segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Apresentações, local de nascimento

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24/12/06
DJALMA ۞
RIO CASCA
OI MEU NOME É "DJALMA PERDIGÃO PINTO COELHO JUNIOR" SOU TATARANETO DO DR. ANTONIO MANOEL PINTO COELHO FUNDADOR DA ESCOLA "HARMONIA", BISNETO DE "ANTONIO AMARANTE PINTO COELHO MIRANDA" PROPRIETARIO DA FAZENDA HARMONIA... E NETO DE "JOSE PINTO COELHO" TENENTE CORONEL DA MARINHA. ENTÃO TODOS VIERAM DE SÃO DOMINGOS DO PRATA.. PORÉM DO MEU PAI PRA CÁ NASCEMOS EM RIO CASCA !!! BOM TO EM BUSCA DOS PRIMINHOS E PRIMINHAS PERDIDOS(AS) EHEHEHEHEHEHEHEH APAREÇAM !!!!
28/12/06
Wendel
Wendel, Juiz de Fora, Minas Gerais..
AQUI EM JUIZ DE FORA SOMOS MTOS PARENTES...somos mais ou menos entre a oitava a décima geração depois do barão de cocais...
opa
não assino Pinto Coelho, pois esse sobrenome se perdeu em meus antecedentes...
O barão de cocais, foi pai da Júlia Amália Portugal. Ela casou com Ovídio César Pinto Coelho da Cunha (filho de Modesto Casemiro Pinto Coelho com a Ana Maria da Mota)... deste casamento da Júlia com o Ovídio gerou Maria Laurência Coelho (mas alguém escreveu aqui que foi o José Luis Coelho Cunha que foi filho do Ovídio e da Júlia e não a Maria Laurencia)..

Só sei que a Maria Laurencia Coelho casou com o José Luiz Coelho da Cunha e tiveram o Vitorino José Coelho (ALGUEM Q ESCREVEU AKI FALOU Q É DESCENDENTE DO IRMÃO DO VITORINO, QUE CHAMAVA ANTONIO LUIS PINTO COELHO)...

O Vitorino casou com a Maria do Rosário, e tiveram Justina Maria do Rosário,que casaou com o José Marcelino Fernandes e tiveram o Antônio Fernandes Coelho.
O Antônio Fernandes Coelho casou com a Amélia Esmério de Jesus e teve minha avó, Geraldina Fernandes Coelho.
Quem for de Juiz de Fora, ou possuir algum parentesco com José Luis Coelho da Cunha, ou algum desses q citei, por favor me escreva...
abraços
24 mar
CLAUDIO
procura-se
OLA MEUS AMIGOS MEU NOME E CLAUDIO AUGUSTO PINTO COELHO MORO EM SAO PAULO MEU PAI SE CHAMA AUGUSTO PINTO COELHO NATURAL DE MARAGOGIPE BAHIA E TEM UMA IRMA QUE SE CHAMA ALMERINDA, MEU AVO SE CHAMA JUVENAL PINTO COELHO E MINHA AVO ALMERINDA MATOS COELHO E TUDO QUE EU SEI SOBRE A ORIGEM DE MINHA FAMILIA AFINAL JA ESTAO TODOS MORTOS SE ALGUM PRIMO ESTIVER POR AI ME AVISE AH!MEUS AVOS ERAM PORTUGUESES
25 abr
Patricia
Oi! Acho q já postei aqui, mas deixo novamente!
Sou prima em 2º grau da Dessa, do anônimo logo abaixo dela e do Yuri... São todos filhos de meus primos. Sou filha do Rubens Francisco Pinto Coelho, neta do Fabio Guerra Pinto Coelho, que era natural de Itabira ou Itabirito, não sei bem...
7 jul
Yuri
gov.valadares
gov.valadares
oi gaaalera praser
meu nome e yuri pinto coelho,sou filho de amos pinto coelho
neto do grande Ernani pinto coelho e Laurides brasil ciribelle coelho(D. fILINHA)
somos de sao felix-mg
fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
ate ++++++++++++++++
14 jul
GRAÇA
parentesco de henrique Pinto Coelho
Olha Henrique, se seu avô R,Renato Pinto Coelho foi casado com Carmem e neste casamento tiveram 7 filhos : (Renê, Carmem Lúcia, Francisco(falecido),Regina, Dequinha(esqueci o nome),Fatinha e Sérgio, pode ter certeza que somos primos. Tio Renato era irmão da minha avó materna (Maria do Carmo Pinto Coelho) e minha mãe era Ayda.Tem foto dela no meu ORKUT.Se for, entre em contato comigo.
17 jul
GRAÇA
Neta de MARIA DO CARMO PINTO COELHO
Sou neta de Maria do Carmo Pinto Coelho e filha de Ayda (DOQUINHA ) que era filha de Maria do Carmo.Minha avó DOCARMO era filha de THEÓFILO PINTO COELHO.SEI TAMBÉM QUE MINHA AVÓ TINHA VÁRIOS IRMÃOS COMO : RENATO PINTO COELHO, ONGÓ PINTO COELHO, tinha um tal de Tio NHO e outros que não recordo.Tinha tia Melinha e outros.
18 jul
Arnaldo
Meus bisavós:
-Modesto Figueiredo Pinto Coelho
-Bárbara Caldeira Pinto Coelho

Meu avô:- José Pinto Coelho da Cunha

Tios de meu pai:
-Clarindo Pinto Coelho
-Ademar Pinto Coelho
-Adalgisa Pinto Coelho
-Clotilde Pinto Coelho
-Maria Pinto Coelho

Meu Pai:Lippe Pinto Coelho
Todos nscido em Minas Gerais!
Espero que conheça alguem ou alguem que os conheça,seria uma alegria para mim pois até agora ainda não encontrei que pudesse me dar a certeza do vinculo familiar!
Sem mais te desejo um ótimo final de semana com muita paz no coração e qualquer coisas ,mande noticias falou?
Um grande abraço....

Arnaldo Pinto Coelho.
16 set
Livio
apresentação
Livio Machado Pinto Coelho, filho de Sincero Guimarães Pinto Coelho e Ruth Machado Coelho. Natural de Ipatinga MG, casado com Stella Willian Pereira Pinto Coelho, Filhas: Livia Pereira Pinto Coelho e Sabrina Pereira Pinto Coelho. Profissão: professor de língua Inglêsa.
29 set
Anderson
São Paulo
Olá! Sou Anderson,nascido em Santo André, SP. Descendo do Barão pela parte varonil, vindo de Avaré. O Barão tinha alguns negócios com o Major Vitoriano naquela época nas terras de Avaré.
Grande abraço à todos!
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12/04/06
MARIA CLARA
Fábio Guerra Pinto Coelho,era meu avô.Sou filha de Luiz Felipe Pinto Coelho.Moramos em BH.
20/05/06
Patricia
Sou prima da Clarinha daí de cima.Minha bisavó era Petronilha, mãe do meu avô (Fabio Guerra Pinto Coelho).Acho que a mãe dela era essa Rosa de que falam aí para trás, pq até hoje existem várias Rosas na família. Fabios, então, nem se fala. Acho q meu bisavô, ou tataraô, sei lá, chamava-se João Batista Guerra Drummond Pinto Coêlho, acho tb q era o tal Desembargador Drummond
12/06/06
Fabio
sou um dos multiplos fabios da familia, e sobrinho da Patricia aí em cima
17/06/06
Magna
Itabira / Ipatinga
Olá, também orgulho-me de fazer parte desta família. Sou de Itabira MG mas resido atualmente em Ipatinga MG. Sou Filha de João Evangelista Pinto Coelho e Nilza Santos Pinto Coelho.
não há foto
19/06/06
Silvio
Silvio Pinto Coelho São Paulo
boa tarde a todos, na realidade não tenho certeza se faço parte desta familiar, por sempre morar longe de meu avô Nelson Pinto Coelho, sei que são da região de Jequitinonha, machacalis, Bertopolis, os meus tios José Coelho e Reinando Coelho são os mais conhecidos.
05/08/06
Dessa
Andressa Pinto Coelho
Sou de Jaraguá do Sul, SC.
Meu pai, Marcos Schweinle Pinto Coelho,
Avô Antônio Marcos Pinto Coelho... conheço até aí.. tios e afins.

Sei que o meu avô era de Minas Gerais.

Assim como a grande maioria, também cresci ouvindo sobre os meus parentes famosos (ou nobres, como prefere o meu pai)...
não há foto
06/08/06
Anônimo
Sou de bh, a dessa ai de cima deve ser minha prima de 3° grau, se o avô dela for irmao do luis felipe pc (meu avo) e do fábio márcio pc
28/08/06
Yuri
Eu so Yuri Pinto Coelho Kurazumi. Moro em São Paulo

