domingo, 3 de fevereiro de 2008

Brasil Império
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Império Brasileiro
Império do Brasil





1822 — 1889





Flag Brasão
Bandeira Brasão
Lema nacional: Independência ou Morte!
Localização de Brasil
Capital Rio de Janeiro
Língua oficial Português
Governo Monarquia Constitucional
Imperador
• 1822-1831 Dom Pedro I
• 1831-1889 Dom Pedro II
História
• Dia do Fico 9 de Janeiro de 1822
• Independência do Brasil 1822
• Primeiro Reinado 12 de Outubro de 1822
• Segundo Reinado 7 de abril de 1831
• Abolição da Escravatura 13 de Maio de 1888
• Proclamação da República 15 de Novembro de 1889
População
• 1889 est. 14,333,915
Moeda Real

Brasil Império é o período da história do Brasil que se estende da independência, em 1822, até a proclamação da república, em 1889. Costuma-se dividi-lo em primeiro reinado e segundo reinado (sendo o período regencial parte deste último). Com o advento da República, cessa-se o título de imperador do Brasil.
Índice
[esconder]

* 1 Elevação a Império
o 1.1 Imperadores do Brasil
o 1.2 Imperador Titular do Brasil
* 2 História
o 2.1 Proclamação da Independência
o 2.2 Primeiro Reinado (1822-1831)
+ 2.2.1 Assembléia Constituinte
+ 2.2.2 Reconhecimento da Independência
+ 2.2.3 Guerra da Cisplatina
+ 2.2.4 Crise Política e Econômica
+ 2.2.5 Sucessão em Portugal
+ 2.2.6 Abdicação de Dom Pedro I
o 2.3 Segundo Reinado (1831-1889)
+ 2.3.1 Período Regencial (1831-1840)
+ 2.3.2 Correntes Políticas
+ 2.3.3 Regência Trina Permanente
+ 2.3.4 Ato Adicional de 1834
+ 2.3.5 Regência Una
+ 2.3.6 Maioridade
+ 2.3.7 Parlamentarismo
+ 2.3.8 Eleições
+ 2.3.9 Economia
+ 2.3.10 Progresso
+ 2.3.11 Lavoura do café
+ 2.3.12 Predomínio paulista
+ 2.3.13 Tráfico negreiro
# 2.3.13.1 Extinção do tráfico negreiro
+ 2.3.14 Atividades urbanas
+ 2.3.15 Guerras externas
# 2.3.15.1 Guerra do Prata
# 2.3.15.2 Guerra do Paraguai
+ 2.3.16 Abolicionismo e republicanismo
# 2.3.16.1 Campanha abolicionista
+ 2.3.17 Lei Áurea
o 2.4 Fim do Império
* 3 Referências
* 4 Ver também
* 5 Ligações externas

[editar] Elevação a Império

Após a guerra da independência, em 1825, o título de príncipe do Brasil foi desvinculado dos príncipes aspirantes ao trono português, passando esses a usar somente o título de duque de Bragança. Nomeadamente, Pedro I do Brasil foi o último a deter ambos os dois títulos, tendo sido príncipe regente do Brasil por um curto período pouco antes da Independência. Dom Pedro, por sua vez, inicia a linhagem de imperadores do Brasil a partir de sua coroação como imperador do Brasil na Capela Imperial, Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1822. Contudo, apesar do título de príncipe do Brasil, mais nomeadamente, príncipe Imperial do Brasil, vicejar até os dias de hoje, apenas Pedro de Bragança e seu filho detiveram o trono imperial.

Após a abdicação de Pedro I ao trono, inicia-se o período regencial, que vigorou até que Pedro II ascendesse ao trono por meio do Golpe da Maioridade.

[editar] Imperadores do Brasil
Nome Casa originária De Até Cônjuge de
D. Pedro I Bragança 1822 1831 D. Leopoldina de Áustria
D. Amélia de Leuchtenberg
D. Pedro II Bragança 1831 1889 D. Teresa de Duas Sicílias

[editar] Imperador Titular do Brasil

Ver artigo principal: Dinastia de Bragança

Quando do término da guerra da independência do Brasil, foi estabelecido o tratado do Rio de Janeiro, em 29 de agosto de 1825, entre Portugal e Brasil. Pelo tratado, a coroa portuguesa reconhecia a independência do antigo reino, mas reservava a D. João VI, pai de D. Pedro I, o título de Imperador do Brasil. O tratado, a princípio, anulava a norma anterior da Constituição brasileira de 1824, a qual proibia que o governante exercesse poder sobre Portugal e Brasil simultaneamente. Não obstante, D. João VI não foi o Imperador de facto, haja vista que não foi sagrado como tal, nem expediu qualquer ato político, e muito menos D. Pedro declarou-se ex-Imperador.
História do Brasil
Pré-Colonial (…-1500)
Pindorama | Povoamento | Índios | Tordesilhas
Colônia (1500-1822)
Descobrimento | Caminha

Engenhos | Feitorias | Sesmarias | Capitanias | Pacto Colonial União Ibérica | Franceses | Holandeses | Nassau | Reação | Expulsão Bandeirantes | Sertanismo | Entradas e bandeiras | Tráfico negreiro | Quilombos e Quilombolas Palmares | Ganga Zumba | Zumbi Missões | Guerra Guaranítica | Ciclo da pecuária | Mascates | Emboabas | Ciclo do ouro | Derrama| Inconfidência Mineira | Tiradentes | I. Baiana | I. Carioca | Abertura dos Portos
Império (1822-1889)
Pedro I | Fico | Independência | Primeiro Reinado | Equador | Cisplatina

