domingo, 3 de fevereiro de 2008

ordem de santiago da espada

Ordem de Santiago
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Emblema da Ordem de Santiago – a Cruz Espatária ou a Espada Crucífera.
Emblema da Ordem de Santiago – a Cruz Espatária ou a Espada Crucífera.

A Ordem Militar de Santiago é uma ordem religiosa-militar castelhano-leonesa instituída por Afonso VIII de Castela e aprovada pelo Papa Alexandre III, tornando-a assim uma ordem supranacional, directamente responsável perante o chefe máximo da Cristandade. Apesar disso, os primórdios da ordem são confusos, já que, antes de ser instituída formalmente por Afonso VIII, já o seu sobrinho-neto Fernando II de Leão lhes havia concedido a guarda da cidade de Cáceres, na Extremadura (a qual, no entanto, tiveram que abandonar por haver sido conquistada pelos muçulmanos).

Os Cavaleiros de Santiago, chamados de Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera – ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista), fizeram votos de pobreza e de obediência, mas, seguindo a regra de Santo Agostinho ao invés da de Cister, os seus membros não eram obrigados ao voto de castidade, e podiam como tal contrair matrimónio (alguns dos seus fundadores eram casados). No entanto, a bula papal recomendava (não obrigava) o celibato, e os estatuos da fundação da Ordem afirmavam, seguindo um princípio das cartas paulinas: "Em castidade conjugal, vivendo sem pecado, assemelham-se aos primeiros padres apostólicos, porque é melhor casar do que viver consumindo-se pelas paixões".
Santiago Maior como Santiago Matamouros, envolvido no manto da Ordem. Pintura da escola de Cuzco, século XVII.
Santiago Maior como Santiago Matamouros, envolvido no manto da Ordem. Pintura da escola de Cuzco, século XVII.

Afonso VIII cedeu-lhes Uclés (em 1174), que se tornou a principal sede da ordem – donde, a designação usada nos primeiros tempos para a Ordem como Ordem de Uclés – e mais tarde Moya, Mira Osa, Montiel e Alfambra.

Os Espatários participaram na reconquista de Teruel e Castellón e combateram na batalha de Navas de Tolosa (1212). Os monarcas, primeiro de Leão, depois de Castela, concederam-lhe inúmeros privilégios, para além de lhe darem a posse de extensas regiões, com o intuito de as repovoar, na Andaluzia e em Múrcia.

Durante o século XV, a ordem transferiu o seu campo de actuação para a Serra Morena, e os seus mestres tomaram como residência a povoação de Llerena (Badajoz), proporcionando un grande crescimento na região.

Com o passar do tempo e o fim da Reconquista, a Ordem de Santiago viu-se implicada nas lutas internas de Castela. Ao mesmo tempo, devido aos seus inúmeros bens, teve que, por várias vezes, sustentar as pretensões da Coroa. Por outro lado, sendo o cargo de Grão-mestre de tamanha importância, eram frequentes as lutas entre grandes famílias para alcançar essa dignidade.

Devido a todos estes problemas, após a morte do Grão-mestre Alonso de Cárdenas em 1493, os Reis Católicos pediram à Santa Sé que providenciasse uma forma de acabar com os problemas na administração da ordem, reservando para si mesmos o mestrado da ordem – medida que era ao mesmo tempo uma necessidade e uma recompensa pelos serviços prestados pelos reis de Castela e Aragão ao serviço da fé católica (em 1492 fora conquistado o último reduto muçulmano da Península Ibérica – Granada). Assim, por uma bula de 1493, o papa concedeu aquela dignidade aos Reis Católicos.

Após a morte de Fernando, o Católico, tornou-se grão-mestre da Ordem Carlos I de Espanha; volvidos sete anos, em 1523, o Papa Adriano VI uniu para sempre à coroa de Espanha os grão-mestrados das Ordens de Santiago, Calatrava e Alcântara, tornando-se este um mero título hereditário dos reis de Espanha. Até então, o Grão-Mestre de Santiago era eleito pelo Conselho dos Treze, assim chamado por estarem presentes treze cavaleiros designados de entre os governadores e comendadores provinciais da Ordem.

[editar] A Ordem em Portugal
Variante da cruz de Santiago, em tons de púrpura.
Variante da cruz de Santiago, em tons de púrpura.