So neto de Fabio Marco Pinto Coelho e Zélia de Vasconcellos Pinto Coelho. E tambem sou primo desse ai de cima.
23/10/06
Luis
Luis de Almeida e Vasconcellos Pinto Coelho
Caros Primos,
Meu nome é Luis de Almeida e Vasconcellos Pinto-Coelho, de Lisboa... Portugal. É isso mesmo, a família é muito grande e é toda a mesma, dos dois lados do Atlântico.
Já me apresentei no tópico para a família de Portugal, que o nosso primo Rodrigo abriu quando me encontrou no Orkut. Pena foi ele não ter me encontrado mais cedo, porque em Julho estive no Rio, em Minas e São Paulo e agora não sei quando voltarei ao Brasil da próxima vez.
Só agora é que tive mais tempo para visitar o fórum e ler alguns tópicos, vejo que há algumas perguntas sobre a ascendência do Barão de Cocais e as origens da família. Acontece que a História é um assunto que sempre me interessou e também tenho alguns conhecimentos de genealogia, principalmente conheço bem a minha família. (Me lembro muito bem por volta de 1970-75 o meu avó falar na herança do Barão, mas não era nada conosco porque não somos netos, somos sobrinhos...) Não sou a pessoa indicada para falar sobre a descendência do Barão, porque sou colateral, mas posso responder aquilo que souber sobre seus antepassados, que, recuando 4 gerações (que em História é muito pouco) já são os mesmos que os meus.
Abri um novo tópico: “Origens da família em Portugal” e vou começar a postar as informações que tenho sobre os antepassados (vai demorar um pouco porque é muita informação para reler) mas, quem conhecer seu avós até ao início do séc.XIX, vai ser fácil ligar aos antepassados dos séculos anteriores.
Um abraço,
Luis
24/12/06
DJALMA ۞
RIO CASCA
OI MEU NOME É "DJALMA PERDIGÃO PINTO COELHO JUNIOR" SOU TATARANETO DO DR. ANTONIO MANOEL PINTO COELHO FUNDADOR DA ESCOLA "HARMONIA", BISNETO DE "ANTONIO AMARANTE PINTO COELHO MIRANDA" PROPRIETARIO DA FAZENDA HARMONIA... E NETO DE "JOSE PINTO COELHO" TENENTE CORONEL DA MARINHA. ENTÃO TODOS VIERAM DE SÃO DOMINGOS DO PRATA.. PORÉM DO MEU PAI PRA CÁ NASCEMOS EM RIO CASCA !!! BOM TO EM BUSCA DOS PRIMINHOS E PRIMINHAS PERDIDOS(AS) EHEHEHEHEHEHEHEH APAREÇAM !!!!
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11/12/05
ЭulЭЯ™
Familia Grande
Legal meu avos são de Barão de Cocais aqui no interior de MG e meu Pai é de Santa Barbara tb de MG. Meu pai fala que somos descedentes da Familia "Pinto Coelho" que morava em Santa Barbara.
Essa familia era mt rica na epoca e ela deixou uma herança mas que ninguem sabe aonde ela esta.
Eu e meus irmaos nascemos em João Monlevade tb interior de MG e somos descendentes dessa familia.
abraços pra todos que lerem
não há foto
20/12/05
Anônimo
TENHO HONRA DE SER UM MEMBRO DA FAMÍLIA COELHO
MEU BISAVÔ DE ACORDO COM MEU PAI JÁ FALECIDO, MIGUEL COELHO, CHAMAVA-SE VICENTE PINTO COELHO, OU SEJA, PARENTE DO BARÃO DE COCAIS, TENTARAM PROVAR NA JUSTIÇA POR VÁRIOS ANOS,SÓ QUE A MAIORIA DE SUA DESCENDENCIA ESPALHOU-SE PELO ESTADO DE MINAS GERAIS E, NO CASO DE MEU PAI, AVÔ E BISAVÔ SUAS CERTIDÕES FORAM QUEIMADAS NO BATISTÉRIO DA CIDADE DE PITANGUI-MG. UM GRANDE ABRAÇO A TODOS DESSA LINHAGEM DO BARÃO DE COCAIS.
não há foto
07/01/06
Anônimo
Rio Casca
Meu nome é Pedro Affonso Pinto Coelho Netto, nasci em Rio Casca MG, cidade onde existem algumas propriedades rurais que pertencem ou pertenceram à família Pinto Coelho. Tenho o nome do meu avô, Pedro Affonso Pinto Coelho, que nasceu nesta mesma cidade mas fez sua vida no Rio de Janeiro, como promotor de justiça e posteriormente, juiz na cidade de São joão de Meriti.
16/01/06
Mabi
Minha família é de nova era, meu vô era Genaro Pinto Coelho... Agora moro em BH. Prazer em conhece-los!
22/01/06
Huaman
Família Pinto Coelho
Meu nome é Huaman Xavier Pinto Coelho e moro em Ouro Preto. Eu sou neto do Major Estevam Pinto Coelho mencionado por um membro desta comunidade. Meu pai pesquisa muito sobre as origens da família e chegou à Santa Maria de Itabira e um tal de Raimundo Pinto Coelho que viveu no século 19. Um abraço a todos parentes Pinto Coelho.
23/01/06
Claudio
Benone Pinto Coelho
Sou neto do Sr. Benone Pinto Coelho, nascido em Tocantins/MG
não há foto
31/01/06
Anônimo
apresentaões,local de nascimento
Sou Emiliane Pinto Coêlho.Meu pai chamava-se(falecido)José Barbosa Pinto Coêlho.Sei que meu bisavô veio para o Brasil cidade de Mendes R.J.no início do século xx e anos depois chegaram: minha bisavó(Angelina Pinto Coêlho),meu avô(Abílio Pinto Coêlho)e seus irmãos José Pinto Coêlho e Henrique Pinto Coêlho. Vieram de Felgueiras(Portugal).Nasci em Mendes e a Família possuía uma padaria que foi de meu bisavÔ e passada para os filhos.A maior parte da minha infância foi lá e sinto saudades.Gostaria de saber se tenho parentes por aqui.Abraços a todos os Pinto Coelho.
02/02/06
Julio
julio PC
me chamo júlio e desde novo tenho ouvido de meu pai a história da família que tem descendencia judaica, e sobre o barão de cocais que um de seus filhos foi o avô da minha avó= meu tataravô.
flw galera...
não há foto
06/02/06
Moêma
Oi Henrique Pinto Coelho Siqueira
Lembrei que minha tia falava que tinha um primo chamado Henrique, pode ser que seja seu tio ou avô. Afinal, os meus "Pinto Coelho" são de Mar de Espanha, como os seus. Sabe de algo?
não há foto
23/03/06
Anônimo
AMO SER UMA PINTO COELHO
SEMPRE ESCUTEI Q ERA DESCENDENTE DO BARÃO DE COCAIS. E GOSTO DISSO... MAS NÃO SEI AO CERTO.
SOU FILHA DE SEBASTIÃO CARLOS PINTO COELHO, NETA DO INCRÍVEL,
IZALTINO PINTO COELHO E DE OPHÉLIA SILVA PINTO COELHO (Q JÁ SE FORAM...).
NASCI EM PARACAMBÍ/RJ MAS MORO DESDE PEQUENA EM PETRÓPOLIS, PRA ONDE MEU AVÔ VEIO HÁ MAIS DE 50 ANOS, ELES SÃO DE MG.
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23/08/05
ஜ♥ღ Lú Pauba ღ♥ஜ
O sobrenome é do meu avô que nasceuna cidade de Minas ...Cacaguazes..hoje tem uma parte lá, e a maioria em São Paulo. Ele foi um advogado bastante conhecido em São Paulo.
24/08/05
Rodrigo
Origem da Familia em Portugal
Pessoal, andei em contato com Joao Pinto Coelho em Portugal e ele me passou esse site que fala sobre a genealogia da familia. Acho que algum de voces podem achar seus ancestrais lah: http://genealogia.sapo.pt/familias/fam_show.php?id=1627
não há foto
02/09/05
Anônimo
Aos primos, primas, tios e tias.
Meu avô era Carlos Pinto Coelho, dono da Fazenda Lambari, em Santa Maria de Itabira. Meus tios: Laercio e Décio Pintos Coelhos. Faltam outros 8 tios para nominar. Muito dos meus primos que eu conheço residem em BH, Itabira e Cel Fabriciano. Por favor, entrem em contato comigo. Pode ser os meus primos diretos ou seu filhos. Abraços para todos os Pinto Coelho. Família boa!
21/10/05
Adão Junior
De onde vem!
Eu sou de Grão Mogol/MG,fica no vale do jequitinhonha,meu avô chamava-se Elídio Apolônio Pinto Coelho,minha avó disse q nossa família tem a ver com um tal de Barão de Cocais.Eu num sei ao certo qual a origem de nosso Clã.Mas adoraria descobrir.É um prazer fazer parte dessa Família.
02/11/05
Danillo
Nasci em Uberaba mas minha familia é de Brasília de Minas,morei la muito tempo. Meus avos sempre falaram do Barão de Cocais. Meu avo, Manoel Geraldo Pinto Coelho, disse que seu pai, Vasco Dimas Pinto Coelho, recebeu uma visita de um advogado ingles falando que havia uma heran;a em um banco da Inglaterra p/ ele mas meu bisavo muito "inteligente" recusou. Aaaahahah!E isso eu não sei pq. Mas foi muito bom encontrar essa comunidade por que vi que essa história e verdadeira mesmo.Espero fazer muitos amigos aqui,portanto sejam todos bem vindos a meu orkut,se quiser me add não tem problema,meu msn é danmpc@hotmail.com Um forte abra;o a todos!!!
18/11/05
CLAUDIA
oi Ana Flávia,
o Modesto Pinto Coelho é pai do meu avó, já falecido, ele também era de Astolfo Dutra. Pergunta pro seus pais se eles conhecem Lourival Pinto Coelho. O avó do seu pai deve ser irmão dele.
bjs.
18/11/05
CLAUDIA
Apresentação
Oi Anônimo.
O meu avó era Lourival Pinto Coelho da Cunha. Ele nasceu em Astolfo Dutra, morou também em manhuaçu.
Abraços
18/11/05
CLAUDIA
Apresentação.
Oi Henrique