Abdicação | Regência | Ato Adicional Balaiada | Sabinada | Cabanada | Cabanagem | Malês | Farroupilha | Pedro II | Maioridade | Segundo reinado | Liberais | Praieira | Mauá | Christie | Aguirre | Oribe e Rosas | Guerra do Paraguai | Caxias | Osório | Abolição | Republicanos
República (1889-…)
15 de novembro | Deodoro | Floriano | República da Espada | República Velha | Rebeliões | Coronelismo | Oligarquias | Café-com-Leite | Política dos Governadores | Canudos | Armada Federalista | Ciclo da borracha | Acre | Contestado

Tenentismo | 18 do Forte | Revolução de 1923 | Revolta Paulista de 1924 | Coluna Prestes | Revolução de 1930 | Paulista | Era Vargas | Integralismo | ANL | Intentona | Estado Novo | Força Expedicionária Brasileira | Mar de Lama | Anos JK | Plano de Metas | Reformas de base | Comício da Central | Golpe | Regime Militar | Greves operárias | Diretas Já | Plano Real
Listagens
Capitais | Governantes | Reis | Presidentes | Primeiros-Ministros | Deputados | Senadores | Chanceleres | Governadores Coloniais | Famílias Políticas
Constituições
Mandioca | 1824 | 1891 | 1934 | 1937 | 1946 | 1967 | 1988
Eleições
Presidenciais | Estaduais
Temáticas
Conflitos | Fronteiras | Economia | Militar | Cultura | Educação | Colonização | Escravidão | Catolicismo | Industrialização | Direito do Trabalho | Censura
Regionais
Centro-Oeste | Nordeste | Norte | Sudeste | Sul
Generalidades
Bibliografia | Cronologia | Toponímia | Etimologia | Patrimônio | Fortificações

A situação sui generis de haver dois Imperadores brasileiros durou pouco, pois sete meses depois D. João VI viria a falecer.
[editar] História

[editar] Proclamação da Independência

No dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, Dom Pedro tomou conhecimento de ordens vindas da corte portuguesa para que ele abandonasse o Brasil e fosse para Portugal ou então seria acusado de traição, com isso irritado bradou "Independência ou Morte!", e assim desligou o Brasil de Portugal definitivamente. Em 12 de outubro de 1822, foi aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Em 1º de dezembro do mesmo ano, realizou-se a cerimônia de coroação e sagração.

[editar] Primeiro Reinado (1822-1831)

Ver artigo principal: Primeiro Reinado

Para que se consumasse o processo de independência, era preciso vencer a oposição das tropas portuguesas aquarteladas no país e impor o domínio do governo central no restante das Províncias. No Nordeste, sobretudo, havia fortes tendências federalistas (maior autonomia local) e separatistas. Após prolongados combates que só terminaram em novembro de 1823, o primeiro ministério nacional, chefiado por José Bonifácio de Andrada e Silva, consolidou a independência em todo o território nacional. Ao mesmo tempo, José Bonifácio e seus irmãos, Martim Francisco e Antônio Carlos, concentraram-se na eliminação de seus opositores dentro do Partido Brasileiro. Os chamados exaltados ou democráticos opunham-se à monarquia forte e centralizada e defendiam o direito de cada província tomar suas próprias decisões. No final de 1822, foram proibidos de circular os jornais dos exaltados, e presos ou deportados muitos membros do grupo, como Joaquim Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e Januário da Cunha Barbosa.

[editar] Assembléia Constituinte

Ver artigo principal: Constituição brasileira de 1824

Convocada desde 1822, começou a preparar a Constituição do país em maio de 1823. A maioria de seus deputados pertenciam ao Partido Brasileiro. Havia, do outro lado, o Partido Português, integrado principalmente por altos funcionários da corte, militares e comerciantes portugueses favoráveis a que Dom Pedro I se reaproximasse de Portugal. O projeto de constituição apresentado por Antônio Carlos de Andrada e Silva restringia a autoridade do imperador e dificultava o acesso dos portugueses aos cargos de representação nacional. Estabelecia também que se Dom Pedro I aceitasse uma coroa estrangeira (alusão à coroa portuguesa da qual era herdeiro direto) deveria renunciar automaticamente à brasileira. Em julho de 1823, o gabinete dos Andradas foi substituído por um ministério de políticos do Partido Português. Em 12 de novembro de 1823, no episódio conhecido como A Noite da Agonia, a Assembléia Constituinte foi cercada pelas tropas e dissolvida pelo imperador. Vários deputados foram presos. Entre os que se exilaram estavam os irmãos Andradas.

Outorgada por Dom Pedro I em 25 de março de 1824, a primeira constituição brasileira mantinha algumas linhas mestras do projeto de Antônio Carlos. Votavam apenas os cidadãos que tivessem rendimentos líquidos anuais no valor de, no mínimo, 150 alqueires de farinha de mandioca. Para candidatar-se a deputado ou senador, era preciso ter rendimentos de 500 ou 1.000 alqueires, respectivamente. Assim, de uma população de mais de 5 milhões, votavam somente 5 mil eleitores. Além do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, a Constituição de 1824 instituía o Poder Moderador, privativo do imperador. Graças a este Poder, o imperador podia nomear os presidentes das províncias, chefiar as Forças Armadas, dissolver a Câmara dos Deputados, demitir ministros. A Constituição autorizava Dom Pedro I a ocupar, simultaneamente, o trono brasileiro e um trono estrangeiro. A dissolução da Assembléia e o excessivo centralismo da Constituição fizeram entrar novamente em ebulição as forças federalistas e republicanas do Nordeste. Em 2 de junho de 1824, os pernambucanos proclamaram a Confederação do Equador. Com a adesão do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, criaram uma república federalista independente, logo dominada pelas forças legalistas.

