhecimento deste site, começam a surgir novas informações e caminhos...

Torna-se fundamental a colaboração e a disponibilidade dos vários membros da Família Dayrell, enviando nomes, informações, histórias e fatos relevantes de seus respectivos ramos.

Seria também, extremamente interessante, que os diversos ramos da Família enviassem fotos do John Dayrell e da Alice Mortimer, de seus filhos (as) e respectivos (as) esposos (as) e netos ( fotos até a 3a. geração ! ) para enriquecermos as diversas Árvores Genealógicas . Fico aguardando . . .



Márcio Dayrell Batitucci
( Árvore : John / Serrano / Afonso / Corina / Márcio )



CONTATOS:

* Márcio Dayrell Batitucci
e´mail : familiadayrell@uaigiga.com.br
e´mail : interbatitucci@uol.com.br
tel.: ( 31 ) 3344: 9638
fax: ( 31 ) 3344: 6046



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uai
- Site : www.familiadayrell.uaivip.com.br
Rev. 03 / 08

1 - Origens

A Família Dayrell instalou-se no Brasil, no Século XIX. Seu primeiro membro foi o médico John Dayrell que veio para cál, com sua esposa e passou grande parte de sua vida em Diamantina e cercanias.

Ao contrário do que sempre nos foi passado pelos antigos Dayrell´s e ao contrário do tratamento carinhoso que o povo de Diamantina lhe dava, nosso patriarca John Dayrell, o " doutor inglês ", não era " legitimamente " um inglês nato.

Conforme documentos e registros, John Dayrell nasceu na pequena Ilha de Barbados, localizada no Caribe, Antilhas, descoberta pelos espanhóis em 1.519 e transformada em Colônia Britânica de 1.652 até 1.966, quando se tornou independente.

Barbados é a mais oriental das ilhas caribenhas, ficando à leste de Sta. Lúcia e de S. Vicente. Sua capital é Bridgetown, onde viveu a Família Dayrell, quando emigou da Inglaterra. ( Veja item 4, link " Origens " )

Localização da Ilha de Barbados, nas Antilhas ( Caribe )


Acervo : Márcio Dayrell Batitucci

Edmund Dayrell ( 1.720 - 1.792 ), casado com Ann Dayrell, foi o primeiro Dayrell a emigrar da Inglaterra para a Ilha de Barbados, nas Antilhas, no ano de 1.774. Eram os bisavós de nosso patriarca John Dayrell. Tiveram dois filhos :

* Edmund Dayrell ( 1.743 - 1.816 ), casado com Ann de Clénord, sem filhos.

* Thomas Dayrell ( 1.745 - 1.796 ), casado com Mary Roberts Callender, avós de John Dayrell, que tiveram oito
...filhos entre eles :

* Thomas Dayrell ( 1.778-1.844 ),casado com Elvira Smith Cox, pais de John Dayrell, que tiveram sete
. .filhos.
Thomas Dayrell retornou para a Inglaterra, com sua família, em torno de 1.812, indo trabalhar em Bristol.

Dados Básicos sobre John Dayrell (www.familysearch.com)
Veja também : http://wc.rootsweb.com/cgi-bin/igm.cgi?surname=Dayrell&given=John&start=21

IGI Individual Record FamilySearch™ International Genealogical Index v5.0
Caribbean Islands
Search Results | Download | Pedigree

JOHN LUCY SMITH DAYRELL
Male
Event(s):
Birth:
Christening: 20 FEB 1808 Christ Church, Barbados, Caribbean
Death:
Burial:
Parents:
Father: THOMAS DAYRELL
Mother: ELVIRA SMITH COX

Extracted birth or christening record for the locality listed in the record. The source records are usually arranged chronologically by the birth or christening date.

Do mesmo modo, o explorador inglês Richard Burton, em sua Obra "Explorations of the Highlands of the Brazil" escreve :

. . . . . . . .. . . . . ." . . . o Dr. Dayrell, meu patrício, da Família Barbadoes, originária de Buckinghamshire ( Inglaterra ) . . . )

A Ilha de Barbados, com a Capital Bridgetown, onde nasceu John Dayrell


Acervo : Márcio Dayrell Batitucci

A Família Dayrell deve ter sido importante em Bridgetown, pois lá ainda existe a " Dayrell Street ", uma rua simpática, dedicada a alguém da família. . .

John Dayrell nasceu e viveu em Barbados até 1.820, quando a Família retornou à Inglaterra. Segundo o testemunho do explorador Richard Burton, ele formou-se em Medicina em Londres, com 22 anos, casou-se por lá e veio para o Brasil em 1.830.

Vista da parte central de Bridgetown, onde nasceu nosso patriarca
John Dayrell


Foto Google Earth

Há dúvidas sobre o nome correto de nosso patriarca :

* Nos registros ingleses acima, ele aparece como " John Lucy Smith Dayrell ".

* Burton só se refere a ele chamando-o apenas de " Dr. Dayrell ".

* Em sua inscrição como "Membro da Irmandade da Casa de Misericórida" de Diamantina, em 1.837 , seu Registro é feito
..também como simplesmente " João Dayrell ". ( Veja o Link " Família John e Alice ).

* Na Certidão de Óbito de Ottília Dayrell Rolim, filha de John, encontrada em Curvelo-MG, aparece o nome de seu pai como
.. " João Dairel " ( Veja Link "Família John / Alice " ).

* Em um artigo publicado pela " Revista do Archivo Mineiro " , em abril de 1.931, escrito pelo prof. Nelson Senna e publicado no órgão
..Oficial do Estado, o " Minas Gerais ", comemorando a visita de " Suas Altezas Reaes o principe de Galles e seo augusto e mais
. .jovem irmão,..o Príncipe George, à Capital montaheza " , está registrado :

..." . . . em territorio de Minas Geraes, vivem felizes innumeras familias portadoras de cognomes britannicos, herdados de
.. . . . . .seus ascendentes estabelecidos no Brasil, como os Chalmer, os Badwen, os Cockrane, os Dayrell . . ."

..." . . . alguns vultos ficaram na memoria agradecida do nosso povo, como o médico escossez dr. John Mortimer Dayrell . . . "
.... ..................................................................( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

* No caderno escrito à mão pelo estudioso da Família, Romeu Dayrell França, onde está registrada toda a Árvore Genealógica da
..Família de John e Alice, em sua primeira geração, consta o nome de nossa matriarca como Mary Alice Mortimer Dayrell .
.... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

Esse dois últimos documentos são muito importantes pois, além de registrar os nomes de John e Alice de modo diferente, ainda nos fornecem uma segunda explicação sobre a origem do sobrenome Mortimer que identifica o importante e simpático ramo da Família, capitaneado por José Mortimer Dayrell, um dos filhos de John.
A outra versão sobre a origem do " Mortimer ", vem de uma possível homenagem de John Dayrell à sua cunhada, casada com seu irmão Henry, que se chamava Charlotte Caroline Mortimer . . .

Resumindo : pelos documentos que chegaram até nós, nosso patriarca tem seu nome registrado como :

* John Lucy Smith Dayrell
* John Dayrell / João Dayrell / João Dairel
* Dr. Dayrell
* John Mortimer Dayrell

A ligação genealógica entre John Dayrell e os vários Darrel´s ingleses, bem como informações sobre seus irmãos
e tios, pode ser acompanhada no Link " Origens ", item 4.

John Dayrell
Acervo Ma. Tereza Dayrell Amaral- Coromandel-MG


Pesquisas : Márcio Dyrell Batitucci e Geraldo Dayrell Gott

2 - Os Dayrell´s no Brasil

Há muitas histórias e hipóteses sobre os primeiros anos dos Dayrell no Brasil. Afinal, onde morou e trabalhou John Dayrell, quando aqui chegou da Inglaterra, recém-formado em Medicina ?

Uma das versões mais difundidas por membros antigos da família, relata que ele veio trabalhar na mina de ouro de Morro Velho, em Nova Lima-MG.

Essa hipótese, inclusive, consta do longo texto de Vera Brant, amiga de Alice Dayrell Caldeira Brant (Helena Morley), que está reproduzido no site www.geocities.com/leticiadayrell, no link "Histórias e Vidas".

Como algumas outras afirmações de Vera Brant ( " . . .o Morley de Helena veio da avó materna, a avó paterna de Alice era brasileira, John Dayrell morreu com 90 anos, etc...," ) também essa afirmativa, de que John Dayrell teria vindo trabalhar em Nova Lima, não oferece fundamentação válida, em confrontação com outros dados históricos conhecidos...