Devemos ser parentes, procura saber se o Renato é irmão do Carlos Aberto Pinto CoelhO (Tuzinho).
não há foto
07/12/05
Anônimo
OI
Meu Nome é Danielli Kury Pinto Coelho e nasci no Rio d Janeiro . Meu Pai é José Daniel PInto Coelho e nasceu em Juiz d Fora - MG . Sou bisneta do Henrique Delvaux Pinto Coelho q nasceu em Guarani - MG . Somos descendentes do Barão d Cocais , mas são únicas informações q possuo ! Se algum Primo quiser me ajudar com mais informações , Eu vou adorar ! Bjsss pra todos !
09/12/05
koala bala
LESTE DE MINAS!!!
Eu sou FERNANDO DIAS PINTO COELHO, meus avós e bisavós (DOMINGOS GUIMARÃES PINTO COELHO e SINCERO GUIMARÃES PINTO COELHO)vieram de Farias/Guanhães e da cidade de Braúnas/MG, mas também temos parentes próximos em Itabira e Manhuaçu. Se alguém é da minha laia (rs), será um prazer te conhecer... Um abraço a todos.
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28/06/05
Giane
Olá a Todos! Meu nome é Giane Pinto Coelho, sou de São Paulo - SP, sou neta de Antonio Calixto Pinto Coelho e Amaziles de Castro Pinto Coelho (eles eram da Fazenda Pouso Alto - Porto Firme - MG) e tiveram 5 filhos: Agostinho de Castro Pinto Coelho (meu Pai), meus tios: + José de Castro Pinto Coelho e Vicente (Fazenda Sem Peixe - perto de Viçosa MG), + Marizina(Fazenda Bom Sucesso), + Tote , Teixeiras - MG.
Eu, meu irmão Rogério e meus primos mineiros, sempre brincamos com a idéia de fazermos uma expedição para as terras/minas do Barão. Fiquei muito feliz em encontra-los aqui, parabéns e obrigada ao Péricles pela iniciativa e ao Rodrigo pelas pesquisas. Gosto da idéia de tentarmos nos encontrar por cidade, vi que somos vários aqui em São Paulo, ah e se for em MGerais também vou. Beijos.
28/06/05
Rodrigo
Portugal / Brasil
Bem pessoal, tenho contato com Carlos Pinto Coelho, um fotografo famoso em Portugal e ele estah vindo nos Estados Unidos a trabalho, marquei com ele pra conversarmos, ele tem uma pesquisa da ida do Barao de Cocais pro Brasil. O Consul de Portugal em Recife eh da familia Pinto Coelho, estamos vendo qual o parentesco!!! Porque vcs nao se cadastram no Orkut Penafiel, eh de lah que vem a origem dos Pinto Coelho.
02/07/05
Miss
Eu nasci em Brasília.Meu pai (q é Pinto Coleho) é de B.H., mas a maior parte da família mora em Juiz de fora e São Miguel do Anta. Sei que meu avô chamava Horácio Pinto Coelho Sobrinho. Sei poucas coisas a respeito da família do meu pai pq n tive muito contato c ele.
13/07/05
Sylvio Leonardo
Ipatinga-MG
Sylvio Leonardo Pinto Coelho Nogueira
Nasci em Ipatinga-MG e minha família é proveniente de Dores de Guanhães-MG.
21/07/05
Dri
Sou da família PINTO COELHO: junto.
Tem gente que tem a mãe que é Pinto e o pai Coelho e por isso acha que é parente...a FAMÍLIA PINTO COELHO é uma só...Pinto Coelho JUNTO!
Sou neta de Carmelino Pinto Coelho, e também descendente do Barão! Será que essa herança vai virar um "mensalão"???? Alguém aí é meu primo????
30/07/05
Ricardo
olha ...sou d itabira-mg...ja ouvi falar nessa historia de barao de cocais mesmo...meu msn e ricahenripc@msn.com......se alguem ae tiver afim d tc comigo blz....
01/08/05
Leila
Família PC
Oi,o meu sobrenome é por parte do meu pai, já tentei fazer um levantamento, mas não tive muito sucesso pois chega uma hora que precisa viajar para conseguir mais informações. Li um livro quando adolescente a respeito da família PC e do Barão, (vou ficar devendo o nome), mas lembro que Domitila de Castro (Marquesa de Santos)era descendente. A propósito, sou do Rio de Janeiro
05/08/05
Bárbara
Pinto-Coelho
Meu avo era o consul de Portugal em Recife Alfredo Xavier Pinto Coelho Afonso.Ele moreu em 2000 porem somos uma parte da familia em Recife. temos um estudo que nossos tios de portugal mandaram para nos sobre a familia.Que bom achar voces....
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07/08/05
Anônimo
Nascido em BH, mas com raízes em Pará de Minas. Um abraço a todos
21/08/05
~• sopнia
sou do vale do jequitinhnha
moro em joaima (perto de uma cidade q se xama felisburgo, onde a maioria das pessoas eh pinto coelho, sou meta de josé dias pinto coelho e bisneta de tranquilino pinto coelho.. tb sou descendente de barao de cocais e naum sabia q tinha parente por esse brasil todo naum!!! mas eu tenho orgulho da minha familia e gostaria de conhecer cada vez mais gente!!! BJUUUUUUUUUUUS
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18/01/05
Rafael
Salvador
Meu Pinto Coelho vem do meu avô paterno Moacyr Pinto Coelho. Sei praticamente nada sobre a origem da família e aqui em Salvador não costumo encontrar muitos parentes, exceto meus primos carnais.
Mas queria saber se a família de vocês não faz aquelea velha piadinha, "fulaninho tirou o Pinto do Coelho" - Quando alguém separa os sobrenomes.
Abraços
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27/01/05
Anônimo
Oi
Eu sou de Itabira/MG,e minha decendência tbém é do Barão de Cocais. A família é grande aqui. Vi q tem algums que gostam de turismo rural e esportes radicais, venham me visitar nessa região tem muitas cachoeiras bacanas. bjos
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04/02/05
Anônimo
Ana Paula Pinto Coelho
sou de Grao Mogol, MG mas moro em SP atualmente...meu avo paterno se chamava Elidio Apolonio Pinto Coelho e minha vo conta essas historias do barao de cocais e disse q tem contato c/ alguns parentes la em Portugal......sei la....estou montando minha arvore e suas informacoes embora desencontradas me ajudam muito...minha familia esta no interior de MG e tbm na capital...
20/03/05
Thiago
Muitos da minha família são de Itabira -MG, mas tambem tenho parentes em Ipatinga, Nova era ,Santa Maria de Itabira, Coronel Fabriciano etc.....Moro em BH em tenho muitos parentes Pinto Coelho aqui tambem......
Abraços a todos.
27/03/05
Aline Salsa
Itajuba
Nasci em Sao Paulo mas fui criada e Bhte.
Acho que o Pinto Coelho vem da minha avo nao sei bem, sei que vem da familia de Itajuba e como a maioria vem do Barao tem ate foto dele na sala de jantar das irmas da avo, nao sei qual o grau de parentesco q tenho com ele
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01/04/05
Anônimo
Sou do RJ, a família do meu avõ paterno carrega esse sobre nome, meu avô Hernani Pinto Coelho, meu pai, Gilberto Pinto coelho, eu Gilberto Pinto Coelho Filho e acredito que tenho mais parentes em portugal com esse nome
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02/04/05
Anônimo
eu sou...
Leandro FAlconeri Freitas PINTO COELHO,,, sou primo primeiro do alexandre criador da comunidade...
Tenho 16 anos, moro em Pará de Minas! Qm quiser saber mais.... meu msn eh!
leandrofalconeri31@yahoo.com.br
03/04/05
Gabriela
Apresentacao
Bem meu nome é Gabriela Pinto Coelho de Matos Novaes, minha familia Pinto Coelho vem do Barao de Cocais, cidade de Nova Era e regiao,sei muitas estorias a respeito, inclusive sobre uma heranca que foi deixada em Portugual pelo Barao.
No ano de 1998 em Nova Era teve o encontro da familia, e hoje la esta sendo feito um livro sobre a arvore geneologica da familia.Irei procurar saber mais sobre o livro e comunico.Moro em BH.
não há foto
18/04/05
Moêma
Rio de Janeiro
Sou carioca, filha de mineiro Pinto Coelho. Meu avô chama-se Aristóteles Themístocles Pinto Coelho e tinha um irmão gêmeo com o nome invertido, ou seja, Themístocles Aristóteles. Eram de Mar de Espanha. Vou tentar descobrir mais.
Qdo estive em Natal (RN) encontrei uma "prima" que me contou a seguinte história: dois irmãos migraram de Portugal para o Brasil. Um foi para Minas e deu no Barão de Cocais e o outro foi para a Paraíba e depois a família se estendeu para o Rio Grande do NOrte. Ela era do ramo "nordestino". Portanto, temos outros Pinto Coelho perdidos na Paraíba e Rio Grande do NOrte.
18/06/05
Hiolz
bom, meu nome eh hiolanda pinto coelho nasci em rio piracicaba, minha familia eh de lah
eu mora em joão monlevade uma cidade vizianha
meu avo chamava levy pinto coelho
sou prima primeira da natalia e do vinicius q jah responderam aki
na minha arvore genealogica descobri que o barao de coacais eh meu tataravo e meu bisavo eh josé feliciano pinto coelho que casou com alice vasconcelos
bom eh isso que eu sei
ah e tenho um tio avo que guarda fotos brasoes e lembranças dos pinto coelho
ele mora em rio piracicaba e eh conhecido como "tão pinto coelho"
eh soh
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familia pinto coelho

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04/09/04

Anônimo

Teófilo Otoni / Jequitinhonha-MG

Olá "parentes" meu nome é Leandro de Almeida Rodrigues, não assino, mas sou da família Pinto Coelho, neto materno de Miguel Almeida Pinto Coelho nascido em Jequitinhonha-MG e erradicado no município de Pavão-MG, que por sua vez é filho Casemiro Pinto Coelho (meu Bisavô) natural de Jequitinhonha e contador de verdadeiros "causos" que perduram e se confirmam a cada dia. Dentre eles, a mesma história em comum de todos os pinto-coelhanos, o de ser parente do saudoso "Barão de Cocais" que vindo de Portugal foi o fundador da cidade de Barão de Cocais-MG. Outro traço interessante que marca esta estória, é que o Brasão que aparece nesta comunidade é idêntico ao escudo que temos emoldurado nas dependências da sede da Fazenda Ypiranga situada na região de Pavão-MG. Sem mais, deixo minhas felicitações a todos os familiares que tem histórias e depoimentos sobre seus antepassados pinto-coelhanos como eu.
17/09/04

felipe

Juiz de Fora

Nasci em Juiz de Fora, mas meu sobrenome vem de Itabira... meu avô se chamava Osvaldolino Pinto Coelho da Cunha. Procurei saber, sou descendente de um irmão do Barão, Modesto Casimiro Pinto Coelho da Cunha. =D
17/09/04

Rodrigo

Bahia/Pernambuco/Paraiba

Nasci em Salvador. Bem minha familia descende do Barao de Cocais. Meu avo(Moacyr Pinto Coelho) me falou que nossa familia vem de Portugal de uma cidade chamada Penafiel. Tive nesta cidade e conheci outros Pinto Coelho.
05/10/04