[editar] Reconhecimento da Independência

Era uma questão crucial para o império brasileiro. As monarquias absolutistas européias eram hostis à independência do Brasil. Os E.U.A. foram o primeiro país a reconhecer o governo brasileiro, em maio de 1824. Alguns meses antes fora divulgada a Doutrina Monroe, pela qual o presidente James Monroe declarava que os E.U.A. não aceitariam qualquer intervenção recolonizadora da Europa no continente americano. Graças à mediação da Inglaterra, em agosto de 1825, a coroa portuguesa reconheceu a independência do Brasil. Em troca, obtinha a condição de "nação mais favorecida" nas transações comerciais e uma indenização no valor de 2 milhões de libras. A Inglaterra também reconheceu a independência do Brasil em 1825. Somente a partir de 1826 a soberania brasileira foi reconhecida pela França, pelo Vaticano e pelas demais nações européias, concluindo-se a formalização da independência. As repúblicas latino-americanas, por sua vez, encaravam o império brasileiro como instrumento dos interesses recolonizadores europeus e condenavam a anexação da Cisplatina (em 1821, o Reino Unido luso-brasileiro anexara a Banda Oriental, atual Uruguai, a qual passou a chamar-se Província Cisplatina).

[editar] Guerra da Cisplatina
Embarque de tropas Imperiais rumo a cisplatina.
Embarque de tropas Imperiais rumo a cisplatina.

Ver artigo principal: Guerra da Cisplatina

Em março de 1825, uruguaios apoiados pelo governo de Buenos Aires reiniciaram a luta pela independência da Cisplatina. Ocuparam todo o território, com exceção de Montevidéu e Colônia, onde poderosos comerciantes, rivais dos de Buenos Aires, apoiavam a dominação brasileira. Um governo provisório uruguaio decidiu incorporar a Cisplatina à República das Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina). Imediatamente o Brasil declarou guerra à Argentina e bloqueou o porto de Buenos Aires. Em 1828, uma esquadra francesa ocupou a baía de Guanabara. Exigia a suspensão do bloqueio a Buenos Aires e uma indenização pelos prejuízos sofridos pela França com a interrupção do comércio na bacia do Prata. Por intervenção da Inglaterra, a Argentina e o Brasil assinaram, em agosto de 1828, um acordo de paz, pelo qual reconheciam a independência da República da Banda Oriental do Uruguai.

[editar] Crise Política e Econômica

Em 1826, Dom Pedro I instalou a primeira Assembléia Geral Brasileira: o Senado, vitalício, e a Câmara dos Deputados, eletiva e temporária. Os deputados, eleitos em 1824, eram em sua maioria abertamente hostis ao autoritarismo do imperador. Queriam um governo parlamentar que ouvisse a Câmara dos Deputados e a ela prestasse conta de seus atos. Por outro lado, o país atravessava crise econômica e financeira. As lavouras tradicionais de exportação estavam em decadência. O açúcar brasileiro, de cana, fora desalojado de seus principais mercados (Europa e E.U.A.) pelo açúcar de beterraba. O algodão nordestino não resistira à concorrência do algodão norte-americano e oriental. O tabaco perdia seus mercados africanos em conseqüência das restrições impostas pela Inglaterra ao tráfico de escravos. Enquanto isso, cresciam as importações de manufaturados, principalmente ingleses, que levavam o país a gastar mais do que recebia com a exportação de seus produtos agrícolas. Para agravar a situação, o governo imperial precisou contrair grandes empréstimos com bancos estrangeiros, sobretudo ingleses, a fim de financiar a guerra da Cisplatina e pagar as indenizações que devia a Portugal e à França. Em 1828, o Banco do Brasil foi à falência.

[editar] Sucessão em Portugal

Com a morte de Dom João VI em 1826, Dom Pedro I foi aclamado rei de Portugal com o título de Dom Pedro IV. Pressionado pelos políticos brasileiros, que viam ressurgir a ameaça da recolonização, Dom Pedro abdicou do trono de Portugal em favor de sua filha de sete anos, a princesa Maria da Glória, permitindo que se casasse com o seu irmão Dom Miguel, representante das forças absolutistas portuguesas.

[editar] Abdicação de Dom Pedro I

O imperador procurou atenuar a hostilidade da Câmara organizando um novo ministério chefiado pelo marquês de Barbacena, que contava com a simpatia dos políticos do Partido Brasileiro. A queda desse gabinete, a repercussão das revoluções liberais européias de 1830 e o assassínio do jornalista Líbero Badaró em São Paulo fizeram ferver os ânimos dos liberais. No Rio de Janeiro, violentas lutas de rua entre brasileiros e portugueses - as Noites das Garrafadas, em 13 e 14 de março de 1831 - colocaram em evidência a impopularidade do imperador. Novo ministério de tendências liberais foi substituído em seguida pelo Ministério dos Marqueses, de tendências absolutistas. A crise culminou em 6 de abril de 1831 com uma grande manifestação popular no Rio de Janeiro, à qual aderiu a guarnição da cidade, comandada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Na madrugada do dia seguinte, 7 de abril, Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em nome de seu filho de cinco anos, Pedro de Alcântara.

[editar] Segundo Reinado (1831-1889)

Ver artigo principal: Segundo Reinado

[editar] Período Regencial (1831-1840)

Ver artigo principal: Período Regencial

Pedro de Alcântara foi imediatamente aclamado imperador do Brasil, a fim de assegurar a continuidade do regime monárquico. Os deputados e senadores que se encontravam no Rio de Janeiro escolheram três regentes provisórios para governar em nome do soberano, até que a Assembléia apontasse nomes definitivos. O período regencial foi um dos mais conturbados da história do Brasil. A economia continuou em crise, e o poder central, controlado pelos grandes proprietários rurais do Sudeste, esteve em conflito permanente com as províncias. As lutas por maior autonomia política das províncias ameaçaram dividir o Império em vários países independentes.