Tive oportunidade de aprofundar a hipótese acima, em pesquisas detalhadas, no excepcional acervo da "Casa da Memória" da Mina de Morro Velho ( Nova Lima-MG ).

Essa versão se mostrou inconsistente, pois os ingleses da "Saint John D´el Rey Mining" só compraram e assumiram a Mina de Morro Velho, do antigo proprietário, Padre Freitas, em 1834, portanto, quatro anos APÓS a chegada de John Dayrell ao Brasil. Além do mais, o acervo histórico da Mina de Morro Velho (atual Anglo Gold Ashanti South America) é bastante detalhado e não há qualquer alusão ou registro referente ao médico John Dayrell, ao contrário de outros profissionais, inclusive dos primeiros responsáveis pela área médica, que estão devidamente identificados e registrados nos documentos iniciais da Mina. Segundo esses registros, o Serviço Médico de Morro Velho só foi inaugurado em 1838, portanto, quando John Dayrell já morava em Diamantina. O que comprova, com certeza, que John Dayrel não trabalhou na Mina de Morro Velho.

Assim, restam duas prováveis hipóteses, ambas apresentando respaldo objetivo em um dos poucos relatos oficiais existentes : a narração do explorador inglês Richard Francis Burton, em seu Livro, escrito em 1867:

. . ." Explorations of the Highlands of the Brazil " , traduzido e publicado aqui em dois volumes, .pela .Itatiaia
. . . ..Editora de Belo Horizonte :

a - " Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico " ( 1.867 ) e

b - " Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho " ( 1.868 ) .

No capítulo VIII, do primeiro volume acima citado, ele escreve :

"O Dr. Dayrell, meu patrício... depois de formar-se em Londres e casar-se, foi trabalhar na Companhia de Cocais, em 1830... Mora há
.trinta anos em Diamantina, onde criou muitos filhos e filhas..."

Richard Francis Burton escreveu detalhadamente, com apurado rigor técnico e histórico, sobre tudo que viu e vivenciou em sua passagem pelo Brasil. Deixou também registradas suas observações sobre as terras auríferas da região de Minas Gerais - descobertas pelo Bandeirante Borba Gato, em Sabará-MG no século XVIII - que estendiam-se por Nova Lima, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caetés, Congonhas, Ouro Branco, Ouro Preto, Mariana, etc..

Conforme pois, o trecho acima citado, John Dayrell , quando chegou ao Brasil, veio trabalhar na "Companhia de Cocais".

Mas, que tipo de local e de Empresa, Richard Burton estava identificando como a "Companhia de Cocais" ?
Essa é a questão básica, que nos remete a duas prováveis hipóteses :

3 - Barão de Cocais / Congo Soco

As primeiras notícias sobre as riquezas de Minas Gerais, inclusive os sítios auríferos da região de Barão de Cocais, onde localiza-se Congo Soco, são encontradas em várias obras de alguns viajantes ingleses que passaram por aqui no decorrer do século XIX.

Congo Soco é um testemunho vivo de um dos ciclos mais marcantes na economia nacional, o ciclo do ouro. Esse ciclo local, teve sua história iniciada em 1745, quando o cavouqueiro Bitencourt encontrou ouro nos cursos d´água que cortavam essa região.

O primeiro proprietário a explorar a Mina de Congo Soco - situada a uns 10 kms da cidade de Barão de Cocais - foi o coronel Manoel da Câmara Noronha. Seus filhos a venderam em 1.808, ao comendador e capitão-mor português, José Alvares da Cunha e à seu sobrinho o capitão-mor João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o futuro " Barão de Catas Altas " .

D. Pedro I, através de Decreto exarado em 16 / 09 / 1.824 autorizou, pela primeira vez, um estrangeiro, o inglês Edouard Oxenford, a " organizar no Brasil uma Companhia para explorar ouro em Minas Gerais, através de compra de jazidas abandonadas " .

Congo Soco foi então vendida pelo Barão de Catas Altas à Eduardo Oxenford e a outros investidores ingleses, pela fortuna de trezentos contos de réis - cerca de setenta e cinco mil libras - na maior transação comercial efetuada na Província, até então .

Os compradores criaram a " Imperial Brazilian Mining Association ", a primeira Empresa de capital estrangeiro a instalar-se em Minas Gerais e que começou a operar em 1.825.

Por motivos de saúde, Edouard Oxenford voltou para a Inglaterra, deixando à frente de Congo Soco seu irmão Ferdinand Oxenford.

Richard Burton, relata no segundo Volume citado no item 2 acima, capítulo XXI, seção III:

"...O primeiro proprietário a explorar Congo Soco foi o coronel Manoel da Câmara Noronha. Seus filhos a venderam em 1808 ao comendador e capitão-mor português, José Álvares da Cunha e ao seu sobrinho o capitão-mor João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o futuro Barão de Catas Altas. A Imperial Brazilian que a comprou em 1824, foi a primeira Empresa de capital estrangeiro a instalar-se em Minas Gerais.
Congo Soco transformou-se em uma aldeia inglesa nos trópicos, com sua Igreja e capelão consagrados pelo bispo de Londres... Tinha 180 empregados ingleses, ajudados por 600 trabalhadores livres e negros escravos.
Em 1830, o superintendente Capitão Lyon, foi sucedido pelo Coronel Skerret que, por judiciosa disciplina militar, implantou na mina uma ordem perfeita : introduziu o excelente sistema de transformar os negros em seus próprios feitores..."

Algumas características da vida de Congo Soco foram notificadas por viajantes que passaram pelo complexo no decorrer do sec. XIX, deixando em seus relatos impressões fragmentadas sobre as atividades gerais desenvolvidas na comunidade. O primeiro viajante que fala sobre Congo Soco foi Charles James Fox Bunbury, em 1833. Por ser naturalista, ocupou-se em analisar principalmente a flora e a fauna, mas não deixou de relatar detalhes sobre as condições de trabalho, técnicas de extração e a hospitalidade advinda da riqueza.

Em 1840, George Gardner, ao passar pela localidade, descreveu elementos da disposição espacial de Congo Soco. Com essa informação, foi possível detectar dois setores distintos no complexo hoje arruinado : o de produção e o de moradia.

De 1826 a 1856, data de seu fechamento, a Congo Soco produziu 13.000 quilos de ouro.

As edificações arruinadas da antiga mina e do aldeamento originado por ela, hoje tombados pelo IEPHA-MG, se estendem por cerca de quase dois quilômetros, distinguindo-se os dois setores acima citados : o setor de trabalho e o setor de moradia. As construções são todas, sem exceção, em alvenaria de pedra e barro.

. . . . .( Apesar de tombado pelo IEPHA-MG, todo esse precioso sítio histórico, encontra-se em deplorável estado de deteriorização ! . . . )

O setor de trabalho é formado por duas grandes construções, que ainda conservam suas paredes externas e teriam tido aproximadamente 1.200 m2 de área construída. Caminhando-se na direção oeste, vê-se à direita um muro de pedra de aproximadamente 60 m de comprimento, terminando no que teria sido um portão em arco e, à esquerda, um provável vestiário, como cita Richard Burton, quando por lá esteve. Este conjunto constituia-se como o limite oriental da mina.

O setor de moradia é formado por uma série de construções ( casas ) distanciadas umas das outras, onde pode-se ver um sistema viário delineado, com suas pontes também de pedra, um curral ou a antiga cavalariça e um cemitério situado em uma colina, onde está localizado o vale do Córrego Congo, no qual estão assentadas as ruinas da antiga aldeia.

Ruinas de uma das casas da Vila Inglesa de Congo Soco

Foto : Márcio Dayrell Batitucci

No cemitério, encontram-se hoje cerca de dez lápides, algumas com inscrições em inglês ornamentadas com desenhos apurados, com o nome da pessoa ali enterrada. Há túmulos de adultos e de crianças. O cemitério é cercado por um mudo de pedra de aproximadamente 80 cm de altura. Desse local, tem-se uma bela visão de todo o vale, onde era localizada a Vila e as demais construções.

Nesse setor de moradia, duas ruinas de construções destacam-se por suas dimensões :

A primeira, formando um conjunto com becos e construções de vários tamanhos, é chamada de "Casa do Barão", em homenagem ao Barão de Catas Altas, o capitão-mór João Batista Ferreira de Souza Coutinho, um dos primeiros proprietários da mina, que a vendeu aos ingleses. Comparando-se o traçado desse conjunto com a foto da verdadeira "Casa do Barão" ( veja abaixo ), não é provável que elas sejam realmente as ruinas do antigo casarão. Na realidade, elas retratam uma ala de moradia da "Vila dos Ingleses" .