Felipe

E aí Familia Pinto Coelho

E ai Alexandre blz?... eu sou de São Paulo, e sou neto de raphael pinto coelho irmão de cláudio e antonio filhos de Paulino Pinto Coelho, todos de são paulo. Eu sei que meu bisavô veio pro Brasil de Portugal pra trabalhar no Norte, acho q na Amazônia.. eh isso Abraço, Felipe Pinto Coelho Kawakami
não há foto
06/10/04

Anônimo

Meu pai é João Bosco Pinto Coelho, nasceu em Cataguases, Minas Gerais, meu avô, Murilo Pinto Coelho nasceu na cidade de Guarani, Minas Gerais, meu bisavô Henrique Delvaux Pinto Coelho, também de Guarani.Meu pai conheceu pessoas da familia Pinto Coelho em Itabira(MG) quando trabalhou lá como gerente de Banco.Ele conheceu a cidade de Barão de Cocais que fica perto de Belo Horizonte.Pelas informações que meu avô passou para meu pai, somos parentes do Barão de Cocais, que se chamava José Feliciano da Silva Pinto Coelho.
15/10/04

Dera

sera q eu sou da turma

Apesar de ter nascido na Bahia,e meu nome so ter o Coelho,mas meu pai e Ayrtom Pinto Coelho,Filho de Jose Celso Pinto Coelho e Claese Tavares Pinto Coelho,a familia de meu pai e de Garaciaba,sera q alguem aki e meu parente?
29/10/04

Fernanda

Olá

Bom, nasci em Belo Horizonte e sou prima da Carolina, nossa família é de Juiz de Fora e tb não sei da genealogia da família, meu bisavô chamava Horácio, meu avô Sylvio e meu pai Celso, mas é muito bom conhecer um pouco de vcs e quem sabe descobrir um pouco mais sobre nossa família.
03/11/04

Fabio

Fabio Guerra Pinto Coelho é meu bisavô.
Sou do rio de janeiro.
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04/11/04

Anônimo

"tive ouro, tive gado, tive fazendas"

Nasci em São Paulo e sou dessa família, apesar de assinar apenas Coelho.
Minha família é de Rio Piracicaba, uma cidadezinha, como a maioria das cidadezinhas de Minas, com uma igreja, um rio, e algumas (poucas) casinhas em torno. O nome do meu bisavô (materno) era José Fernandes Pinto Coelho.
Nunca me interessei muito por essas histórias de, como dizem em Campinas, "barões falidos" e, por essa razão, não sei muita coisa.
Entrei na comunidade pra conhecer as histórias e, quem sabe?, encontrar um(a) priminho(a) perdido(a).
04/11/04

Fabiana

Origens

Bom, eu sou tia do Felipe Pinto Coelho Kawakami, portanto a nossa história e bem parecida.Nasci em são paulo,e sou filha de Raphael Pinto Coelho, que tem dois irmaos claudio e antonio. meu avô era Paulino Pinto Coelho que veio para o Brasil ainda menino por volta de 12 anos, encontarar seu pai Antonio Pinto Coelho que estava trabalahando no norte do pais, mas quando chegou aqui no Brasil descobriu que seu pai havia falecido.Depois começou a construir sua história aqui no Brasil...

comunidade orkut familia pinto coelho

Apresentações, local de nascimento


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09/07/04

Anônimo

Apresentações, local de nascimento

Estou tentando chegar até as origens do meu sobrenome "Pinto Coelho". Até agora, o antepassado mais antigo que consegui chegar foi o cel. Lourenço José Pinto Coelho da Cunha, nascido em Santa Bárbara em meados de 1808. E qual a origem do "Pinto Coelho" de vcs?
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09/07/04

Anônimo

minha familia é de rio piracicaba, mas tenho parentes em alvinopolis, nova era, joao monlevade, barao de cocais, manhuaçu, rio casca. a historia que se tem é que meus parentes pinto coelho vieram do norte de portugal.
e pelo que minha avó dizia era que eram fidalgos e que o barao de cocais era parente tb.
o irmao do meu tataravô, antonio pinto coelho foi o ultimo governador da capitania de itanhaem em portugal, e foi pra manhuaçu. vieram de portugal, 3 irmaos, antonio, josé luiz e joaquim pinto coelho (meu tataravô), todos eram farmaceuticos.
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30/07/04

Anônimo

Henrique Pinto Coelho Siqueira

o barão d cocais eh tetravô da minha mãe, eu moro no sul do estado do rio, mas minha família eh d mar d espanha, além paraíba em minas gerais. Meu avô eh Renato Pinto Coelho, alguém aew eh meu parente? hehehe
06/08/04

Viviane

Alexandre

Olá... Alexandre... tudo bem??? Pois é, desde que eu nasci ouço essa história do Barão de Cocais do meu avô... nasci em São Paulo, meu avô é Antônio Pinto Coelho, pediatra, irmão do Cláudio e do Rafael... que são filhos do Paulino(acho que é isso) Pinto Coelho...
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10/08/04

Anônimo

origem

Vem do Barao de Cocais. E a familia 'e de uma cidade do interior de Minas q agora nao sei o nome. Sera q algum de vcs 'e primo . EU ja achei um primo vou falar pra ele fazer orkut. Ele o Avo dele tem o brazao da familia pinto coelho
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19/08/04

Anônimo

Fala galera!
Eu sou de Bh e a minha familia é da região de ponte nova, de nova era e ervalha.
22/08/04

Carolina

oi!!

Eu nasci em Juiz de Fora e tb sempre ouvi essa história do Barão de Cocais do meu avô. Só que eu não sei muito sobre a genealogia da família. O meu bisavô se chamava Horácio, meu avô se chama Sylvio e o meu pai Eduardo.
Alexandre, você poderia mandar pra comunidade o que vc tem dos seus ascendentes. Quem sabe algum dado não se cruza???
26/08/04

Cassia

Ipatinga, sô!

Meu Pinto Coelho vem do meu pai.

Sou natural de Ipatinga, leste de minas. Meus pais vieram de Dores de Guanhães (próximo a Diamantina, tb minas), ambos são Bretas. Ainda tenho parentes por lá, mas tenho também em Guanhães, em Ipatinga, em BH.

Meu pai conta que somos parentes do Barão de Cocais.

Hoje estou morando em Brasília. Sou engenheira civil e vim trabalhar aqui na capital do país. Meus pais continuam em Ipatinga. Ah, lá em Ouro Preto (cidade onde estudei), conheci uam senhora que foi esposa de um Coronel, Major, não sei bem ao certo, Pinto Coelho. Vou procurar saber mais das histórias da família.

Beijos. Adorei fazer parte da comunidade.
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30/08/04

Anônimo

alexandre, parece que seu bisavô jose luis pinto coelho era irmao do meu tataravô joaquim pinto coelho. mas joaquim foi pra rio piracicaba e jose luis foi pra santa barbara. e outro irmao antonio pinto coelho foi pra manhuaçu. todos tres eram portugueses e farmaceuticos, como dizia meu avô.
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04/09/04

Anônimo

Manhuaçu

Leonardo, minha família é de Manhuaçu, o bisavô do meu avô se chamava Modesto Pinto Coelho, e parece que nasceu em Astolfo Dutra, meu avô se mudou para Manhuçu. Meu avô tem contato com alguns parentes de Rio Casca e Ponte Nova.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

josep

josep19@dada.net

presidente da provincia mg. jose feliciano pinto coelho cunha

A análise que temos elaborado das fontes documentais, ou seja, os ofícios de delegados, professores, presidentes, secretários e demais funcionários do governo da Província Mineira, observamos que as competências deste novo ator, de quem aqui se trata, eram as mais amplas possíveis. O Delegado não só velava pela execução da lei, mas em sua prática evidenciava suas lacunas e procurava uma forma de evitar seus inconvenientes, comunicando ao Presidente da Província os casos em que não era possível a sua aplicação. Como exemplo, podemos citar o relato do Delegado do terceiro círculo literário, Daniel Araujo Valle, que em 12 de novembro de 1835, comunica ao Presidente da Província, José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, a impossibilidade de se reunirem alunos para os exames no dia do Natal e do Espírito Santo, conforme determinava o artigo 48 do Regulamento no 3, uma vez que os alunos se retiravam para as casas de seus pais em férias e estas ficavam distantes dos arraiais. Segundo eles, o inconveniente estava ocorrendo em todos os círculos, por isso sugeria que os exames ocorressem antes de principiar as férias[12]

terça-feira, 16 de outubro de 2007

cafundó de minas(bau do barão)

ADÃO, UM ANÃO


A noite já estava entrando em trabalho de parto quando pela estrada enlameada vinham os dois amigos: Tonhão e Malaquias, o Gambá. O primeiro mais próximo do céu. O outro mais próximo da terra. Mas tais diferenças em suas estaturas, ao contrário do que possa parecer, mais os uniam. Eram amigos de todas as horas: boas e más. Amigos para o bem ou para o mal feito. Amigos para qualquer coisa. Amigos de copo e do copo. Copo sempre cheio da branquinha, ou da amarelinha, ou da "de raiz", ou da "de cabeça". A cor ou denominação era de pouca importância para ambos. Importância, sim, era o teor alcóolico: quanto maior, melhor! Muito provável é que os dias de suas vidas não eram medidos mais pelo nosso antiqüíssimo calendário Gregoriano, mas sim pelo calendário Alambicano. Os dias e anos nesse novíssimo e estranho calendário eram marcados por garrafas. Uma das diferenças entre um e outro calendário era os feriados de qualquer natureza, onde o expediente alcoólico era dobrado: em vez de uma, duas garrafas de cachaça! Portanto, muitas e muitas garrafas de vida tinham eles. Vinham pela estrada, já encachaçados. Volta e meia, um tropeção. Sem outra alternativa - a enchente havia derrubado a ponte do rio Feio -, retornaram a Cafundó de Minas, que, dessa forma, ficara isolada até de suas vizinhas mais próximas.