[editar] Correntes Políticas

O Partido Brasileiro cindiu-se em três correntes. Os liberais moderados (conhecidos popularmente como chimangos ou chapéus-redondos) representavam os fazendeiros do Sudeste e estiveram no poder durante a maior parte do período regencial. Defendiam uma monarquia forte e centralizada. Os liberais exaltados (farroupilhas, jurujubas ou chapéus-de-palha), representantes das classes médias urbanas e dos proprietários rurais das outras províncias, queriam uma monarquia federativa com ampla autonomia provincial. Os mais radicais defendiam uma forma de governo republicana. Os restauradores (caramurus) reivindicavam a volta de Dom Pedro I ao trono brasileiro. Desse grupo participavam comerciantes portugueses, militares, mercenários estrangeiros e importantes políticos do Primeiro Reinado, entre os quais os irmãos Andradas.

[editar] Regência Trina Permanente

Eleita pela Assembléia Geral em junho de 1831, era formada pelos deputados moderados José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Em 1831 e 1837, os liberais exaltados e os restauradores promoveram vários motins populares e levantes de tropas no Rio de Janeiro. Para neutralizar a influência do exército regular, onde exaltados e restauradores tinham grande influência, o ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó, criou a Guarda Nacional. Tratava-se de uma força de elite fiel ao governo e composta de 6 mil cidadãos recrutados entre os mais ricos do país. Entre 1831 e 1834, os restauradores lideraram várias rebeliões provinciais. No Grão-Pará, chegaram a tomar o poder por algum tempo. A Abrilada, em Pernambuco, deu origem à Cabanada, movimento que se espalhou pela Zona da Mata e pelo Agreste pernambucano e alagoano entre 1832 e 1835. Mais numerosas e importantes, contudo, foram as revoltas provinciais lideradas pelos exaltados: a Setembrada e a Novembrada, em Recife, em 1831; as três Carneiradas na cidade pernambucana de Goiana (1834-1835); e os levantes militares ocorridos em Salvador. Em São Félix, na Bahia, houve um governo de curta duração, a chamada Federação dos Guanais (1832). Em 1835, tiveram início as duas mais importantes revoluções federalistas: a Guerra dos Farrapos (1835-1845), no Rio Grande do Sul, e a Cabanagem (1835-1840), no Pará. Também em 1835 ocorreu um dos mais importantes levantes urbanos de escravos na história do Brasil, a chamada Revolta dos Malês, promovida por escravos nagôs e hauçás, na cidade de Salvador.

[editar] Ato Adicional de 1834

Incapaz de conter militarmente a agitação que lavrava em todo o país, o governo central procurou atender a algumas reivindicações autonomistas das oligarquias provinciais. A lei aprovada em agosto de 1834 e conhecida como Ato Adicional introduziu modificações fundamentais na Constituição de 1824. Criou Assembléias Legislativas provinciais, extinguiu o Conselho de Estado (reduto de políticos de tendências restauradoras do Primeiro Reinado), transformou a cidade do Rio de Janeiro em município neutro da corte e instituiu a regência una, eleita por votação nacional e fortalecedora dos setores aristocráticos regionalistas e federativos. Concorreram ao cargo, entre outros, o político paulista padre Diogo Antônio Feijó e um membro de importante família pernambucana de senhores de engenho, Antônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti. A vitória de Feijó confirmou, uma vez mais, a supremacia política do Sudeste.

[editar] Regência Una

Feijó, que assumiu em 12 de outubro de 1835, enfrentou forte oposição na Câmara. Com a morte de Dom Pedro I, em setembro de 1834, antigos restauradores haviam-se unido a liberais descontentes e formado o bloco dos regressistas. Com maioria na Câmara, os regressistas condenavam as concessões feitas no Ato Adicional e exigiam um governo mais forte e centralizado, que esmagasse as revoluções provinciais. Os partidários de Feijó compunham o bloco dos progressistas. Essas facções dariam origem, posteriormente, aos dois partidos do Segundo Reinado, o Conservador e o Liberal. Em setembro de 1837, Feijó demitiu-se e foi substituído pelo regressista Pedro de Araújo Lima. O novo regente teve de enfrentar duas revoltas: a Sabinada (1837-1838), na Bahia, e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão. Além de intensificar a repressão contra os farrapos, no sul, e os cabanos, no Norte, Araújo Lima promulgou em maio de 1840 a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, a qual reduzia os poderes das Assembléias Legislativas provinciais e a autonomia das províncias. Em junho de 1840, o regente Araújo Lima foi afastado do poder por um golpe parlamentar promovido pelos liberais progressistas, o que acelerou a proclamação da maioridade de Dom Pedro II. Com 15 anos incompletos, o imperador Pedro II iniciou o seu reinado em 23 de julho de 1840.

[editar] Maioridade
Imperador Dom Pedro II do Brasil, 1873.
Imperador Dom Pedro II do Brasil, 1873.

O gabinete liberal foi substituído em 1841 por um conservador, que restaurou o Conselho de Estado e reformou o Código de Processo, dando, assim, continuidade à ação centralizadora iniciada com a Lei Interpretativa. Antes que fossem empossados os deputados eleitos durante o gabinete liberal, o gabinete conservador dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. Nas províncias de Minas Gerais e São Paulo, os liberais partiram para a luta armada (maio e junho de 1842). Foram vencidos pelo coronel Luís Alves de Lima e Silva, que recebera o título de barão de Caxias ao esmagar a revolta da Balaiada em 1840-1841. Os farrapos, depois de dez anos de luta, aceitaram em 1845 as condições de paz e a anistia propostas por Caxias, nomeado por Dom Pedro II para o cargo de presidente e comandante das armas da província do Rio Grande do Sul.

[editar] Parlamentarismo

De volta ao poder em 1844, os liberais mantiveram as leis centralizadoras contra as quais se haviam sublevado. O gabinete liberal criou o cargo de presidente do Conselho de Ministros: em vez de nomear diretamente os ministros, o imperador agora escolhia um político de sua confiança que formava o ministério. Esse sistema, denominado parlamentarismo, favoreceu a alternância dos dois partidos no poder e aumentou o peso do poder legislativo nas decisões políticas nacionais. A formação de um ministério conservador em 1848 foi o estopim da Revolta Praieira, em Pernambuco, a última revolução provincial importante do império. A derrota dos praieiros em 1850 marcou o início de um longo período de estabilidade política e prosperidade econômica, que permitiu a formação de governos de coalizão, primeiro a Conciliação (1853-1862) e depois a Liga Progressista (1862-1868).