Casa do "Barão de Catas Altas" , em Congo Soco, em foto de 1913, já em pleno
processo de deteriorização

Foto ? ? ? - Reprodução fotográfica : Márcio Dayrell Batitucci

Ruinas da chamada "Casa do Barão" e parte da Vila Inglesa, em Congo Soco


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

O segundo conjunto de ruinas, situado a uns 500 mts. de distância da "Casa do Barão", todo em pedra e barro, é uma imponente e sólida edificação, que se desenvolve em dois blocos distintos, ao entorno de um pátio interno, cercada por um muro de aproxmadamente 80 cm de altura, e que é identificado pelos registros antigos como sendo o hospital da mina .

Ruinas de um dos blocos do " Hospital de Congo Soco "

Foto : Geraldo Dayrell Gott


Vê-se, pois, que essa Mina de Congo Soco, em Barão de Cocais, constituiu-se como um empreendimento de grande porte, com estrutura complexa, envolvendo até a construção de uma Vila relativamente grande, com casas, igreja, escola, HOSPITAL, cemitério, etc...
Era uma grande estrutura, onde poderia ter morado e trabalhado inicialmente John Dayrell.

Contudo, a identificação da " Companhia de Cocais ", citada por Burton, como sendo a " Mina de Congo Soco ", não tem suporte válido, pois ele escreveu o trecho anteriormente citado, em 1.867. Nesse ano, a Vila onde se localizava a Mina de Congo Soco, se chamava ainda " São João do Presídio de Morro Grande " e era um Distrito de Santa Bárbara.

Somente em 1.943, Morro Grande foi desmembrado de Santa Bárbara e passou a chamar-se oficialmente " Barão de Cocais ", em homenagem a seu patrono, o Tenente Coronel José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o " Barão de Cocais", nascido e criado na Vila Imperial de Cocais ( Veja item 4 a seguir ) .

Assim, quando Burton falou que John Dayrell " veio trabalhar na Companhia de Cocais ", não poderia estar identificando-a como a " Mina de Congo Soco ", em Morro Grande ( atual Barão de Cocais ) .

Apesar de não ter vivido em Congo Soco, John Dayrell deve ter frequentado eventualmente esse sítio, tanto pela existência de uma organizada "Vila Inglesa", onde moravam muitos de seus conterrâneos britânicos, como pela estrutura do Hospital ali existente, para onde ele deve ter encaminhado os casos mais graves que ele encontrava em seu trabalho, na Companhia de Cocais, logo ali, a cerca de 20 kms, na Vila Colonial de Cocais. . .

4 - Vila Colonial de Cocais

A " Companhia de Cocais " citada por Burton, com bastante certeza, pode ser identificada como estando localizada na " Vila Colonial de Cocais ", um povoado situado a uns 10 kms. da atual cidade de Barão de Cocais-MG.

Fundada em 26 de junho de 1.703 pelos bandeirantes Antônio e João Furtado Leite, irmãos portugueses, a Vila de Cocais viveu a opulência do ciclo do ouro e cresceu sob a sombra das nobres famílias Furtado Leite e José Feliciano Pinto Coelho da Cunha ( o futuro " Barão de Cocais " ).

Pela Fazenda da Cachoeira, onde nasceu e viveu o " Barão de Cocais ", passaram visitantes ilustres como Von Spix, Von Martius, Saint Hilaire, John Pohl, o próprio Ricahrd Burton e, certamente, nosso pátriarca John Dayrell, que trabalhava na Mina localizada nessa Vila.

Era uma Vila de nível cultural elevado e nobre, onde existiam mais de 20 pianos fabricados na Europa, que animavam os bailes e festas nos antigos casarões. Talvez por essa razão, tenha recebido o compositor Fernand Jouteau, que lá concluiu a conhecida ópera " Os Sertões " .

Em 1.827, a Diretoria inglesa da " Imperial Brazilian Mining Association " de Congo Soco, não estava satisfeita com os resultados obtidos por Edouard Oxenford. Assim, dissolveu e demitiu o Comitê Diretivo no Brasil, comandado por seu irmão Ferdinand Oxenford.

Edouard Oxenford decidiu, então, em princípios de 1.828, organizar uma nova Companhia de mineração que " haveria de manter-se sob seu controle direto ". Associou-se aos comerciantes britânicos John Robert Hard, Douglas Kinnard e William Morgan e anunciou publicamente em Londres a criação desse novo empreendimento, com o nome de " National Brazilian Mining Association " .

Para viabilizar o negócio, retornou ao Brasil, fez contato com seus antigos colaboradores de Congo Soco e com proprietários e políticos notáveis da região, entre os quais, José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o "Barão de Cocais", proprietário das lavras de Cocais e João Batista Ferreira de Souza Coutinho, o " Barão de Catas Altas ", de quem Oxenford comprara a Mina de Congo Soco, há três anos atrás e que era também proprietário da Fazenda Macaúbas, um sítio de várias jazidas auríferas promissoras.

No final de 1.828, Oxenford e o Barão de Catas Altas, seu conhecido de negócios na compra do Congo Soco, formaram sua sociedade de mineração, com o objetivo de explorar as Minas da Fazenda Macaúbas, sob o mesmo nome da Empresa que ele criara em Londres, a "National Brazilian Mining Association " . A Empresa funcionaria de modo ilegal, pois não tinham ainda conseguido a autorização do Impererador D. Pedro I, necessária para qualquer sociedade estrangeira operar no Brasil.

Nos anos seguintes, para burlar sua irregularidade - já havia isso no Brasil de 1.830 ! - a Companhia mudou de nome, passando a chamar-se " Imperial Macaúbas ". . . ( em 1833 passou a chamar-se " Companhia de Cocais " ) .

No ano de 1.830, segundo relato de Burton, chegou para trabalhar nessa Companhia, o recém formado médico John Dayrell, certamente trazido por Edouard Oxenford, em uma de suas vindas para cá.

A partir de 1.831, com a abdicação de D. Pedro I e a perda de prestígio do Barão de Catas Altas, na Corte, as relações entre ele e Oxenford. foram ficando difíceis e a sociedade definhou. Os sócios ingleses ficaram com todas as ações da Companhia.

5 - A oficialização da " Companhia de Cocais "

Durante esses anos, a poderosa família Pinto Coelho, à qual pertencia José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o Barão de Cocais, crescera muito e havia sérias dificuldades decorrentes da posse e da administração das minas e terras da Vila de Cocais. A família se dispunha a vender suas ricas terras e valiosas propriedades aos ingleses mas, para isso, era necessário a autorização do Imperador.

A família tentou até usar a influência de D. Domitila de Castro Canto e Melo, a famosa "Marquesa de Santos" - amante de D. Pedro I - que fora casada com o alferes Felício Pinto Coelho, primo do Barão de Cocais.. Mas em vão : não conseguiram a autorização !

Em 1.833, diante da impossibilidade de vender suas propriedades, a família Pinto Coelho, liderada pelo Barão de Cocais, chegou a um consenso de não explorar as minas da Serra de Cocais por conta própria e resolveu associar-se aos ingleses da " Imperial Macaúbas ", que haviam dissolvido a sociedade com o Barão de Catas Altas.

A " Imperial Macaúbas " ganhou então novo sócio - o Barão de Cocais - e passou a chamar-se " United Macaúbas and Cocaes National Brazilian Mining Association ", ou, abreviadamente, " Companhia de Cocais ". John Dayrell já trabalhava nessa mesma Companhia há cerca de três anos, quando ela era a " Imperial Macaúbas ". Ela operou até o ano de 1.912, passando por várias administrações, intervenções a acionistas . . .

Quando Burton a citou como o primeiro local de trabalho de John Dayrell, no Brasil, ele estava absolutamente correto pois, no ano em que escreveu sua Obra - 1.867 -, o nome da Companhia era de fato " Companhia de Cocais ".

( Sobre a " Companhia de Cocais ", veja a Tese de Doutorado em História Econômica da Universidade de São Paulo, intitulada " Barões do Ouro e Aventureiros Britânicos no Brasil : a Companhia Inglesa de Macaúbas e Cocais, 1.828 - 1.912 ", elaborada pelo professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA, Fábio Carlos da Silva ). ( Acervo Romeu Dayrell França e Gilson Assis Dayrell ) .