Cafundó de Minas era uma cidade pequena, sem recursos e atrasadíssima. As ruas descalças e esburacadas. Todas elas. Estações climáticas lá praquelas bandas só duas: poeira-calor ou lama-frio, ou vice-versa, como queiram. Agora seus habitantes sofriam com a estação lama-frio. As fortes chuvas arrancavam, impiedosamente, a pele das ruas, e elas sangravam em abundância, sem parar. Tais ferimentos, entretanto, cicatrizavam-se com a chegada da outra estação: poeira-calor. Médicos e dentistas não existiam de jeito nenhum. Mas improvisava-se: o ferreiro virava dentista; qualquer um que lidasse com animais virava médico. Uma pequena igreja - grande se comparada à maioria das casas - ajudava a suavizar a penúria em que viviam seus moradores. Mesmo assim, com todas essas dificuldades, vivia-se lá. Vivia-se mais da resignação e da fé - "Deus dá o frio, conforme o cobertor", costumavam dizer - do que de qualquer outra coisa palpável. Robustecendo toda essa resignação e fé o pároco da cidade, por registro italiano: o roliço e bem-humorado Corleone. Delegado, advogados, juiz de Direito, nem pensar. Autoridades locais, só mesmo o referido padre e o prefeito, Rolinha.

Entretanto, sinalizando a chegada do progresso, a gigantesca televisão em preto-e-branco do prefeito Rolinha. Muitas válvulas, mais de dez! No início, até romarias fizeram à casa dele para saber da estranha e moderna novidade. Ouviram dizer que de dentro daquele "apareio" tinha gente de todo jeito e que essa gente fazia "de um tudo"! Infelizmente, o que conseguiram ver foram muitos chuviscos. "Eu sabia, sô, que tudo num passava de mintira. Onde já se viu gente fazeno todo tipo de istripulia dentro de uma caxa? Só pudia mesmo sê coisa do prefeito. Mintiroso que só ele!". Esses eram os comentários ouvidos por toda parte. Só desilusões: progresso... pra que isso? Se não funcionava, não prestava pra nada.... Muitas desilusões, sem dúvida. Dessa forma, o moderno aparelho passou a ser mero enfeite na casa do prefeito. Não possuía outra utilidade senão essa, pois parecia que até mesmo os sinais eletromagnéticos enviados pelas poderosas redes transmissoras não conseguiam localizar Cafundó, perdida no vasto território mineiro.

Já próximos à entrada da cidade - alheios a toda essa questão da modernidade e progresso -Tonhão e Gambá caminham com mais cautela, pois a estrada estava um verdadeiro sabão. Vão encolhidos e ligeiramente inclinados pra frente: mãos fechadas dentro dos bolsos das calças. Com a lama, a chuva trouxera também o frio. Avistam um pequeno casebre iluminado por uma luz bem fraquinha. Tonhão, sem maiores delongas, diz:

_ Gambá, vamo pidi poso, nesse rancho aí?

_ Sei não, Tonhão...

Decidido, Tonhão arremata:

_ Pois eu vô. Se ocê quisé me acumpanhá muito bem, se quisé ficá na chuva é pobrema seu!

Para lá se dirigiu Tonhão, acompanhado pelo indeciso Gambá. Chegam. Batem palmas. Chamam pelo dono:

_ Ô de casa! Ô de casa!

Nada de ninguém aparecer. Resolvem entrar. A porta estava somente encostada, para sorte de ambos. Empurram-na e entram. Tudo quieto. Silêncio. Dirigem-se para o local de onde estava vindo a claridade: era uma lamparina. Seus vultos balançam, dançam, crescem e diminuem ao sabor daquela claridade. Olhos bem apertados para melhor enxergar. Atenção redobrada, afinal de contas entraram sem a permissão do dono. Acostumam-se à pouca claridade e qual não foi a surpresa de ambos quando se depararam com um anão deitado sobre alguma coisa que se parecia com uma cama. Aproximam-se. Tonhão, bem devagarinho, sacoleja aquele pequenino corpo. Nada. Repete a mesma ação, agora com mais força. Nada outra vez. "Pode sê qui ele teja é cum o globo chei de cachaça!", pensa ele. Encosta sua enorme mão no rosto do anão. Gelado, gelado. Gelado, também, ficou ele. Diz, meio assustado:

_ Gambá, esse anãozim tá é morto, sô!

_ Ave Maria, cruiz credo! - diz Gambá, benzendo-se e fazendo rápido e de qualquer jeito o sinal da cruz.

_ E agora? O que nóis vamô fazê, hein? - pergunta Tonhão.

_ Sei não! O jeito é isperá essa chuva doida passá e pegá o rumo de casa!

Continuam a conversa:

_ Casinha danada de pequena, sô - observa Gambá.

_ Mais o que ocê quiria que fosse? Um castelo? Quem mora em castelo é só gigante, ara! Ocê num tá veno que o omi é anão! Pra ele, que era piquininin, tá bão dimais da conta, uai. Complementa, com ar professoral:

_ Pra ele quarque mêi metro é chão que num acaba mais. Era chão, né? O coitadim morreu. Uma gamela daquelas grandona pra ele era iguar uma lagoinha: dava até pra ele tomá banho! Óia só o tamanico dele.

_ É Tonhão, ocê tá certo. Ele é mesmo danado de miúdo - concorda Gambá.

Aproximam-se mais do corpo do anão, que estava deitado com a barriga pra cima, o braço direito pendente, os olhos abertos. O semblante, porém, era calmo. Provavelmente, morrera sem sofrimento. Pelo menos isso...

_ Num te falei, Gambá? Ispia aqui só o que ele fazia de cama - diz Tonhão, admirado.

_ Eita, Tonhão, mais ocê é sabido dimais da conta, sô!

A cama do anão era uma tampa de baú! Um bauzão, que teria sido, talvez, até do Barão de Cocais - segundo alguns, raiz da árvore genealógica de todos os mineiros. A tampa do referido baú, muito bem trabalhada e fornida. Fora feito com muito luxo e pompa, sem dúvida nenhuma. Passados, sabe-se lá quantos anos e aquele baú ainda ostentava toda a glória de longínqua recordação. O colchão era uma espuma envolvida por um pano quadriculado nas cores azul e branco. Talvez as cores do seu time de futebol: o Cruzeiro Esporte Clube.

O medo parece tomar conta de ambos. Tonhão, pela sua estatura, tenta demonstrar coragem. Gambá, a seu turno, não sai de perto de Tonhão e sugere ao amigo:

_ Tonhão, vamo vê se nóis acha uma vela por aí?

_ Vamo sim, Gambá. Só cum essa lamparina num tá dano pra enxergá quais nada.

Deixam o pequeno defunto e municiados com a lamparina vão até a um pequeno cômodo contíguo ao quarto do anão. Parecia ser a cozinha ou algo semelhante. Sobre uma mesa encontram uma caixa de fósforo e um maço, quase vazio, de velas. Acendem uma vela, que fica com Tonhão. Procuram firmar as vistas para fazer um reconhecimento do lugar. Os olhos de Gambá deparam-se com algo: um armário. Armário bem velho, que mal se agüentava de pé. Encaminham-se para lá. Além de estarem com frio, tinham fome. Tonhão abre o armário. Bem escondidinha, lá estava uma garrafa. Como ambos eram analfabetos, não sabem ao certo, qual o seu contéudo. Curiosidade. Tonhão toma a frente. Destampa a garrafa. Faz a leitura que sabe fazer muito bem e sem erros: a leitura olfativa. Aquele cheiro doce e familiar da cana-de-açúcar: cachaça! O nome da branquinha, para todos os efeitos alcoólicos: "Poderosa". Nada para matar a fome, só a sede, mas contentam-se, quando lembram de um sábio ditado popular, que assevera: "Em época de crise, melhor lamber do que cuspir!". Muito alegremente tomam posse daquele tesouro. Para eles, líquido tesouro. Tonhão entorna um bom gole e comenta:

_ Era disso mesmo que nóis tava pricisano. Eita coisa mais boa, sô! Já bebeu dessa, amigo Gambá? - pergunta, satisfeito, Tonhão.

_ Dessa aí ainda não! Mais isprimento ela agorinha. Pass'ela pra cá, mano véio!

Gambá bebe um grande gole. Automaticamente, faz uma careta - como se estivesse bebendo pela primeira vez na vida - e cospe no chão. Limpa a boca com a manga da camisa encharcada. A cachaça estava aprovada. Era muito boa, mesmo!

_ Intão, saúde pra nóis e bão descanso pro nosso amigo aí, que nóis num sabe nem o nome. O danadim também gostava do que é bão... Cachacerim, coitadim... - diz Tonhão, que gostava de rimar - bem ou mal - quase tudo que falava.

_ Acho que era de bão arvitre nóis botá um nome nele. Ocê num acha? - pergunta Gambá.

_ A quá! Isso é bobage, sô!

Gambá, esclarece:

_ Tonhão, afinar de conta a cachaça que nóis tamo tomano era dele. O nome é só uma homenage póstima, de nóis pra ele. Eu acho que ele ia apriciá muito.

_ A pois, intão vamo pensá num nome - diz Tonhão, coçando a cabeça.

Ficam em silêncio uns poucos minutos procurando um nome que se adequasse ao pequenino defunto. Tonhão arrisca:

_ O nome tem que terminá com im, mode que ele é miúdo: Tõizim, Joãozim, Pedrim, Paulim...

_ Tonhão, ocê me discurpe, mais eu num concordo não, sô! As veiz ele pudia sê um home grande de esprito, de coração. Mió mesmo um nome acabado em ão. Qui tar... , qui tar...

Gambá passa a mão no queixo fino coberto por uma barbicha rala e feia. Barbicha que tenta a todo custo cobrir seu pobre rosto carcomido por inúmeras e pequenas crateras, nefasta herança da varíola. Faz isso de propósito para criar, em Tonhão, certa expectativa. Finalmente, conclui:

_ Adão!

_ É! Esse nome é bão. Rima com quais tudo: Adão, o anão, era um home danado de bão. Tá veno, sô! Rimô. Então esse vai sê o nome dele pra nóis: Adão.

Depois de alguns goles voltam para onde estava o defunto. Sob os efeitos da "Poderosa", os dois amigos conversam mais animadamente e sentem-se donos do casebre:

_ Tonhão, ocê tem medo de difunto?