[editar] Eleições

Segundo a Constituição de 1824, uma das mais liberais de seu tempo,[1] o voto era obrigatório[2] e as eleições eram feitas em dois graus: em primeiro lugar, os votantes escolhiam os eleitores e em seguida, estes últimos elegiam os senadores e deputados[3].

Podiam ser votantes os homens de 25 anos ou mais, com algumas exceções, e que tivessem ao menos 100 mil réis de renda. Enquanto para ser eleitor, era necessário uma renda de pelo menos 200 mil réis.[4] A exigência de renda no Reino Unido era muito maior, mesmo após a reforma de 1832.[5] Dessa forma, é provável que nenhum país europeu da época possuisse uma legislação tão liberal quanto a brasileira.[6]

Os únicos países do mundo que não exigiam renda para votar eram a França e Suíça, onde o sufrágio universal masculino foi introduzido em 1848.[7][8]

No entanto, a exigência de renda para votar no Brasil era muito baixa, pois qualquer assalariado ou pequeno proprietário podia votar.[9][10] Para efeitos comparativos, o empregado civil de menor salário da época, o servente de serviço público, ganhava 600 mil réis.[11]

Os libertos (ex-escravos) não possuiam o direito ao voto, mas os seus filhos e netos poderiam votar,[12] assim como os analfabetos[13] (o que poucos países permitiam).[14]

Assim, em 1870, cerca de 13% da população livre brasileira votava.[15] No Reino Unido, a participação eleitoral era de 7% da população total, na Itália, de 2%, em Portugal, de 9% e na Holanda, de 2,5%.[16] O Reino Unido possuia um percentual eleitoral de 3% da população em 1832, quando realizou uma reforma eleitoral, seguida pela de 1867 e depois, pela de 1884, onde conseguiu expandir o eleitorado para 15%.[17]

A maior parte dos votantes era composta por pessoas de baixa renda.[18] Por exemplo, no município de Formiga, em Minas Gerais, essas compunham 70% do eleitorado em 1876 e em Irajá, na periferia do Rio de Janeiro, a proporção era de 87%.[19]

Entretanto, as fraudes nas eleições eram comuns,[20] mas não passaram despercebidas nem por Dom Pedro II e nem pelos políticos e estudiosos da época, que consideravam um grande problema a ser resolvido.[21][22]

Várias medidas foram tomadas com o intuito de eliminar, ou ao menos, diminuir as fraudes, como as reformas de 1855, de 1875 e 1881.[23] Esta última, a mais importante, e que tornou-se conhecida como "Lei Saraiva", realizou mudanças significativas, pois eliminou a eleição em dois turnos, introduzindo a voto direto e facultativo e permitiu os votos dos libertos, assim como dos acatólicos.[24]

Se por um lado tal reforma trouxe benefícios, pois diminuiu consideravelmente a corrupção e fraude nas eleições,[25][26] permitindo um melhor funcionamento do sistema parlamentar brasileiro,[27][28] também houve os aspectos negativos, pois aos analfabetos não era mais permitido votar.[29] Assim, a taxa de eleitores passou de 13% para apenas 0,8%, em 1886.[30]

De fato, para a maior parte das pessoas de então, o grande problema das eleições eram os analfabetos, que segundo aqueles, não possuiam preparo para votar, pois desconheciam a noção do significado de um governo representativo, da escolha de alguém como seu representante político e eram facilmente corruptíveis, acabando por vender seus votos.[31]

Para Dom Pedro II, a melhor forma de resolver o problema das fraudes nas eleições não era restringindo o direito ao voto, e sim melhorando a educação no país.[32][33]

Mesmo assim, o Brasil foi capaz de manter eleições ininterruptas de 1822 a 1889, fortalecendo o processo eleitoral, assim como o sistema representativo.[34][35]

[editar] Economia

Um período de maior segurança econômica e financeira foi o segundo reinado, pois buscava-se, no período, a obtenção do equilíbrio orçamentário, tanto do Império como das províncias e municípios em que ele se dividia.[36] O Brasil entrou em um período de grande desenvolvimento e progresso, tornando-se mais avançado que muitas nações européias.[37]

No ano de 1844, surgiu a primeira tarifa alfandegária que tinha por objetivo à proteção das poucas manufaturas nacionais então existentes e o incremento de outras, possibilitando um grande avanço para a indústria brasileira.[38]

Em 1850 existiam 50 fábricas, com capital pouco superior a 7.000:000$000. Em 1889, haviam 636 estabelecimentos industriais, com 400.000.000$000 de capital, ocupando 54.000 operários e apresentando uma produção anual no valor de 500.000:000$000.[39]

A produção brasileira anual era de 50:000:000$000 em 1840. Em 1889 era de 500:000:000$000.[40]

Em 1840, a receita do Brasil era de apenas 16:000:000$000 anualmente. Enquanto no final do Império, em 1889, era de 153.000:000$000.[41] O crescimento da receita brasileira entre 1829 e 1889 foi superior a oito vezes. Para efeito de comparação, somente os Estados Unidos possuiram uma taxa de crescimento semelhante, enquanto no Reino Unido, foi de duas vezes e meia entre 1830 e 1880 e na França, entre 1850 e 1890, três vezes e meia.[42]

Durante o Império, o Brasil possuia a oitava maior receita do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, Prússia, Áustria e Espanha.[43]

[editar] Progresso

Em 30 de abril de 1854 abriram-se os primeiros quinze quilômetros de estrada de ferro no Brasil. Em 1868, eram 718 quilômetros em tráfego. Em 1889, havia 9.200 quilômetros em tráfego e 9 mil em construção.[44]