Em Portugal, a ordem começou também a actuar logo desde os seus primórdios, ainda em reinado de Afonso Henriques, mas só teve maior visibilidade a partir do reinado de Afonso II, e sobretudo, Sancho II. Detiveram como sedes o castelo de Palmela e, depois, o de Alcácer do Sal, que se tornou sede da província espatária portuguesa.

Foi mestre comendatário da Ordem em Alcácer o grande Paio Peres Correia, que acabaria por chegar a Grão-Mestre da Ordem, em Uclés, mas não sem antes ter dado um valoroso contributo para a reconquista de Portugal – as suas forças, muitas das vezes lideradas por ele pessoalmente, conquistaram, entre 1234 e 1242, grande parte do Baixo Alentejo e do Algarve (Mértola, Beja, Aljustrel, Almodôvar, Tavira, Castro Marim, Cacela ou Silves); foi também com o auxílio desta Ordem que Afonso III consumou a conquista do Algarve, em 1249, tomando os derradeiros redutos muçulmanos de Faro, Loulé, Albufeira e Aljezur.

Como recompensa, a Ordem foi agraciada, em territórios portugueses, com várias destas terras do Alentejo e do Algarve, com a missão de as povoar e defender. A isso não é alheio, ainda hoje, o facto de muitas delas terem por orago Santiago Maior, e de nas suas armas figurar a cruz espatária.

Chamada mais tarde de Ordem de Santiago da Espada, constituiu-se em ordem honorífica em Portugal, da qual o chefe do Estado português se constitui o Grão-Mestre.

[editar] Grão-Mestres da Ordem de Santiago
O traje de um cavaleiro de Ordem de Santiago.
O traje de um cavaleiro de Ordem de Santiago.

1. Pedro Fernández (1170-1184)
2. Fernando Díaz (1184-1186)
3. Sancho Fernández (1186-1193)
4. Gonzalo Rodríguez (1193-1204)
5. Suero Rodríguez (1204-1206)
6. Fernando González de Marañon (1206-1210)
7. Pedro Arias (1210-1212)
8. García González de Candamio (1214-1217) (primeira vez)
9. Martín Peláez Barragán (1218-1221)
10. García González de Candamio (1222-1224) (segunda vez)
11. Fernán Pérez Chacín (1224-1226)
12. Pedro González (1227-1237)
13. Rodrigo Yánez (1239-1242)
14. Paio Peres Correia (1243-1275)
15. Gonzalo Ruiz Girón (1275-1279)
16. Pedro Núñez (1279-1286)
17. Gonzalo Martel (1286)
18. Pedro Fernández Mata (1286-1293)
19. Juan Osórez (1293-1310)
20. Diego Muñiz (1310-1318)
21. García Fernández (1318-1327)
22. Vasco Rodríguez (1327-1338)
23. Vasco López (1338)
24. Alonso Meléndez de Guzmán (1338-1342)
25. Fadrique Afonso de Castela (1342-1358)
26. García Álvarez de Toledo (1359-1366)
27. Gonzalo Mejía (1366-1371)
28. Fernando Osórez (1371-1383)
29. Pedro Fernández Cabeza de Vaca (1383-1384)
30. Rodrigo González Mejía (1384)
31. Pedro Muñiz de Godoy (1384-1385)
32. García Fernández de Villagarcía (1385-1387)
33. Lorenzo Suárez de Figueroa (1387-1409)
34. Enrique de Castilla (1409-1445)
35. Álvaro de Luna (1445-1453)
36. João II de Castela (1453, administrador)
37. Afonso de Castela (1453-1462) (primeira vez)
38. Beltrán de la Cueva (1462-1463)
39. Afonso de Castela (1463-1467) (segunda vez)
40. João Pacheco (1467-1474)
41. Alonso de Cárdenas (1474-1476, em Leão) (primeira vez)
42. Rodrigo Manrique (1474-1476, em Castela)
43. Fernando II de Aragão, o Católico (1476-1477, administrador)
44. Alonso de Cárdenas (1477-1493) (segunda vez)

[editar] Ver também

* Ordem religiosa e Ordem militar
* Ordens honoríficas de Portugal: Ordem de Sant'Iago da Espada
* Ordens honoríficas do Brasil: Imperial Ordem de Sant'Iago da Espada
* Banda das Três Ordens

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