_ Eu? Nem um cadim! A gente tem que tê medo, Gambá, é de gente viva. É cada um que aparece, que eu vô te contá... Só qué fazê o mar e judiá da gente - diz Tonhão, querendo demonstrar ao amigo uma coragem que, intimamente, sabia não possuir.

_ Pois eu tenho. Muito! Inda bem que ocê num tem medo, né? - diz confiante, Gambá.

A chuva aumenta sua fúria, e uma rajada de vento frio apaga a lamparina e a vela. Escuridão total. O medo toma conta de Tonhão e Gambá. Corre-corre dos diabos! Dois gritos cortam aquele pequeno espaço, do chão ao teto, de janela a janela e de porta a porta:

_ Ai, minha Nossa Senhora Aparecida. Me acode, senão eu me cago todim!

_ Me valei, meu São Jorge Guerrero!

Apelos aos santos de devoção de cada um deles. Apelos de última hora. De desespero, de aflição e de muito medo, também. Como já estavam bem encachaçados, os dois amigos correm de um lado pra outro derrubando tudo que se interpusesse no caminho de suas fugas. Só param quando se chocam. Caem cada qual para um lado. Recuperados, apalpam daqui e dali em busca da caixa de fósforo. Acham e acendem a lamparina e a vela. Luz, enfim. Grande alívio.

_ Ê, Gambá! Vai sê medroso assim lá nos quinto dos inferno! Cruiz credo... - diz Tonhão, como se, também, não tivesse corrido feito um louco. Um louco com medo...

Gambá, por sua vez, faz um muxoxo. Fica mudo e quieto em seu canto. Acendem, cada qual, o seu cigarro de palha. Mais algumas goladas da "Poderosa". Entreolham-se, pensativos. De repente, Gambá, balbucia:

_ Ai, minha Nossa Senhora!

_ O que foi agora, Gambá! Tenha a santa paciência. Vai me dizê que o difunto mexeu...

_ E mexeu mesmo. O braço dele tava caído de banda, agora tá enriba dos peito! Se num tá acreditano, ispia bem pr'ocê vê!

Tonhão passeia seus olhos - duas bolas de fogo - sobre o defunto. Fogo - que arde sem queimar - avivado pela "Poderosa". Não é que o seu amigo, Gambá, tinha razão! Um frio percorre-lhe todo o corpo. Todos os seus pêlos querendo libertar-se de sua humana prisão. Quer gritar, e não consegue. Completando todo esse seu íntimo drama, outra golfada de vento apaga a vela e a lamparina. O medo quer tomar conta de seu corpanzil de quase dois metros de altura. Movido mais pelo instinto do que por outra coisa, corre. Não sabe por onde pode estar seu amigo Gambá. Com isso, também, não se preocupava. Queria mesmo era sair de perto do defunto, que parecia não estar gostando daquela situação de inércia total em que se encontrava. Na correria pisa no rabo de um gato, que solta um miado aterrador, fazendo aumentar seu medo. Esse já se igualava ao seu tamanho: enorme. Sai tropeçando daqui e dali até que cai. Cai e bate com a cabeça num enorme e pesado ferro de passar roupa - insaciável devorador de brasa - que estava num canto daquele pequeno cômodo. Fica, por alguns instantes, desacordado. Recobra os sentidos com uns tabefes no rosto desferidos por Gambá. Esse não perde a chance para passar adiante a humilhação sofrida há poucos minutos e, todo satisfeito, diz:

_ Corajoso, hein? Uma ova! Nóis só é diferente no tamãi, mode que, no medo, nóis somo iguarzim, iguarzim: dois cagão de marca maior. Ara, se não!

Tonhão levanta-se, batendo nos peitos da camisa, na frente e atrás das calças, como se as estivesse limpando. Ambos muito ressabiados. Tonhão, mais que Gambá. O silêncio é quebrado por Gambá.

_ Tonhão, ocê já foi a argum intêrro de anão?

_ Eu?! Não! Mais tarveiz daqui a pôco, quem sabe... - diz Tonhão apontando com o queixo para o corpo inerte do anão.

_ É, tarveiz, tarveiz... Acho que ninguém nunca foi. Se ninguém nunca foi, é pruquê ninguém nunca viu um anão sê interrado. Né mesmo, sô?

_ É, pensano bem, ocê tem razão...

_ Diz os mais antigo que eles tudinho disaparece. Que eles é incantado!

_ Eles, quem, Gambá?

_ Os anão...

_ Bobagem, Gambá. Crendice boba de gente véia...

Inconformado, continua Gambá:

_ Pois eu acho que nesse particulá os véio tem toda razão...

Tais coisas faladas com tamanha convicção acabaram por deixar Tonhão com a pulga atrás da orelha. Coça a cabeça, toma mais outra golada da "Poderosa", cospe no chão, esfrega a botina em cima... Tem uma idéia. Diz ao medroso amigo:

_ Gambá, só tem um jeito de nóis passá a limpo toda essa cantilena dos anão...

_ E qualé intão, Tonhão? - retruca, curioso, Gambá.

_ Amarrano ele, ora essa!

_ Ah! tá bão! Amarrano ele onde, sô? - pergunta, desconfiado, Gambá.

_ Nocê!

_ Ni mim?! Ocê tá é ficano doido da cabeça. Ora essa.., ni mim...

_ Intão, tá bão. Intão, in nóis dois. Qui tar? - contra-argumenta Tonhão.

Gambá, medroso por natureza, depois de muitas negativas, acaba concordando. Com um pedaço de corda, que encontraram pela casa, amarram-se ao defunto anão: canelas dos vivos versus as canelinhas do morto. Conversam ainda algum tempo e bebem até o último gole da "Poderosa". Só caíram nos braços de Morfeu, após autorização expressa do deus Cachaceu, dulcíssimo deus tropical, habitante intranqüilo das entranhas da nossa cana-de-açúcar. Incansável viajante desse fino berço para os pequenos, médios, grandes e colossais alambiques. Depois para as garrafas e garrafões. Viagem complicadíssima, de variadas etapas, que só termina nas sangüíneas serpentinas de seus muitos e fiéis adoradores. O dia já estava prestes a abrir seus claros olhos, quando Tonhão acorda assustado com o Gambá agarrado à sua barbaça. Gaguejando, Gambá ainda consegue dizer:

_ Tô, Tô, Tonhão, o, o, o "Adão"...

_ Que "Adão", home de Deus! - diz Tonhão, ainda sob os domínios dos deuses Morfeu e Cachaceu.

_ O anão, o defunto anão... Ele sumiu, Tonhão! Ai, minha Nossa Senhora!

Tonhão passa a mão pelo rosto, alisando a ruivíssima barba, e lembra-se, num átimo, de tudo que acontecera na noite anterior. De um salto põe-se de pé a correr para a rua buscando o caminho de casa, no que foi acompanhado de bem longe por Gambá. As pernas - assim como o medo - de Tonhão eram muito grandes. Impossível acompanhá-lo.

Os moradores de Cafundó de Minas, principalmente, o padre Corleone estranharam o fato de Constantino - esse era o nome do anão - estar ausente à missa das oito, de domingo. Estranheza aumentada por ser ele católico fervoroso e praticante: às missas não faltava nunca - a de domingo, então, nem pensar! Nos trabalhos comunitários da Igreja, sejam quais fossem, lá estava o prestativo Constantino: sempre alegre, respeitoso, cordial, amigo de todos! Enfim, ele procurava ser um verdadeiro cristão. Como ser humano que também era costumava tomar um cálice da "Poderosa" às refeições. Cálice de anão, haja vista e, somente, às refeições!

Busca daqui, busca dali, e nada de ninguém encontrá-lo. Inexplicável desaparecimento. Nenhuma notícia, nada, nada. Unânime inconformismo. Encontraram sim, em sua casa, duas botinas: uma, número 44, e outra, número 36. Elas, com certeza, não poderiam ser de Constantino, que calçava uma botinha de criança, número 30! Certo, também, é que naquela madrugada, numa cidadezinha não muito distante dali, nascia Adão. Coincidência ou não, um anão...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

neo-genealogia( herança do barão de cocais)

BRASIL, TERÇA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2007
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À procura de Tructesindo


Por que tanta gente hoje em dia pesquisa as próprias raízes?

Armando Alexandre dos Santos

Armando Alexandre dos Santos é historiador, escritor e jornalista profissional, autor de A Legitimidade Monárquica no Brasil, Parlamentarismo sim, mas à brasileira, Apontamentos para a História do Instituto Genealógico Brasileiro, etc. É Diretor de Publicações do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

“Sem temor, erguido sobre o travesseiro, Gonçalo não duvidava da realidade maravilhosa! Sim! Eram os seus avós Ramires, os seus formidáveis avós históricos, que, das suas tumbas dispersas corriam, se juntavam na velha casa de Santa Irinéia nove vezes secular – e formavam em torno do seu leito, do leito em que ele nascera, como a assembléia majestosa da sua raça ressurgida... Gonçalo sentiu que a sua ascendência toda o amava, e da escuridão das tumbas dispersas
acudira para o velar e socorrer na sua fraqueza.” Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires.


O tema do presente artigo é um curioso fenômeno que nas últimas décadas se vem manifestando, com crescente intensidade e cada vez mais generalizado, no Brasil, como também na Europa, nos Estados Unidos, em toda a América: o fenômeno da “Neo-Genealogia”.

Procuraremos inicialmente delimitar esse fenômeno, e para delimitá-lo tentaremos descrever suas numerosas manifestações. Na segunda parte, tentaremos explicá-lo: quais as razões psicológicas, sociológicas, psico-sociológicas, culturais, filosóficas, até mesmo de cunho religioso, que o otivam e produzem.

Cabe esclarecer, desde já, que procuramos redigir este trabalho evitando propositadamente dar a ele a amplitude, a extensão e o estilo de um tratado ou de uma tese acadêmica. Não visamos produzir uma exposição exaustiva, completa e acabada dos temas tratados, e menos ainda procuramos impingir à mente do leitor nossas próprias convicções pessoais; simplesmente quisemos sugerir ao seu espírito problemas e indagações que ele saberá, melhor do que ninguém, conferir com a realidade que tem diante de seus olhos e elaborar pouco a pouco, de acordo com suas próprias idéias, impressões e feitio psicológico. Os temas são, aqui, expostos e abordados de modo tanto quanto possível informal, em estilo vivo e corrente.