Com a adoção da navegação a vapor, a construção das primeiras estradas de ferro e de rodagem, o mercado interno brasileiro cresceu extraordinariamente até o fim do Império.[45]

O telégrafo elétrico surgiu em 1852, no Rio de Janeiro, sendo inspiração direta do Imperador. As linhas espalharam-se pelo país de norte ao sul. Em 1873 foi inaugurada no Brasil a segunda linha telegráfica submarina que ligava as Américas a Europa (O outro país que a lançou primeiro foram os EUA). Em 1889, havia 18.925 quilômetros de linhas telegráficas.[46]

No final do período monárquico surgiu outra forma de comunicação: o telefone em 1876, onde o primeiro aparelho foi instalado no palácio de São Cristóvão e em alguns anos se difundiu pelo país.[47]

A capital do Império tornou-se a quinta cidade do mundo a possuir uma estação de tratamento de esgotos, tendo o serviço se iniciado na década de 1860.[48]

O gás canalizado, utilizado para iluminação, surgiu primeiro no Rio de Janeiro, em 1854. No ano de 1874, dez mil residências da Corte, cinco mil estabelecimentos públicos e seis mil lampiões de rua eram servidos pelo gás canalizado.[49]

Em 1883, a cidade de Campos dos Goitacases, no Rio de Janeiro, foi à pioneira na América do Sul na introdução da energia elétrica como serviço público de iluminação.[50]

Até 1850 recebera o Brasil uns 19 mil imigrantes. Entre 1855 e 1862, a média da entrada deles fora de 15 mil por ano.[51]

O historiador Heitor Lyra em sua obra “História de Dom Pedro II”, considerada a melhor biografia a respeito do segundo Imperador, pela abrangência e riqueza de fontes,[52] definiu o progresso no Brasil imperial da seguinte forma:

O Império, sob o ponto de vista do progresso e do desenvolvimento material do país, não foi o atraso e a estagnação, de que ainda hoje é acusado por quantos não se querem dar ao trabalho de estudar e conhecer melhor esse período da nossa História. E a verdade é o que o Brasil era, de fato, e de direito, sob este e outros aspectos, a primeira Nação da América Latina. Essa hegemonia ela iria conservar até o último dia da Monarquia.[53]

[editar] Lavoura do café

No final do período regencial, a economia brasileira começara a apresentar sinais de recuperação, graças ao surgimento de uma nova lavoura de exportação, a cafeeira. O café era cultivado, a princípio, apenas para consumo doméstico e local. No começo do séc. XIX, transformou-se em um produto economicamente importante para o país. As grandes fazendas de café se expandiram pelo vale do rio Paraíba, na província do Rio de Janeiro, penetrando, em seguida, no sudeste de Minas Gerais e norte de São Paulo. O avanço do café coincidiu com a decadência das lavouras tradicionais - algodão e açúcar. Entre 1837 e 1838, as exportações de café, destinadas principalmente aos E.U.A., correspondiam a mais da metade do valor das exportações brasileiras. A lavoura cafeeira proporcionou aos grandes proprietários rurais do Sudeste (os barões do café) o suporte econômico necessário para consolidarem sua supremacia política perante as demais províncias do país.

[editar] Predomínio paulista

Por volta de 1875, começou a delinear-se uma nítida separação, no Sudeste, entre duas zonas cafeeiras distintas. De um lado, o vale do Paraíba e adjacências, onde dominavam as relações de trabalho escravistas e um sistema de exploração descuidado que foi responsável pelo esgotamento dos solos, a queda da produtividade e a decadência dos cafezais após algumas décadas de prosperidade. Do outro lado, o chamado Oeste Paulista, a zona de terra roxa em torno de Campinas e Ribeirão Preto, cujos fazendeiros, além de introduzirem máquinas agrícolas e melhorias no processo de cultivo e beneficiamento do café, foram os primeiros a substituir a mão-de-obra escrava, que se tornava escassa e caríssima, pelo trabalho assalariado livre, quer de brasileiros quer de imigrantes. Em 1860, 80% da produção cafeeira provinha ainda da província do Rio de Janeiro. Por volta de 1885, a produção paulista ultrapassou a fluminense e, nos últimos anos do séc. XIX, correspondia a quase metade da produção global do país.

[editar] Tráfico negreiro

Tentando atrair o capital do tráfico para a industrialização, a Inglaterra extinguiu o comércio de escravos (1807) e passou a mover intensa campanha internacional contra o tráfico negreiro. Nas negociações do reconhecimento da independência do Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio à extinção do tráfico e forçara Dom Pedro I a assinar, em 1826, um convênio no qual se comprometia a extingui-lo em três anos. Cinco anos depois, a regência proibiu a importação de escravos (1831), mas a oposição dos grandes proprietários rurais impediu que isso fosse levado à prática. Estimulado pela crescente procura de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, o tráfico de escravos aumentou: desembarcaram no Brasil 19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849.

[editar] Extinção do tráfico negreiro

Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até dentro das águas e dos portos brasileiros, o que deu origem a vários atritos diplomáticos entre o governo imperial e o britânico. Finalmente, em 4 de setembro de 1850, foi promulgada a Lei da Extinção do Tráfico Negreiro, mais conhecida como Lei Eusébio de Queirós. Em 1851, entraram 3.827 escravos no Brasil, e apenas 700 no ano seguinte. O fim da importação de escravos estimulou o tráfico interprovincial: para saldar suas dívidas com especuladores e traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do Nordeste e do Recôncavo Baiano passaram a vender, a preços elevados, suas peças (escravos) para as prósperas lavouras do vale do Paraíba e outras zonas cafeeiras. Forçados pela escassez e encarecimento do trabalhador escravo, vários cafeicultores paulistas começaram a trazer colonos europeus para suas fazendas, como fizera o senador Nicolau de Campos Vergueiro, em 1847, numa primeira experiência malsucedida. A mão-de-obra assalariada, porém, só se tornaria importante na economia brasileira depois de 1870, quando o governo imperial passou a subvencionar e a regularizar a imigração, e os proprietários rurais se adaptaram ao sistema de contrato de colonos livres. Mais de 1 milhão de europeus (dos quais cerca de 600 mil italianos) imigraram para o Brasil em fins do séc. XIX.

