terça-feira, 4 de março de 2008

antonio sales -familia pinto coelho cunha

12º Centro Regional de Desenvolvimento da Educação
Núcleo de Tecnologia Educacional

Quixadá-CE - Ano: 02-Edição 02 - Janeiro / Março 2004

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Padaria Espiritual - Sociedade de Letras Cearense




Movimentos literários irreverentes


José Célio Pinheiro[1]

O fulgor dos anos traz no âmago das pessoas a irreverência , a vontade de quebrar os paradigmas existentes e criar o novo como forma de avisar a todos que existe alguém e que está ali para contrariar os princípios e os costumes, mudar e quebrar o cotidiano como se quebra uma vidraça.
Assim, nasceu nos fins do século XIX(mais precisamente em 1892) um movimento literário onde o deboche às normas culta da linguagem eram desconsideradas e um novo estilo literário começava a ser concebido por jovens da época que tinham o prazer em contrariar e romper com tudo que era formal .
O movimento literário da época, teve âncora em talentos jovens, individualistas, literatos e tinha a marca da ousadia porque queria romper com tudo que já se havia escrito até então. A Padaria Espiritual, criada e idealizada por Antonio Sales, teve vida curta mas marcou profundamente os meios literários de Fortaleza, até então, ainda tímido, pela falta de comunicação ou pela dificuldade de contatos com o sul do país, berço cultural e político do Brasil. Os artistas e escritores reuniram-se em um dos quiosques da Praça do Ferreira, ponto de encontro dos políticos, estudantes, e do povo em geral, uma vez que a velha praça sempre foi ponto de encontro dos boêmios da época. O Café Java, famoso por ter no seu proprietário um homem rude e de poucas letras, mas profundo admirador de uma boa conversa, foi palco de conversas das mais interessantes do ponto de vista litarário e até discussões que, às vezes, chegavam às vias de fatos.
Em um desses encontros surgiu a idéia de se criar uma Academia de Letras no Ceará. Antonio Sales achou interessante que se criasse um grupo literário, combativo, diferente, original e que repercutisse nos meios culturais e não tivesse a mesma proposta das pomposas academias existentes no País. A partir de então, foi lançada a semente que germinou a “Padaria Espiritual” que se propunha fornecer o “pão-do-espírito”. Além de Antonio Sales, outros 19 “ padeiros” tomaram parte do movimento. A Instituição teve vida curta mas alcançou repercussão nacional e serviu de certa forma de embrião para outros grandes movimentos literários até culminar com a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922.
Naqueles tempos quando ainda não existiam os impérios das comunicações e as notícias eram levadas a lombo de animais, a repercussão do movimento do Ceará ecoou na Capital Federal, o Rio de Janeiro, levada que foi pelos jovens artistas que tinham um único caminho: o sul do País, recebendo dos mais conservadores, críticas debochadas e jocosas e dos críticos mais avançados elogios e aceitação das idéias apregoadas pelo movimento literário revolucionário, com destaque nos jornais da Capital Federal.
A “Padaria” foi instalada no número cinco da rua Formosa, hoje Barão do Rio Branco, onde foi editado o jornal “O Pão”, para difundir e publicar os escritos do grupo. Além de Antonio Sales, fez parte da “Padaria “Adolfo Caminha, Antonio Bezerra, Lívio Barreto, Henrique Jorge, Carlos Vitor e Rodolfo Teófilo. O jornal “O Pão” deixava claro o espírito dos “padeiros” e demonstrava sua independência rebelde, não obedece a sugestões estranhas nem tem o compromisso de agradar nem hostilizar que quer que seja. O jornal tem apenas um compromisso com a verdade, doa em quem doer. O tom de independência do jornal ficou patente em dois recados estampados na capa: “não se aceitam assinatura e não se aceita colaboração”.
A Padaria da Rua Formosa, na realidade, era uma bodega modesta que não vendia pão nem bolacha mas, em contrapartida, reunia jovens cheios de talentos e ousadia. A primeira fase da Padaria foi mais cheia de verve humorística, característica do povo cearense, tirando pilhérias e brincadeiras, provocando escândalos e havia os inimigos naturais dos “padeiros” , os padres, os alfaiates, e a polícia.
Para adentrar à “padaria" exigia-se do candidato a sócio a apresentação de uma peça literária. O jornal teve apenas trinta e seis edições, havendo dispersão do grupo por razões de sobrevivência pois o sul do País sempre foi o destino dos jovens literatos que buscavam o reconhecimento nacional. Em 1894, Rodolfo Teófilo lançou a segunda edição do movimento, mas não teve a repercussão da primeira, deixando, no entanto, marcas indeléveis na literatura cearense e brasileira, servindo de base para outros movimentos como a Semana de Arte Moderna em 1922.

Saiba mais!


www.ebooksbrasil.com/eLibris/bomcrioulo.html

www.ebooksbrasil.com/eLibris/anormalista.html

www.editoranucleo.comm.brisladolfo.atml

www.itaucultura.org.br

www.klickeducacao.ccomm.br

www.netrope.com.br/aliteratura

www.nosachamos.ccom/cgi-bin

www.pegar.com.br

www.releituras.com..br

www.secrel.com.br



[1]José Célio Pinheiro - Licenciatura Plena em Letras e especialista em Língua Portuguesa, Assessor de Comunicação do 12º CREDE / SEDUC - Quixadá-CE.

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