Antes de entrarmos na primeira parte da exposição, convém falar de um livro que, de certa forma, está na raiz desse curioso e intrigante fenômeno. O livro de Alex Haley Em 1976, o escritor norte-americano Alex Haley, de raça negra, publicou uma obra que se tornou rapidamente best-seller: Roots – Raízes.

Alex Haley foi militar, serviu na Marinha Norte-Americana, e quando passou para a reserva, aos 37 anos de idade, estabeleceu-se como jornalista e como escritor razoavelmente bem-sucedido.

A história de Raízes é interessante. Haley recordava-se de toda uma tradição oral existente na sua família materna, a ele transmitida por algumas tias velhas, que se lembravam de terem ouvido contar que um ancestral da família fora capturado na África, quando se afastara da sua aldeia para cortar um tronco de árvore e fabricar um tambor. A tradição oral da família conservava o nome africano desse ancestral – Kunta Kinte –, o seu nome adotado nos Estados Unidos – Toby –, os nomes dos primeiros senhores que o escravo Kunta Kinte-Toby teve na América, algumas palavras e expressões do idioma africano, passados de geração em geração, e uma série de episódios da
vida desse escravo.

A partir desses dados fragmentários e incompletos, Haley, graças a uma bolsa que recebeu da ditora das Seleções do Reader’s Digest, pôde se dedicar à busca de suas raízes. Fez viagens à África, à Inglaterra, a diversos pontos dos Estados Unidos, consultou especialistas, arquivos, jornais da época em que os vários fatos se passaram. No total, pesquisou em 57 arquivos ou bibliotecas de três continentes, e levou, na pesquisa e na redação do livro, nada menos que 12 anos.

Inicialmente, graças a especialistas em idiomas africanos, ele conseguiu localizar o grupo ingüístico a que correspondiam as palavras e expressões africanas de que se lembrava; conseguiu depois situar aproximativamente a região de onde deveria provir seu ancestral – as margens do rio Gâmbia – e, viajando para a Gâmbia, soube que Kinte era um nome muito freqüente em duas aldeias do interior do país, as quais, segundo a tradição oral, haviam sido fundadas séculos atrás por dois irmãos, membros de um mesmo clã.

Haley procurou essas aldeias, e numa delas teve uma longa conversação – naturalmente por meio de um intérprete – com um griot.Os griots são cantadores que, de memória e por tradição oral, cantam a história das aldeias, dos clãs negros, das sucessivas gerações de seus moradores. Cada griot tem discípulos que ouvem a cantoria do mestre, aprendem-na de cor, e passam para a frente
aquele precioso repositório de tradição não escrita.

O griot consultado por Haley, após duas horas rememorando toda a história dos Kintes de passadas eras, chegou a um ponto em que, “quando os soldados do rei branco chegaram”, um jovem, chamado Kunta, tendo saído para derrubar uma árvore a fim de fazer um tambor, desaparecera. Haley, emocionado–éassim que ele conta no livro – somente então abriu seu caderninho de notas cuida dosamente catalogadas, e mostrou que aquilo coincidia exatamente com o ponto inicial de sua pesquisa, ou seja o que ouvira das velhas tias. Quando traduziram para o griot o que dizia o norte-americano, o bardo sorriu, houve uma espécie de cerimônia, com danças tradicionais, batuques e atabaques, e o distante membro do clã Kinte foi solenemente reintroduzido naquela sociedade tribal.

Posteriormente, com base em registros da marinha inglesa e dos censos norte-americanos, Haley conseguiu documentar de modo bastante completo – a julgar pelo seu livro, repita-se – o histórico de sete gerações de sua família, desde Kunta Kinte até ele próprio, e escreveu um livro um tanto romanceado sobre as aventuras de seu pentavô.

Esse livro fez um sucesso extraordinário dos Estados Unidos, e a partir dali no mundo todo. Teve inúmeras edições. No Brasil, foi publicado pela Editora Record com o título de Negras Raízes. Já em 1977 foi transformado em filme e depois em seriado de televisão. Na TV norte-americana, imediatamente se tornou recordista absoluto de audiência, conseguindo 130 milhões de elespectadores. Tanto o livro quanto o filme receberam diversos prêmios.

Embora haja quem pense que em Raízes o elemento ficção prepondere bastante sobre o elemento esquisa genealógica, o fato é que foi sobretudo a partir da publicação desse livro que tomou corpo e se fez notar mais sensivelmente, o fenômeno que, neste estudo, chamamos de “Neo-Genealogia”.

Três modalidades de genealogia, no passado Antes de mais nada, distingamos a “Neo-Genealogia” da Genealogia que se estudava outrora. Os estudos genealógicos, no passado, eram basicamente:
1) ou de cunho religioso;
2) ou de cunho nobiliárquico;
3) ou se destinavam a assegurar a transmissão da propriedade.


1) De cunho religioso

Basta lembrar as genealogias bíblicas: Moisés, que sob inspiração divina redigiu o Pentateuco, os primeiros cinco livros das Sagradas Escrituras, talvez possa ser considerado o primeiro Genealogista da História da Humanidade.

Não só entre os hebreus, mas entre os povos antigos em geral (pelo menos entre os que possuíam certo grau de cultura), eram muito freqüentes os registros genealógicos. Egípcios, Romanos, Assírios, Caldeus, Gregos, Persas, sempre deram grande valor às estirpes, e na valorização dessas estirpes estava presente um elemento religioso mais preponderante ou menos, mas sempre
constante e claro. O culto pela memória dos antepassados, reverenciados pelo que tinham sido e pelo que significavam para os seus descendentes, adquiria, o mais das vezes mesclado com um caráter um tanto supersticioso, um cunho de culto religioso. Isso era constante na Antiguidade.

A esse respeito, cabe lembrar aqui uma obra excelente, que em nossos dias vem sendo reapreciada devidamente: o clássico livro de Fustel de Coulanges La Cité Antique,2 que recentemente foi traduzido e editado pela Editora da Universidade de Brasília. Fustel de Coulanges mostra que tal era o respeito que entre os antigos se tributava aos antepassados, que quando alguém se afastava do
torrão natal em demanda de novas terras, para fundar novas cidades, para constituir novas sociedades, novas comunidades políticas, era costume levar, num vasinho, um pouco de terra do local em que nascera e onde estavam sepultados os antepassados. Essa porção de terra, levada com respeito, era também com respeito depositada no local em que se erigiria a nova fundação, para
que, de certa forma, pelo menos simbolicamente, fosse algo das cinzas dos antepassados que se transferisse para o novo local, e a continuidade daquela estirpe, na interpenetração profunda entre esses dois valores, a família e o torrão natal, fosse mantida.

As catacumbas romanas também têm origem, segundo teorias das mais categorizadas, nesse culto respeitoso dos antepassados – os Manes – (ao lado dos Lares e dos Penates).

Como fizesse parte dos costumes que os membros de uma família – da gens romana – fossem sepultados dentro dos limites do próprio lar, costumava-se escavar, dentro da urbe romana, por baixo das casas ou dos palácios, túneis em níveis diversos de profundidade, para, dentro dos limites da propriedade, sepultar os membros daquela gens. Cada família vivia, assim, no sentido mais estrito do termo, sobre um cemitério em que jaziam seus antepassados, sem sair dos limites territoriais do lar. Ao cabo de algumas gerações, inevitavelmente esses condutos subterrâneos se comunicavam uns com os outros, constituindo uma vastíssima rede de galerias que com o passar dos tempos perdeu a primitiva significação, mas na qual a Igreja perseguida, nos três primeiros séculos da Era Cristã, encontrou abrigo seguro (pois os pagãos conservavam um temor supersticioso de penetrar naquelas galerias escuras, e mesmo quando eles penetravam, os cristãos, que conheciam o mapeamento daquela cidade subterrânea, com relativa facilidade conseguiam ocultar-se), na qual sepultou seus mártires 2 COULANGES, Fustel de. La Cité Antique. 19.ª ed., Paris: Hachette, 1905. e que até hoje é visitada com comovida veneração por incontáveis peregrinos
que acorrem à Cidade Eterna.

2) De cunho nobiliárquico
Além dos registros genealógicos de cunho religioso, havia os de cunho nobiliárquico. Certas estirpes se destacavam por sua liderança, por sua maior capacidade de ação, por sua dedicação ao bem comum das sociedades grandes ou pequenas, não apenas se preocupando com o seu interesse individual ou familiar, mas também gerindo a sociedade e cuidando de prover às necessidades coletivas. Os membros dessas estirpes tendiam, muito explicável e naturalmente, a ser vistos com especial respeito pelos demais.

Já na Antiguidade, um tanto mesclado com o preponderante elemento religioso, constituíram-se aristocracias no verdadeiro sentido etimológico do termo (ou seja, os melhores ou os mais fortes exercendo o governo), as quais possuíam senso nobiliárquico, tendo noção clara de que constituíam uma elite, tinham conhecimento de seu passado e tinham esperança e disposição para um futuro na mesma orientação. Na Antiguidade, manda a verdade que se diga, essas aristocracias muito freqüentemente degeneravam naquilo que é, segundo Aristóteles e São Tomás de Aquino, a corrupção da aristocracia, ou seja, a oligarquia.

Passando agora da Antiguidade para as origens da Idade Média, ou seja, após a verdadeira derrocada que representou, para o Império Romano do Ocidente, a avalanche das invasões bárbaras, à medida que os povos bárbaros se foram civilizando, que foram sendo expulsos os restos de paganismo, a tendência natural era para se constituírem e se consolidarem estirpes aristocráticas. É muito explicável que se procurasse registrar e conservar os feitos e os fastos dessas estirpes, de onde os linhagistas medievais que existiram em todos os países da Europa. Para falar em termos portugueses, recorde-se o famoso Livro Velho das Linhagens, também conhecido como Nobiliário do Conde D. Pedro.