[editar] Atividades urbanas

A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande soma de capitais que afluíram para outras atividades econômicas. Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, três caixas econômicas, 20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguros e oito estradas de ferro. A cidade do Rio de Janeiro, o grande empório do comércio de café, modernizou-se rapidamente: suas ruas foram calçadas, criaram-se serviços de limpeza pública e de transportes urbanos, e redes de esgoto e de água. A geração de empresários capitalistas que surgiu nesse período teve em Irineu Evangelista de Sousa, barão e depois visconde de Mauá, sua figura mais representativa. Em 1844, o ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os interesses dos comerciantes e industriais ingleses, colocou em vigor novas tarifas alfandegárias que variavam em torno de 30%, o dobro, portanto, das anteriores. Embora visasse a solucionar a carência de recursos financeiros do governo imperial, essa medida teve efeitos protecionistas: ao tornar mais caros os produtos importados, favorecia a fabricação de similares nacionais.

[editar] Guerras externas

A bacia do rio da Prata foi o palco dos principais conflitos externos em que o império brasileiro se envolveu. Com o objetivo de assegurar a livre navegação nos rios Uruguai, Paraguai e Paraná, e no estuário do Prata, o governo imperial procurou explorar os conflitos entre Buenos Aires e as outras províncias argentinas, assim como as lutas entre os partidos que disputavam o poder no Uruguai, os blancos (brancos), de Manuel Oribe, e os colorados (vermelhos), de José Fructuoso Rivera.

[editar] Guerra do Prata

Ver artigo principal: Guerra contra Oribe e Rosas

A política externa do Brasil no Prata esteve, na maioria das vezes, alinhada com os objetivos da Inglaterra. A fim de preservar o controle sobre os mercados platinos, a Inglaterra procurava impedir que os rios caíssem sob o domínio exclusivo de um país ou porto. A principal ameaça à livre navegação nos rios platinos eram as intenções do governo argentino, presidido por Juan Manuel Rosas, de formar uma grande confederação englobando as repúblicas do Paraguai e do Uruguai sob a hegemonia política e econômica do porto de Buenos Aires. Em 1851, o império brasileiro efetuou uma intervenção militar no Uruguai e depôs Oribe. Pouco depois, invadiu a Argentina e depôs Rosas. O império assinou com os novos governos do Uruguai e da Argentina vantajosos tratados de amizade, navegação, comércio e limites.

[editar] Guerra do Paraguai
Batalha do Avaí.
Batalha do Avaí.

Ver artigo principal: Guerra do Paraguai

Em abril de 1864, o presidente uruguaio Atanásio Aguirre, do Partido Blanco, recebeu um ultimato do governo brasileiro exigindo compensação por supostos prejuízos sofridos por criadores brasileiros em disputas de fronteira, por questões de gado. Depois de assegurar o apoio político e diplomático do presidente paraguaio Francisco Solano López, Aguirre recusou o ultimato e queimou em praça pública todos os tratados assinados pelos governos anteriores com o Brasil. Após o rompimento das relações diplomáticas, o império ocupou o Uruguai.

Não surtiram efeito os protestos diplomáticos de López condenando a invasão do Uruguai. A derrota de Aguirre deixaria o Paraguai imprensado entre dois poderosos blocos nacionais - Argentina e Brasil - que poderiam estrangular a passagem pelos rios, sua única via de acesso ao exterior. Em novembro de 1864, tropas paraguaias aprisionaram o navio brasileiro Marquês de Olinda e invadiram a província de Mato Grosso. Não conseguiram, porém, impedir ou retardar a derrota dos Blancos no Uruguai. Em 1º de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai firmaram o Tratado da Tríplice Aliança e iniciaram a Campanha Militar contra o Paraguai. O cenário principal da guerra foi o médio curso dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Depois que a esquadra brasileira conseguiu abrir caminho pelo passo de Humaitá (1868), caíram, uma em seguida a outra, as fortalezas que guarneciam o acesso a Assunção, capital paraguaia. Após a queda de Assunção, López refugiou-se nas cordilheiras com o que restava do seu exército. Sua morte, em março de 1870, selou a vitória definitiva da Tríplice Aliança.

[editar] Abolicionismo e republicanismo

Finda a guerra do Paraguai, reavivou-se a polêmica em torno do escravismo, ao mesmo tempo que ressurgiam os ideais republicanos no Brasil. Tanto o republicanismo como o abolicionismo encontraram ampla acolhida entre as camadas médias urbanas que se haviam expandido com as transformações econômicas ocorridas a partir de 1850. A ascensão do Ministério Itaboraí, conservador e escravocrata, em 1868, assinalou o fim da política de compromisso entre os partidos Conservador e Liberal. Nesse mesmo ano, formou-se o Partido Liberal-Radical, cujo programa incluía a reivindicação do voto direto e generalizado, a extinção do Poder Moderador do imperador, a eleição dos presidentes de províncias pelas próprias províncias e a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. Em 1870, a ala mais radical desse partido fundou, no Rio de Janeiro, o Partido Republicano.