Sobre esses primeiros seis anos de John Dayrell no Brasil ( 1.830 - 1.836 ), vividos nessa região da Vila de Cocais, é natural levantar-se a hipótese de que ele e Alice poderiam ter tido aí, alguns de seus 15 filhos. Mas até hoje, não conseguimos registros ou dados que confirmem essa hipótese.

Como se sabe, a obrigação de " registrar " nascimentos e a existência de Cartórios, só vigorou no Brasil a partir de 1.880. Antes, só existiam " registros de nascimentos " nas Paróquias católicas e " registros de óbitos ", nos Cemitérios.

Mesmo assim e mesmo sendo John Dayrell um convicto protestante, examinei detalhadamente as 2.020 páginas dos Registros de Batismos ( 1.807 - 1.855 ) que estão arquivados na Cúria Metropolitana de Mariana-MG, referentes à Paróquia / Matriz de S. João Batista de Morro Grande ( 1.764 - Barão de Cocais ), à Paróquia / Santuário de Santana ( 1.769 - Vila de Cocais ) e à Paróquia / Matriz de Sto. Antônio ( 1.715 - Sta. Bárbara ) .

Não foi encontrado qualquer registro que identificasse algum Dayrell nascido nessa região . . .

6 - Diamantina / Sertão Mineiro

Nosso patriarca John Dayrell, era realmente um " andarilho contumaz ". Nascido em Barbados, morou, estudou e formou-se em Medicina em Londres, viveu seus primeiros anos de Brasil na Vila Imperial de Cocais e, não sabemos quanto tempo depois, " descobriu " o sertão mineiro, onde morou e andou por várias localidades, no lombo de burros ou nas canoas dos rios Jequitinhonha, das Velhas, S. Francisco e Paranaíba. Vejamos suas principais andanças :

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . " . . . o Dr. Dayrell mora há trinta anos em Diamantina . . ."
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . " . . . o Dr. Dayrell tem uma casa na cidade e uma fazenda com cerca de 1.200 acres . . . "

. . . . . . . . . . . . . ( Richard Burton, " Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico " - cap. VIII, escrito em 1868 )

* Em 1.837 estava em Diamantina : foi nesse ano que se inscreveu como " Membro da Irmandade da Casa de Misericórdia ".
* Nos anos seguintes, morou no Serro, Sto. Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio da Pedra, onde nasceram seus filhos José
..Mortimer e Carlos Leopoldo.
* Suas Fazendas eram localizadas em Angú Duro, na estrada velha Serro / Diamantina, perto de Sto. Antônio do Itambé.
* Em 1843 e 1.844, ele morava em Grão Mogol, lá no norte de Minas, onde nasceram seus filhos Serrano e Guilhermina. Contam
..os antigos que essa mudança temporária para tão longe foi causada por uma briga sua, com o Arcebispo de Diamantina. Ou por efeitos
.."políticos" das disputas entre monarquistas e republicanos que envolviam, na época, todas as pessoas de certo nível. . .
* Nesse mesmo ano de 1.843, êle, " onipresente ", andou por Coromandel, lá longe, a noroeste do Triângulo Mineiro, onde teve um filho .
.. natural , o Celestino Dayrell. . .
* Em 1.867 certamente estava de volta à Diamantina, pois encontrou-se aí nesse ano, com Richard Burton e o acompanhou em suas
. andanças.
* Estava também em Diamantina no ano de sua morte - provavelmente 1.884 - quando aconteceu uma grande comoção na cidade, onde
..era extremamente querido, culminando com seu sepultamento em frente à Santa Casa de Caridade ( Veja relato de sua morte, no Link "
.."Família John / Alice " ).

Diamantina, berço principal da Família Dayrell no Brasil.
A seta, assinala o provável endereço da Família Dayrell, à Rua das Mercês, 364


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

Essa mudança de John Dayrell para o norte de Minas, segundo relatos dos antigos, ocorreu porque ele apresentava quadros de "Bronquite aguda", morando na região fria e úmida de Cocais.

Nessa situação, ele teria sido aconselhado por seu compatriota John Rose, que trabalhava na Mina de Morro Velho e freqüentava as Minas de Cocais (conforme registros existentes em Morro Velho), a mudar-se para o sertão de Minas Gerais, "terras de ar puro, muito sol e temperatura saudável ".

John Rose era arquiteto e mais tarde mudou-se também para Diamantina, sendo o responsável pelas grandes obras de arquitetura da cidade, entre elas, a reforma da Santa Casa, o Passadiço da Glória (baseado na Ponte do Suspiro de Veneza), a Fábrica de Biribiri, etc..

Sobre as obras e a vida de John Rose, pode-se consultar a obra :

" O Artífice John Rose : um inglês em Diamantina " , de Maria da Conceição Duarte. ( Editora Gráfica Cristiane ) .

Em Diamantina, John Dayrell trabalhou como médico na "Santa Casa de Caridade", construída por um ermitão em 1790. Em 1837, ano provável da mudança de John Dayrell para Diamantina, ela foi reaberta, após reformas.

Em um Relatório da Provedoria da Santa Casa (1872 a 1874), arquivado na Biblioteca Antônio Torres de Diamantina, há um registro do nome de João Dayrell que, em 1837, se torna irmão da Irmandade da Casa de Caridade.

Inscrição no. 167 de John Dayrell, como Membro da Irmandade da
Casa de Caridade de Diamantina


Pesquisa Márcio Dayrell Batitucci / Marcelo Dayrell Batitucci / Geraldo Dayrell Gott


Excetuando-se as menções ao " Doutor Dayrell " feitas por Richard Burton, o Atestado de Óbito de sua filha Ottília Dayrell ( veja Link Família John / Alice ) e uma citação feita em um artigo de 1.931, comemorativo da visita dos principes reais ingleses à Minas Gerais ( veja item 1, acima ) esse é o único outro registro existente sobre nosso patriarca John Dayrell, encontrado em documento escrito, aqui no Brasil. É pois, um documento de muito valor para nós ! Comprova também, que nesse ano de 1837, John Dayrell já morava em Diamantina.

Em 1870, a Santa Casa foi reconstruída pela Diocese de Diamantina, passando para sua propriedade.

Essa circunstância, talvez explique porque John Dayrell, protestante convicto, teria sido apenas "um simples médico" da Santa Casa, não tendo jamais assumido qualquer posto de direção ou, mesmo, deixado seu nome aposto em qualquer documento da Santa Casa.
. . . . . ( Nos Livros e Arquivos da Santa Casa - alguns datados de 1790 - não existe qualquer menção ou registro do nome John Dayrell ! ) .

Embora não haja qualquer registro escrito que comprove o fato, há relatos dos antigos, contando que John Dayrell teria morado à Rua das Mercês, no. 364 , uma edificação ao estilo londrino, com um mezzanino, construída por seu amigo, o arquiteto John Rose. Esta casa, nos anos de 1948 até os anos de 1955, pertenceu à Maria das Dores Dayrell Lopes (Durica), filha de Joaquim Justiniano Dayrell ( Quinquim ), neto de John Dayrell. Nesse período, Durica alugava alguns quartos da espaçosa casa, para jovens de outras cidades, que vinham estudar no disputado Colégio Arquidiocesano de Diamantina. Antes de 1948, ela pertenceu a um tal José Serafim e, antes dele, a um tal Waldemar. . .

O Cartório de Registro de Imóveis de Diamantina, não tem registro sobre os proprietários anteriores ao Waldemar. Assim, permanece a dúvida se realmente essa residência foi a moradia de John Dayrell e sua família. A casa foi reformada recentemente.

Provável endereço da Família Dayrell em Diamantina
Rua das Mercês, 364


Foto : Márcio Dayrell Batitucci

Por ser protestante e não querer converter-se ao catolicismo, John Dayrell teve problemas com o sistema de poder local (Igreja...) : Há relatos de uma séria desavença sua, com o Arcebispo local, o que teria influenciado sua decisão de viver mais em suas Fazendas, em São Gonçalo do Rio das Pedras e Sto. Antônio do Itambé.

Era extremamente querido por todo o povo de Diamantina.

Morreu em torno de 1884 e, por sua condição de protestante, não poude ser enterrado no interior das Igrejas - como era o costume na época - tendo sido sepultado em frente à " Santa Casa de Caridade ", por exigência do povo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .( Veja relato do enterro do John Dayrell, no link " Família John / Alice " ) .

FILHOS DE JOHN DAYREL E DE ALICE MORLEY DAYRELL:

Felisberto Dayrell
Mortimer Dayrell ( falecido ainda muito novo )
José Mortimer ( Dayrell Mortimer )
João Dayrell
Serrano Dayrell
Francisco Dayrell ( Não sabemos nada sobre esse filho )
Carlos Leopoldo Dayrell
Augusto Dayrell
Leopoldo Carlos Dayrell
Maria Elvira Dayrell
Alice Mortimer Dayrell
Guilhermina Dayrell
Henriqueta Dayrell
Otília Dayrell Rolim
Georgina Dayrell

Além desses filhos " legítimos " acima, sabemos que John Dayrell teve outro( s ) filho( s ) " naturais " fora do casamento. Meu avô e meus tios-avos, comentavam que John Dayrell " teve muitos filhos, inclusive alguns extra-casamento, que ele fazia questão de registrar com seu nome Dayrell " .

Há um curioso assentamento no 1º. Livro de Registro de Falecimento, no Cemitério de Diamantina. Lá consta o falecimento, em 02 de março de 1914, de Ritta Dayrell, de COR NEGRA. O pai dessa Dayrell de cor negra pode ter sido John Dayrell, fruto de algum relacionamento seu extra-conjugal com uma mulata ou uma negra, que o tenham encantado . . . É bom lembrar que nessa época em que John viveu em Diamantina e Serro ( 1. 836 . . . . ), estávamos em plena era da escravidão ! . . . E era costume frequente, os " senhores " terem relacionamentos com suas " servas-escravas " . . .

Contudo, existe também no Cartório de Registro de Diamantina, um Atestado de Óbito em nome de "Ritta Dalhia", falecida em 01 de março de 1.914, também de cor negra, mas com pai e mãe identificados. Seriam as duas Rittas as mesmas pessoas ? Pode ser que sim . Nesse caso, a hipótese acima, perde sua consistência .

De qualquer modo, além da possível paternidade acima, há uma comprovação documentada de um dos "filhos naturais" de John. Trata-se do Celestino Pereira Dayrell, fruto de um relacionamento seu com Maria Guerino de Jezus, origem da numerosa " Família Celestino Dayrell " que desenvolveu-se em Coromandel-MG e cercanias. ( Veja Link "Família Celestino Dayrell " ) .

No Diário de Helena / Alice (dia 29 de abril de 1895) existe também um intrigante trecho que poderia explicar outra origem dessa Ritta Dayrell negra, como sendo filha de uma das filhas do John :

"...Tenho também tanta antipatia de ver um negrão como Nestor, agora vestido com farda de soldado, mexer no armário de Dindinha (a Henriqueta / Quequeta, solteira, madrinha de Helena / Alice e que morava em sua casa). Meu pai sempre diz que essa " caduquice " de Dindinha com Nestor não é bondade, é fraqueza e bobagem..."

A negra Ritta Dayrell, poderia ter sido fruto dessa "fraqueza e bobagem" da Henriqueta, com o negrão Nestor ?...

Segundo uma "tia-avó" ainda viva, que conviveu muito com a Henriqueta e Otília, quando elas moravam em Curvelo, é pouquíssimo provável que a Henriqueta tivesse tido algum filho e, muito menos, essa Ritta Dayrell. Assim, permanece a hipótese mais provável de que ela teria sido filha de John Dayrell . . . Ou que seria apenas a Ritta Dalhia . . .

Portanto, com esses dois filhos naturias - Celestino e Ritta - podemos concluir que John Dayrell teve 17 filhos !


7 - Os primeiros relatos sobre os Dayrell´s no Brasil

Como comentado acima, os primeiros relatos oficiais sobre os Dayrell´s no Brasil, estão registrados no extraordinário Livro do Explorador inglês Richard Francis Burton, citado anteriormente, no item 1 acima.

Para fins de registro e conhecimento por parte daqueles que ainda não tiveram contato com essa extraordinária Obra, transcrevemos a seguir, alguns trechos do capítulo VIII:

"...Não tardei a reconhecer, de longe, o nosso destino. A casa parecia bem tratada, assim como o pomar, rico em laranjeiras e outras árvores: de fato, havia certo sabor de um velho país, agradável (a Inglaterra), em uma terra nova . . .

...O Dr. Dayrell, meu patrício, da família de Barbadoes, originária de Bucks, pode corrigir Rokeby a respeito de seu antepassado o "Wild Darrel", de Littlecote House, que queimou o bebê. Depois de formar-se em Londres e casar-se, foi trabalhar na Companhia de Cocais, em 1830, e conta muitas coisas curiosas a respeito das antigas minas. Mora há trinta anos em Diamantina, onde criou muitos filhos e filhas, e onde, com grande dano para suas perspectivas profissionais, todo mundo é agora, seu compadre. Tem uma casa grande na cidade e uma fazenda com cerca de 1.200 acres: todos os seus filhos estão empregados, e ele olha com indiferença, a possibilidade de tornar-se senhor do velho solar de Littlecote (Como descendente da família Dayrell inglesa...)

...O Dr. Dayrell concordou, amavelmente, em nos acompanhar, atirou o coldre na sela da mula e assoviou chamando seu cão, um mastim inglês de meio sangue, da raça de Morro Velho... Ele se tornara cauteloso, já tendo sido atacado a tiros na Serra de Grão Mogol duas vezes, uma por engano e outra premeditadamente. Seguimos pela margem direita do Rio das Pedras, até uma pequena lavra, onde um dos filhos do médico, o Sr. Felisberto Dayrell, estava trabalhando com uma vintena de homens...

...Acompanhados pelo sr. Carlos Dayrell, outro dos rebentos, chegamos à Mina da Barra da Lomba . . .

...Almoçamos na Lomba, com bom apetite. Habitualmente, o almoço é servido mais tarde aos donos de minas e mineradoras, que dedicam ao trabalho a maior parte da manhã. O estilo é de todo patriarcal. O homem principal senta-se à cabeceira e bebe em um copo de prata, ao passo que todos os outros sentam-se de lado e levantam-se logo após o café. Apesar da divergência a respeito da maquinaria, não houve falta de cordialidade por parte dos anfitriões..."

Outro importante relato sobre os primórdios da família aqui no Brasil, embora com poucas informações específicas sobre os Dayrell, pode ser encontrado no Diário escrito pela neta do John Dayrell e filha do Felisberto Dayrell, Alice Dayrell Caldeira Brant, com o pseudônimo de "Helena Morley". Esse Diário foi escrito nos anos de 1893 a 1895, quando a autora tinha apenas 13 a 15 anos, mas só foi publicado no ano de 1.940.
Trechos específicos desse Diário, referentes à Família Dayrell, estão relatados nas diversas Árvores Genealógicas, em seus links específicos .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (Morley, Helena - "Minha Vida de Menina" - Companhia das Letras - SP)

8 - Outras informações e carências

Um grande número de membros da Família Dayrell, tem ou já tiveram algum interesse em saber mais sobre a sua genealogia.
Alguns começaram pesquisas, outros sabem de historias que ouviram dos antepassados, outros tentam confirmar a veracidade de fatos, alguns têm farto material sobre a família.
A cada dia que passa, descobrimos novos fatos sobre a família, o que nos encanta, motiva e, às vezes, confunde ainda mais...

Há ainda algumas dúvidas e lacunas a serem preenchidas sobre os primórdios da Família, aqui no Brasil. Há. p. ex., total desconhecimento sobre o Francisco Dayrell e sua linhagem, um dos prováveis filhos de John e Alice.

À medida que membros da família tomam conhecimento deste site, começam a surgir novas informações e caminhos...

Torna-se fundamental a colaboração e a disponibilidade dos vários membros da Família Dayrell, enviando nomes, informações, histórias e fatos relevantes de seus respectivos ramos.

Seria também, extremamente interessante, que os diversos ramos da Família enviassem fotos do John Dayrell e da Alice Mortimer, de seus filhos (as) e respectivos (as) esposos (as) e netos ( fotos até a 3a. geração ! ) para enriquecermos as diversas Árvores Genealógicas . Fico aguardando . . .



Márcio Dayrell Batitucci
( Árvore : John / Serrano / Afonso / Corina / Márcio )



CONTATOS:

* Márcio Dayrell Batitucci
e´mail : familiadayrell@uaigiga.com.br
e´mail : interbatitucci@uol.com.br
tel.: ( 31 ) 3344: 9638
fax: ( 31 ) 3344: 6046



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uai

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

desc familia pinto coelho cunha

Maria Isabel Canto e Melo ‎(I5668)‎
Sobrenome: Canto e Melo
Nomes: Maria Isabel

Sexo: FemininoFeminino



Dados Pessoais e Detalhes
Eventos de parentes próximos
Identificador Universal 5733F7858F26DA11AA1400D009AD77DB3C03
Atualizado em Atualizado em 16 Setembro 2005 - 09:44:43

View Details for ...