[editar] Campanha abolicionista

A divulgação do Manifesto Republicano coincidiu com a intensificação da campanha abolicionista. Em 28 de setembro de 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de mulher escrava nascidos daquela data em diante. A mãe conservava o ingênuo (nascido livre) até os oito anos. O senhor poderia utilizar os serviços do ingênuo até os 21 anos, pagando-lhe salário, a menos que preferisse libertá-lo e receber a indenização oferecida pelo governo. Além de não conseguir deter a campanha abolicionista, o governo imperial envolveu-se numa séria desavença com a Igreja Católica, conhecida como Questão Religiosa (1872-1875), a qual contribuiu para desgastar mais ainda as bases de sustentação do regime monárquico. Depois de 1880, o abolicionismo ganhou novo fôlego. A Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Emancipacionista, fundadas nesse ano no Rio de Janeiro, passaram a coordenar a propaganda contra a escravidão através da imprensa, de reuniões e conferências. Destacaram-se nessa campanha os jornalistas negros Luís Gama e José do Patrocínio, o poeta Antônio de Castro Alves, o engenheiro André Rebouças e o parlamentar Joaquim Nabuco. Os abolicionistas conquistaram adeptos também nos círculos militares, onde já se havia difundido a filosofia positivista, por iniciativa de Benjamin Constant. A recusa do exército em perseguir os escravos que fugiam em massa das fazendas (muitas vezes com a ajuda da ala mais radical dos abolicionistas) deu origem a questões militares.

[editar] Lei Áurea

Ver artigo principal: Lei Áurea

Levado pela força dos acontecimentos, o governo central fazia pequenas concessões que não contentavam nem aos escravocratas nem aos abolicionistas. Em 1885, foi promulgada a Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como Lei dos Sexagenários. Tratava-se, em verdade, de norma contraproducente, pois ao libertar os escravos maiores de 60 anos, desobrigava os proprietários de sustentá-los quando já estavam cansados e doentes, condenando-os à mendicância. Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, regente do trono (por motivo de viagem do imperador, seu pai), assinou a Lei Áurea, que libertou os últimos 720 mil escravos existentes no país (5% da população). Grande número desses escravos, aliás, já se havia rebelado, recusando-se a trabalhar sem remuneração ou fugindo de seus proprietários. Os fazendeiros do vale do Paraíba, únicos a votar contra a aprovação da lei no Parlamento, pois eram os mais prejudicados, passaram para o Partido Republicano. Eles tinham a esperança de que o novo regime lhes indenizaria as perdas sofridas.

[editar] Fim do Império

Ver artigo principal: Dom Pedro II

Isso tudo bastou para no dia 15 de Novembro de 1889 o Marechal Deodoro da Fonseca proclamasse por meio de um golpe militar o inicio da República e o fim do Império. Previa-se um plebiscito para legalizar a república no país, o qual só foi feito 104 anos depois, em 1993.

[editar] Referências

1. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
2. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
3. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
4. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
5. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
6. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
7. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
8. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
9. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
10. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
11. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
12. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
13. ↑ CARVALHO, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007
14. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
15. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
16. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
17. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
18. ↑ CARVALHO, José Murilo de, A Monarquia Brasileira, Livro Técnico, 1993
19. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
20. ↑ CARVALHO, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007
21. ↑ CARVALHO, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007
22. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
23. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
24. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
25. ↑ CARVALHO, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007
26. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
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28. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
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31. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Cidadania no Brasil, Civilização Brasileira, 2007
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33. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
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35. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
36. ↑ VIANNA, Hélio, História do Brasil, Melhoramentos, 1994
37. ↑ LYRA, Heitor, História de Dom Pedro II, 1º volume, Universidade de São Paulo, 1977
38. ↑ VIANNA, Hélio, História do Brasil, Melhoramentos, 1994
39. ↑ VIANNA, Hélio, História do Brasil, Melhoramentos, 1994
40. ↑ VIANNA, Hélio, História do Brasil, Melhoramentos, 1994
41. ↑ CALMON, Pedro, História da Civilização Brasileira, Senado Federal, 2002
42. ↑ CARVALHO, José Murilo de, Teatro das Sombras, Relume-Dumara, 1996
43. ↑ LYRA, Heitor, História de Dom Pedro II, 1º volume, Universidade de São Paulo, 1977
44. ↑ CALMON, Pedro, História da Civilização Brasileira, Senado Federal, 2002
45. ↑ VIANNA, Hélio, História do Brasil, Melhoramentos, 1994
46. ↑ CALMON, Pedro, História da Civilização Brasileira, Senado Federal, 2002
47. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
48. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
49. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
50. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
51. ↑ VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
52. ↑ CARVALHO, D. Pedro II, Companhia das Letras, 2007
53. ↑ LYRA, Heitor, História de Dom Pedro II, 1º volume, Universidade de São Paulo, 1977

[editar] Ver também

* Rei do Brasil
* Família Imperial Brasileira
* Príncipe Imperial do Brasil
* Príncipe do Brasil
* Governantes do Brasil
* História do Brasil
* Guerra Cisplatina
* Revolução Farroupilha
* Guerra do Paraguai
* Primeiro Reinado
* Segundo Reinado
* Cronologia do Brasil Império

[editar] Ligações externas

* Casa Imperial do Brasil
* Museu Imperial de Petrópolis
* Tratado do Rio de Janeiro de 1825


Família Imperial Brasileira
Precursores: D. João VI de Portugal | D. Carlota Joaquina
1ª geração: D. Pedro I | D.Leopoldina de Áustria | D. Amélia de Leuchtenberg
2ª geração: D. Pedro II | D. Teresa de Duas Sicílias | D. Januária Maria | D. Paula Mariana | D. Francisca Carolina | D. Maria II de Portugal | D. Maria Amélia
3ª geração: D. Isabel Leopoldina | D. Luís Gastão d'Eu | D. Afonso Pedro | D. Leopoldina Teresa | D. Pedro Afonso
4ª geração: D. Luísa Vitória | D. Pedro de Alcântara | D. Luís Maria Filipe | D. Antônio Gastão
5ª geração em diante: Ramo de Vassouras | Ramo de Petrópolis | Ramo de Saxe-Coburgo e Bragança

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Imp%C3%A9rio"

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