Parents Family (F2285)
Pai
D. Pedro I
-
Mãe
Domitila de Castro Canto e Melo
1797 - 1867
Irmã
Isabel Maria Canto e Melo
-
Irmão
Pedro Canto e Melo
-
Maria Isabel Canto e Melo
-
Irmã
Maria Isabel Alcântara Brasileira
-


Step-Parent Family (F1901)
Pai Adotivo
Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar
1794 - 1857
Mãe
Domitila de Castro Canto e Melo
1797 - 1867
Meio Irmão
Rafael Tobias de Aguiar Junior
1834 -
Meio Irmão
João Tobias Aguiar e Castro
1835 - 1901
Meio Irmão
Antonio Francisco de Aguiar e Castro
1838 -
Meio Irmão
Brasilico de Aguiar Castro
1840 -


Step-Parent Family (F2283)
Pai Adotivo
Felicio Moniz Pinto Coelho da Cunha
-
Mãe
Domitila de Castro Canto e Melo
1797 - 1867
Meio Irmão
Felicio Pinto de Castro
-
Meio Irmão
Francisco Cunha
-
Meio Irmão
João Cunha
-

Descendente do Barão de Cocais faz 100 de idade

Descendente do Barão de Cocais faz 100 de idade

* terça-feira, 29 de dezembro de 2009, 10:03
* Destaque, Geral
* 1 comentário

A pianista e escritora Judith Pinto Coelho dos Mares Guia, descendente do Barão de Cocais -José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, militar, político e empresário-, comemorou 100 anos de vida, altiva e lúcida, junto aos seis filhos, genros, noras, netos e bisnetos.

Judith nasceu em Santa Bárbara (MG), no dia 19 de dezembro de 1909, sendo filha do pianista e farmacêutico de Santa Bárbara, José Luís Pinto Coelho, tataraneto do Barão de Cocais e conhecido com Juquita Pinto Coelho. A aniversariante centenária é mãe do ex-ministro do Turismo e Relações Institucionais do governo Lula, Walfrido Pinto Coelho dos Mares Guia, também ex-vice governador de Minas, sendo seus irmãos José Luís, Leleta, Lolinha, João Batista, Lelete, Zicaca e o falecido Marcos dos Mares Guia.
A comemoração dos 100 anos de Judith foi realizada na fazenda do ex-ministro Mares Guia, em Santo Antônio do Leite, nas proximidades de Ouro Preto, que já recebeu a visita do presidente Lula em 2007. A festa foi organizada pela cocaiense Sheila Emerich dos mares Guia, esposa de Walfrido, e reuniu apenas familiares e alguns convidados.
Judith Pinto Coelho dos Mares Guia pode ser considerada como exemplo da mulher mineira de Santa Bárbara, atuante e participativa até os dias atuais. É do tipo que não entrega os pontos. Já passou por alguns transes sérios, como a morte de seu filho Marcos Mares Guia, uma queda na qual quebrou o fêmur e outros males do cotidiano.
No livro que escreveu conta episódios muito curiosos. Mesmo as dificuldades de quem criou a família numerosa, que permaneceu unida contra ventos e tempestades. O livro só tem causos positivos, alegres. Ela é uma das mais fiéis clientes do Stúdio LG, de Laura Nunes, onde pinta cabelo, faz escova, unhas, pés e tudo o mais que as mulheres vaidosas não deixam de lado.
Alegra seus dias tocando piano em sua residência, em Belo Horizonte, o que os vizinhos adoram. Consola as amigas que ficaram viúvas como ela, do médico de Santa Bárbara, José Maria dos Mares Guia, patrono de uma escola pública cocaiense. Judith sempre está alegre e de bem com a vida -vida iniciada na região do Caraça e hoje cercada dos filhos, netos e bisnetos em Belo Horizonte.
*Leonel Marques

PEDRO nAVA DESC... FAMILIA PiNTO COELHO CUNHA

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Casamento de José Pedro da Silva Nava (1877-1911), médico, com Diva Mariana Jaguaribe (1883-1968), em Juiz de Fora, no dia 14 de junho.

Nascimento de Pedro da Silva Nava, primogênito do novo casal, a 5 de junho, na Rua Direita, 179, Juiz de Fora.
Pedro Nava com apenas quatro anos posando de perfil e olhar sério Clique para ampliá-la.

Viagem da família Nava ao Ceará, para o batizado de Pedro, na casa da avó paterna, em Fortaleza.
Entre a volta a Juiz de Fora e o ano de 1910, mudanças sucessivas da família da rua do Comércio para a do Imperador, 231, daí para a esquina desta com a Direita e para a rua Direita, 142. Matrícula do menino Pedro num jardim da infância do Alto dos Passos e depois no Colégio Andrés.

Topo da página


Mudança da família para o Rio de Janeiro, indo residir à rua Aristides Lobo, 106, no Rio Comprido. Freqüência de Pedro a uma pequena escola particular na mesma rua.
Retrato da casa em Juiz de Fora para onde Nava se muda com a família após a morte do pai, em 1911 Clique para ampliá-la.

A 30 de julho, morte prematura do pai, José Nava, que exercia cargos de médico na Delegacia de Saúde do Méier e no Serviço Médico-Legal da Polícia. Retorno da viúva, grávida, com os filhos para Juiz de Fora. Nascimento de uma menina, totalizando cinco irmãos: Pedro, José, Paulo, Anna e Maria Luiza.
Rematrícula de Pedro no Colégio Andrés, onde fica pouco tempo, sendo transferido para o Colégio Lucindo Filho do Prof. Machado Sobrinho.

Morte da avó materna, Maria Luísa, e mudança das famílias Jaguaribe e Nava para Belo Horizonte, a 25 de dezembro, indo morar no bairro da Floresta, em sucessivas casas alugadas ao parente Cel. Júlio da Cunha Pinto Coelho.

Matrícula de Pedro, em março, no internato do recém inaugurado Colégio Anglo-Mineiro, para cursar o 3º ano primário, conforme o modelo educacional inglês, considerado moderno e competente.

Viagem de Pedro para o Rio de Janeiro, em fevereiro, hospedando-se com os tios Alice e Antônio Salles, na Pensão Moss (rua Haddock Lobo, 252), onde convive também com os tios Bibi e Heitor Modesto.
Matrícula no Colégio Pedro II, onde Pedro cursa o 1º ano ginasial, como "aluno gratuito", integrando a "4ª divisão" do Internato, (praça Marechal Deodoro, 25) em São Cristóvão. A 4 de abril, início do ano letivo.
Em novembro, aprovação por média para o 2º ano ginasial e viagem para passar as férias em Belo Horizonte, onde a família, chefiada pelo avô materno, reside à avenida do Contorno, 700, no bairro da Floresta.

Em março, viagem de trem para o Rio e hospedagem em Niterói (Praia de Icaraí, 325) com os tios Salles e Modesto, que lá passam o verão. Em abril, retorno ao Internato para cursar o 2º ano ginasial, integrando a "3ª divisão" de alunos.

Em Belo Horizonte, entre fevereiro e março, mudança da família (incluindo os Jaguaribe, os Nava e os Selmi-Dei) para a casa recém-construída, pelo Major Jaguaribe, à rua Caraça, 72, no bairro da Serra. Nova viagem de Pedro para o Rio, em março, com hospedagem na casa do Sr. Maneco Modesto (pai do tio Heitor), à rua Delgado de Carvalho, 79. Recomeço das aulas, em abril, no 3º ano ginasial do Colégio Pedro II.
Caricatura de Nava de 1922, ano em que a Semana de Arte Moderna é realizada em São Paulo Clique para ampliá-la.

Viagem para o Ceará, com os tios Bibi e Heitor Modesto: partida a 14 de janeiro, pelo navio "Rio de Janeiro" do Lóide, chegada a Fortaleza e recepção calorosa da avó Nanoca. Hospedagem na casa da avó, à rua Barão do Rio Branco, 160 (antiga Formosa, 86), no quarto que havia sido do pai.

Topo da página


Viagem de Pedro para o Rio, em fins de março, para cursar, a partir do começo de abril, o 5º ano ginasial.

Retorno à rotina da casa da família, em Belo Horizonte, com estreitamento de contato com a vizinhança do bairro da Serra. Aprovação no exame de admissão ao curso de medicina e abertura do ano letivo, em abril, com "trote nos calouros". Inscrição na "linha de tiro" da faculdade e posterior desligamento da mesma.
Em setembro, admissão como funcionário da Diretoria de Higiene do Estado de Minas Gerais.

Em janeiro, primeiros contatos com a renovação da literatura e das artes européias, especialmente francesas, através de conversas com Aníbal Machado. Primeiro encontro com Carlos Drummond de Andrade.
Matrícula no segundo ano médico (em março), como dependente da cadeira de Química; início dos estudos de Anatomia Humana, que se torna sua matéria preferida, exigindo freqüência ao anfiteatro de dissecções.

Aprovação no exame de Química, em segunda época (uma série de doenças impedira-o de apresentar-se em primeira época) e matrícula, em março, como repetente do segundo ano médico, ingressando, assim, na turma de Juscelino Kubitschek de Oliveira, futuro Presidente do Brasil (1956-1960).

Visita a Belo Horizonte, logo depois da Semana Santa, da caravana paulista, formada por D. Olívia Guedes Penteado, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Gofredo Teles, Mário de Andrade e o suíço-francês Blaise Cendrars. Intenso convívio com os visitantes, especialmente com Mário de Andrade, com quem inicia correspondência, nos anos seguintes.
Como terceiranista, inscrição na Santa Casa para estágio voluntário na Segunda Enfermaria de Clínica Médica, onde torna-se discípulo de Ari Ferreira.
Poema de Carlos Drummond de Andrade dedicado ao autor. Datado de 1925, um ano após a histórica visita dos modernistas Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila Amaral a Belo Horizonte Clique para ampliá-la.

Em julho, aparecimento de A Revista, terceiro periódico brasileiro de literatura moderna, idealizado por Francisco Martins de Almeida e Carlos Drummond de Andrade. Publicação de três poemas de Nava, no 1º número: "Tejuco" (trecho), "Música" e "Diamantina".
Mudança da família Nava, da casa do Major, na Serra, para uma casinha tipo B das construções da fundação de Belo Horizonte, situada à Rua Aimorés, 1016; o aluguel da casa torna-se viável graças a aumentos nos ordenados de filho e mãe (D. Diva havia-se empregado como funcionária dos Telégrafos, no início da década).
Nava é o quinto (esq. para dir.), em pé, em foto do último ano da Faculdade de Medicina Clique para ampliá-la.

"Ano de doutorando" iniciado com a demissão do emprego de residente, por insistência do Prof. Hugo Werneck, Diretor da Faculdade. Publicação do poema "Ventania", no 3º número da revista Verde.
A 11 de agosto, proposta de criação da Universidade de Minas Gerais, através de mensagem transformada em lei, em 7 de setembro. Orador na solenidade de reconhecimento ao Presidente Antônio Carlos, organizada pelos alunos de todas as faculdades.

Colação de grau de médico, em sessão particular, a 10 de janeiro. Nomeação de Pedro/Egon para o cargo de Médico Auxiliar na Secretaria de Segurança Pública. Mudança da família para casa comprada à Rua Padre Rolim, 778, onde se gastaram todas economias. Cumprimento de tarefas determinadas pelo Chefe da Higiene: pesquisar e tratar uma possível epidemia de tifo em Caeté e arredores, depois em Brumado do Paraopeba e Santo Antônio do Monte.
Mudança, em maio, para Juiz de Fora, onde vai assumir a chefia do Centro de Saúde para que foi nomeado.
Ilustração de Pedro Nava para edição de "Macunaíma" de Mário de Andrade Clique para ampliá-la.

Retorno a Belo Horizonte, a 7 de junho, onde volta a residir com a família, à Rua Padre Rolim, 778, e é designado para fiscalizar o abate no Matadouro da cidade - trabalho que deveria ser confiado a um veterinário. Apresentação de relatório sobre as irregularidades do Matadouro, feita de modo a reagir à má vontade de seus chefes, no que obtém sucesso, sendo reconduzido ao Centro de Saúde.

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Em fevereiro, viagem a Diamantina, em caravana com Fábio Andrada, Pedro Aleixo, Gudesteu Pires, para contatos com chefes políticos locais. A 3 de outubro, testemunha o estouro da Revolução, permanecendo todo o período dos combates, na Santa Casa, para medicar os feridos.

Em maio, suicídio da namorada, Zilah/Lenora, no Rio; depressão, isolamento e decisão de Pedro/Egon de sair de Belo Horizonte. Partida definitiva de Belo Horizonte, em 30 de junho, para instalar-se, como médico, no Oeste paulista. Chegada a Engenheiro Schmidt, a 20 de julho, onde é recebido pelo grande amigo, Joaquim Nunes Coutinho Cavalcanti. Observação da clínica do colega e conhecimento da região, como preparo para aí instalar-se. A 17 de novembro, chegada a Monte Aprazível, depois de conhecer médicos, passando por várias pequenas cidades, formadas recentemente. Providências para início de clínica médica.

A 23 de maio, começo da Revolução Constitucionalista, em São Paulo, que só é derrotada em 1º de outubro.
Manutenção, por parte de Pedro/Egon, da antiga simpatia pela Revolução de 30, de cujos chefes mineiros estivera sempre próximo. Daí, recusa a alistar-se no Movimento Constitucionalista e conseqüente mal-estar na cidade. Providências para realizar seu antigo plano de empregar-se e viver no Rio de Janeiro.

Partida definitiva de Monte Aprazível, em 22 de fevereiro, e viagem para o Rio, passando por Engenheiro Schmidt, para despedir-se do Cavalcanti, e por São Paulo, onde se encontra com Mário de Andrade. A 10 de março, chegada ao Rio de Janeiro, hospedando-se com os tios Bibi e Heitor Modesto, à rua Santa Clara, 188A, onde reencontra amigos e parentes, com que convivia em seus tempos de colégio.
A 3 de junho, nomeação para o cargo de cirurgião-auxiliar, em seguida à realização da reforma nos serviços de Assistência Pública do Município. Trabalho externo, nas ambulâncias, que, aos chamados da população, cruzavam a cidade, com médico e enfermeiro. Oportunidade para observar a arquitetura carioca.
Transferência para o cargo de médico-auxiliar da clínica médica de mulheres do Hospital do Pronto Socorro, dirigida por Genival Londres. O trabalho incluía, além de assistência aos pacientes internados, plantão nas urgências clínicas.

Mudança de Pedro/Egon, sempre acompanhando os Modesto, para a Urca, à rua Gomes Pereira, 53, onde moraram até meados de 1938. Licença do trabalho na Assistência Pública para estudar para concurso universitário. Concurso, em novembro, para a Livre Docência à cadeira de Clínica Médica da Faculdade de Medicina.

Produção dos poemas "O possesso", "O peixe" e, o mais conhecido "O defunto", incluído, em 1946, na Antologia de poetas bissextos contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira.
Mudança (sem a companhia dos tios) para a pensão de D. Carmelita Gonçalves Maciel, à rua das Laranjeiras, 575, nas vizinhanças da casa de Gastão Cruls. Transferência, em 1939, de D. Diva Jaguaribe Nava para o Rio de Janeiro, indo residir com os filhos, inclusive Pedro, no apartamento 302 da rua das Laranjeiras, 382.

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Efetivação como chefe de Clínica Médica, no Hospital Geral Carlos Chagas, por ordem de Clementino Rocha Fraga, que apreciou os relatórios de Pedro Nava sobre as "Causas de insegurança no trabalho dos operários da Prefeitura do Distrito Federal".
Edição do poema "O defunto" assinada pelo autor, Nava, pelo ilustrador, Calasans Neto, e pelo o editor, Fernando da Rocha Peres Clique para ampliá-la.

Casamento, a 28 de junho, com Antonieta (Nieta) Penido, na Igreja da Glória; mudança para o apartamento de D. Nieta, à Rua da Glória, 70 (depois, 190).
Lançamento do Manifesto dos Mineiros, a 24 de outubro, com a assinatura de Pedro Nava e a da maior parte dos antigos companheiros da Rua da Bahia, liderados por Virgílio de Melo Franco e Luís Camillo de Oliveira Neto, como tentativa de desestabilização da ditadura Vargas.
Aposentadoria forçada do cargo que ocupava na Secretaria de saúde da Prefeitura, como punição por ter assinado o Manifesto.

Readmissão em seu cargo, no Hospital do Pronto Socorro (depois, Souza Aguiar), na condição de Chefe de Serviço de Clínica Médica, em 29 de novembro. (A reabilitação dos signatários do Manifesto dos Mineiros deu-se após a queda de Vargas.)

Publicação de sete poemas na Antologia de poetas bissextos contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira. Nomeação para a Sociedade Franco-Brasileira de Medicina, na qualidade de membro fundador, ao lado do Prof. Pasteur Valéry-Radot. Início, a 3 de junho, da redação da Biografia do Doutor Torres Homem, que ficou inacabada e inédita.

Aprovação, em concurso de títulos, para Chefe do Serviço de Clínica Médica da Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Publicação de Território de Epidauro (editado por G. Mendes Jr., Rio de Janeiro), reunião de 22 textos sobre temas ligados à história da medicina.

Desligamento do Hospital Souza Aguiar, com pedido de demissão da Chefia do Serviço por desentendimentos com o diretor do hospital, que não admitia as sessões de debate clínico, às quartas-feiras.
Embarque, a 6 de setembro, no R.M.S. Andes, com D. Nieta, em viagem para a Europa, passando por Las Palmas e Lisboa. Chegada a Londres, a 17 de setembro, visita a locais turísticos e a hospitais, onde informar-se e atualizar-se, em contato com médicos de renome; viagens pela Inglaterra. Especialização em Reumatologia, nos hospitais de Paris. Visita ao Instituto Português de Reumatologia, em Lisboa, já no retorno ao Brasil.

Em 10 de fevereiro, volta ao Rio de Janeiro, tendo passado por Espanha, Portugal e Canárias.
Criação de seu próprio Serviço de Reumatologia, na Policlínica do Rio de Janeiro. Rotina semanal de debates clínicos, quando os médicos se reúnem no anfiteatro, sob a coordenação de Nava, como chefe. Fundação da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Publicação de Capítulos da história da medicina no Brasil, editado por Brasil Médico-Cirúrgico, R.J.

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Criação de uma cadeira de Reumatologia, no curso de Medicina, em gesto pioneiro no Brasil.

Volta a Paris para dois estágios, nos hospitais Lariboisière e Tenon. Redação e publicação da crônica "Evocação da rua da Bahia".

Viagem à França, como representante do Conselho Nacional de Pesquisa Brasileira na Exposição do Palais de la Découverte, em Paris; aí se apresenta o trabalho de Carlos Chagas autor de importante descoberta para o tratamento da malária. Observações e início do estudo sobre reabilitação física, para implantar tal ramo, no Brasil.

Nomeação para a direção do Hospital dos Servidores do Estado, determinada por Kubitschek. Manifesto dos médicos do Hospital do Pronto Socorro contra Nava.

Ingresso na Academia Nacional de Medicina. Pedido de demissão do cargo de direção do Hospital dos Servidores, aceito em 8 de agosto.

Viagem à Europa e ao Oriente, partindo do Rio de Janeiro, a 31 de dezembro de 1957, no vapor "Augustus"; chegada a Gênova, Itália, dia 12 de janeiro; visitas a Florença e Roma.
Chegada ao Cairo, a 25 de janeiro, e visita a vários pontos turísticos do Egito, como Mênfis e Alexandria. A 28, chegada a Israel, percurso pelos lugares santos do Cristianismo e por instituições israelenses modernas, inclusive hospitais. A 7 de fevereiro, chegada a Istambul, na Turquia, depois de passagem pela Jordânia; visita a monumentos da cultura árabe.

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Viagem ao sul, incluindo São Paulo, Uruguai, Argentina e Chile.

Aposentadoria da Secretaria de Saúde e Assistência do Município do Rio de Janeiro, por entrar em desacordo com a administração. Viagem à Europa, incluindo Portugal, Itália (onde participa de Congresso de Reumatologia) e França, onde faz estágio nos serviços de reumatologia e reeducação em Aix-les-Bains.

Viagens ao Chile e ao México.

Segunda edição aumentada da Antologia de poetas bissextos contemporâneos, de que constam sete poemas de Pedro Nava.

Terceira reedição do poema "O defunto", dedicado a Affonso Arinos de Melo Franco, pela editora Macunaíma de Salvador, Bahia, com organização de Fernando da Rocha Peres e xilogravura de Calasans Neto.

Em 1º de fevereiro, início da redação das memórias, pela narrativa do que iria constituir o volume Baú de ossos. Doença e morte da mãe, Diva Jaguaribe Nava.

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Publicação do artigo, "Manoel Valadão Pimentel, barão de Petrópolis" - mais um estudo sobre a história da medicina brasileira, no volume 4 da revista Brasil Médico. Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em junho, em Recife. Enfarte de D. Nieta Nava, a 6 de outubro. Em 15 de outubro, fim da redação do primeiro volume das memórias, que recebe o título de Baú de ossos, e início imediato da preparação do segundo volume. Reunião de ex-alunos do colégio Pedro II, para comemorar cinqüenta anos de formatura.

Na redação do segundo volume das memórias, paralelos indiretos entre a situação democrática do passado (assunto narrado) e a repressão política do momento em que escreve.

Lançamento do primeiro volume de memórias, que se chamou Baú de ossos, publicado pela Editora Sabiá. Estréia literária marcada por grande repercussão.

Ampliação do sucesso de Baú de ossos, mantendo-se o sucesso de crítica e público. Pesquisas sobre o movimento cearense fundado por Antônio Salles, em 1892, com o nome de "Padaria Espiritual", e consultas ao arquivo de Antônio Salles, conservado por Nava. Proposta de possível publicação das memórias, nos Estados Unidos, com menção ao editor Alfred Knopf. Em 13 de junho, fim da redação do segundo livro das memórias, Balão cativo, e, em 17 de julho, início da produção do terceiro. Aparecimento da 2ª edição de Baú de ossos, pela editora José Olympio, que também faz a 1ª edição do volume 2, Balão cativo.

Quarta edição de Baú de ossos, depois de 20.000 exemplares vendidos. Sucesso de Balão cativo.
Caricatura do autor, feito em 1975, por Fernando Diniz. Detalhe para o livro "Baú de ossos" repleto de ossos e o fundo da cena com lápides Clique para ampliá-la.

Redação de carta aberta de pedido de demissão da Policlínica do Rio de Janeiro, depois de desentendimentos com o diretor, Dr. Caldas Brito, que teria impossibilitado as reuniões de discussão médica, presididas por Pedro Nava, transformando o anfiteatro, onde se realizavam, em centro radiológico.
A 17 de outubro, término da redação de Chão de ferro. Em dezembro, envio de carta-testamento a amigos - Afonso Arinos, Carlos Drummond de Andrade, Plínio Doyle, Renato Pacheco Filho, Ézio Fundão - e ao cunhado Antônio Hipólito, determinando como deveria ser seu enterro.

Em 1º de janeiro, início do trabalho de construção do quarto volume das memórias, que se chamará Beira-mar. Publicação de Chão de ferro.

Término da redação de Beira-mar em 11 de abril e, em 5 de junho, começo do trabalho no volume seguinte, cujo título será Galo das trevas. Publicação de Beira-mar, sempre pela editora José Olympio. Presença, na mídia, como tema de reportagens e resenhas.

Presença freqüente de Pedro Nava, em jornais e revistas, como autor de livros de sucesso, reeditados freqüentemente, e como personalidade pública, procurada para comentários e opiniões.

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A 19 de outubro, fim da redação de Galo das trevas; a 2 de dezembro, início do trabalho no sexto volume das memórias, que se chamará O círio perfeito.

Publicação, pela editora José Olympio, de Galo das trevas.

Freqüência, nos últimos anos, às reuniões literárias realizadas, aos sábados, na casa do bibliófilo Plínio Doyle - "sabadoyles" -, exercendo, algumas vezes a função de secretário.
Pedro Nava recebe Carlos Drummond de Andrade em almoço comemorativo de seus 80 anos Clique para ampliá-la.

A 7 de junho, abertura da "Exposição Comemorativa dos oitenta anos do Poeta PEDRO NAVA - TEMPO, VIDA E OBRA", na Fundação-Casa de Rui Barbosa. Doação do primeiro lote de documentos de construção das memórias, que passarão a constituir o "Arquivo Pedro Nava". Término da redação de O círio perfeito, a 18 de setembro, publicado ainda pela editora José Olympio, no mesmo ano. A 10 de outubro, início da redação do sétimo volume das memórias, que se chamaria Cera das almas e ficou inacabado.
Desenho do autor feito em 1982 retratando a paisagem do Rio de Janeiro visto da urca Clique para ampliá-la.

A 5 de março, anotação de término/reinício entre etapas de trabalho, na redação de "Cera das almas". A 13 de maio, suicídio de Pedro Nava, com um tiro na cabeça, próximo a uma das árvores da calçada da rua da Glória, onde morava.

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