3) A genealogia que se destinava a garantir as heranças

Por fim, outra modalidade que tinham os estudos genealógicos até 20 ou 30 anos atrás, era quando se destinavam a assegurar a transmissão de patrimônios pela via da sucessão hereditária. Em Portugal, por exemplo, nos séculos XVI, XVII e XVIII eram clássicas as querelas judiciárias prolongadíssimas (algumas se arrastando por diversas gerações) pela disputa de um vínculo, de um
morgadio, de um senhorio qualquer que, por vontade do primitivo proprietário, se transmitia indivisível de geração em geração, pela linha da primogenitura, segundo certas regras gerais fixadas nas Ordenações do Reino, e segundo certas normas específicas estabelecidas pelo instituidor. Ao cabo de 100, 200 ou 300 anos, muitas vezes extinguia-se o ramo primogênito, e acontecia que se apresentavam vários pretendentes. Entravam então em cena genealogistas que,
com ou sem razão, procuravam sustentar a precedência de umas linhas sobre outras, ou contestar a legitimidade de certas sucessões.

Aqui no Brasil de nossos dias, há pelo menos dois casos judiciais abertos em que a ciência da Genealogia tem importante palavra a dizer. São os bem conhecidos casos das sucessões do Comendador Domingos Corrêa (cuja imensa fortuna, constante de larguíssimas extensões de terra no Rio Grande do Sul e no Uruguai, até hoje é disputada, decorridos mais de 100 anos de sua morte, por muitos milhares de pessoas que são ou se pretendem seus herdeiros) e do Barão de Cocais, que deixou uma fortuna muito grande aplicada num banco inglês e até hoje essa fortuna não foi retirada, embora esteja, teoricamente, à disposição das muitas centenas de seus herdeiros.

Ainda em nossos dias na França – pouca gente sabe disso no Brasil – há escritórios especializados, doublés de advocatícios e genealógicos. O mais antigo desses escritórios, o Étude Andriveau, está em funcionamento desde 1830. A especialidade de tais profissionais consiste em caçar herdeiros para fortunas jacentes.3 3 UTZERI, Fritz. “Franceses vivem de caçar herdeiros”, Jornal do Brasil, 2-11-1986.

Pela lei francesa, quando morre alguém sem herdeiros próximos, o direito de herdar se estende a parentes de graus muito afastados, às vezes remotos parentes inteiramente desconhecidos dos falecidos. A lei brasileira parece bem menos benigna, nesse ponto. Ainda pela legislação francesa, as heranças jacentes devem ser administradas (como, aliás, também no Brasil) por um curador,
durante um período razoavelmente prolongado, até que apareçam os herdeiros ou que, não aparecendo eles, a herança seja declarada vacante e passe para o domínio do Estado.

Então acontece que, quando morre alguém rico e não deixa testamento nem herdeiros conhecidos, esses escritórios se põem na caça dos herdeiros, levantando a árvore genealógica do defunto, e procurando ramos colaterais de sua família. Quando, afinal, localizam os herdeiros, evidentemente cobram caro seus serviços...

Cada interessado recebe, em sua casa, uma carta do escritório, dizendo que a equipe especializada daquele estabelecimento procedeu, por sua conta e risco, a laboriosíssimas investigações genealógicas que habilitam o destinatário a receber uma herança de um parente desconhecido. Caso o destinatário tenha interesse, basta assinar um documento que vai anexo, constituindo os advogados daquele escritório seus procuradores para o processo de inventário, e desde logo renunciando em favor do escritório a uma porcentagem sobre o total do valor dos bens herdados, à guisa de pagamento de honorários sobre a pesquisa genealógica (não sobre os trabalhos advocatícios, note-se). Somente depois de bem assinado e bem autenticado esse documento é que o escritório revela a identidade do “tio rico” desconhecido...

Para velar melhor o caso, alguns escritórios fazem o documento em termos que deixam o feliz recebedor de uma carta dessas ainda mais completamente no escuro... O texto a ser assinado pelo herdeiro prevê várias hipóteses: se o montante da herança for, por exemplo, de dez mil francos, o herdeiro se compromete a ceder ao escritório uma porcentagem bastante alta, de 50 % da herança; se o montante for maior, a porcentagem vai baixando gradativamente até 15 %.

Assim sendo, o felizardo nem tem condições de avaliar o montante da riqueza deixada pelo falecido, nem a quota que lhe cabe a ele (pois podem ser muitos os herdeiros, e só o escritório tem o mapeamento completo deles): só lhe resta aceitar as condições propostas ou desistir da herança. A menos que queira ele mesmo se entregar a pesquisas genealógicas de incerto resultado... Mas como ele também não é informado de quanto tempo faz que morreu o suposto ricaço, ele não sabe se o prazo legal para a habilitação já está se esgotando, e não sabe se serão muitos os co-herdeiros... É aceitar as condições ou desistir!

. Caricaturas ou contrafações do genealogista

A essas três modalidades clássicas de Genealogia, poderíamos acrescentar a do falso nobre. Ou seja, a da pessoa que se pretende nobre, se imagina nobre, e procura doidamente, numa ascendência irremediavelmente plebéia, algum antepassado nobre. E, como reza o velho ditado, “não há geração sem conde e ladrão”, pode acabar encontrando algum nobre. Então começa o delírio: supervaloriza-o, põe-se a falar dele para toda a gente, começa a usar anel de nobreza sem ter a isso direito, e comete toda espécie de desatinos que a convertem verdadeiramente numa caricatura de nobre... e numa caricatura de verdadeiro genealogista.

Essa ridícula posição, naturalmente, sempre foi alvo fácil de sátiras de todo tipo... Seria um não mais acabar se fôssemos aqui transcrever algumas dessas sátiras, verdadeiramente espirituosas. Apenas à guisa de exemplo, lembrem-se a de Alexandre de Gusmão4; a do Abade de Jazente, com seu famoso soneto satirizando os que supervalorizam linhagens fabulosas5; a de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, que no final do seu Catálogo Genealógico das Principais Famílias da Bahia e Pernambuco, escreve em duas páginas a genealogia fabulosa da família Fialho.6

4 Genealogia Geral para Desvanecer a Errada Opinião dos Senhores Puritanos. Lisboa: Biblioteca Nacional, Códice 7663, págs. 48; in Brasil Genealógico, tomo 1, n.° 1, 1960.

5 Apud SILVA, Armando Barreiros Malheiro da. A Genealogia em Portugal e o Desafio do Presente, em Armas e Troféus. Lisboa, 1984, V série, tomo V, n.os 1-3.

6 Apud POLIANO, Luiz Marques. Heráldica. São Paulo: Edições GRD em convênio com o Instituto Municipal de Arte e Cultura-Rioarte, 1986, pp. 330-333.


E, the last but not the least, recorde-se o que escreveu o Apóstolo São Paulo em sua primeira Epístola a Timóteo, I, 4: “não se ocupassem (os fiéis) em fábulas e genealogias intermináveis, as quais servem mais para questões do que para aquela edificação de Deus, que se funda na fé.”

Outra caricatura do genealogista é a do profissional ou amador inescrupuloso, de encomenda, que é pago para elaborar uma prestigiosa árvore genealógica, e, sem seriedade científica, sem senso crítico, às vezes até dolosamente, forja origens falsas. Isso existia no passado, quando muitas vezes se recorria a processos desse gênero para provar a chamada “limpeza de sangue” em processos de habilitação de genere, para capacitar alguém para o sacerdócio, ou para o recebimento de uma comenda, ou algo do gênero.

. A Neo-Genealogia

Falemos agora não mais da velha e tradicional Genealogia, nem das caricaturas e contrafações dela, mas do fenômeno novo que se pode chamar Neo-Genealogia.

Já não mais é uma genealogia sacra, por motivos religiosos, que se estuda hoje em dia – exceção feita da seita Mormon, cujos membros investigam as próprias raízes porque crêem que a revelação que teria sido feita ao seu fundador, John Smith, no século passado, pode beneficiar as pessoas que viveram antes dele, se os descendentes delas se converterem ao mormonismo e cumprirem, em relação aos respectivos antepassados, determinados ritos póstumos.

Também não se trata de uma genealogia de cunho nobiliárquico. Não é para encontrar antepassados nobres que se pesquisa afanosamente, nem para disputar heranças e legados. Mas – e nisto está o essencial do fenômeno da “Neo-Genealogia” – é única e exclusivamente para encontrar as próprias raízes, provenham elas de onde provierem.

Sim, é com essa finalidade de encontrar as próprias raízes sejam elas quais forem que, nestes tempos em que vivemos, assistimos ao renascimento – melhor seria dizer à revivescência – dos estudos genealógicos.

Vejamos alguns fatos a esse respeito:

. Aumento do número de pesquisadores

São sempre mais numerosos os pesquisadores. E não são necessariamente velhos saudosistas e afeitos à poeira dos arquivos, por esquisitice ou mania. Mas são pessoas de todas as idades – muitas delas jovens–ede todas as classes sociais, inclusive das mais modestas. E isso em muitos países.

Há tempos visitou o Brasil um professor universitário norte-americano que, em conversa com genealogistas brasileiros, relatou um fato muito engraçado que mostra como também nos Estados Unidos de uns tempos para cá tem aumentado enormemente o número de pesquisadores de Genealogia.

Esse professor estava no interior do Estado de Kentucky, numa cidadezinha, e precisou entrar numa igreja, para pedir uma informação qualquer ao padre; era alguma coisa puramente religiosa o que ele desejava. O professor foi à igreja, procurou a sacristia, e percebeu que o padre, tão logo o viu, literalmente se escondeu. Pôs-se detrás de um móvel, afastou-se sorrateiramente, entrou
por um corredor e sumiu. Ele achou aquilo muito estranho, bateu palmas, tocou uma campainha que havia lá, chamou em voz alta pelo padre... e nada de o padre aparecer! Afinal, após muito barulho apareceu o padre de cara contrafeita, perguntando: – Afinal, o que o Sr. quer? É fazer pesquisa nos livros paroquiais, não é?

– Não, respondeu ele, eu estou apenas passando por aqui, e queria saber se o Sr. podia me informar o horário das Missas. Na mesma hora o padre se distendeu e abriu um largo sorriso:

– Claro que posso! Com muito gosto! O que não posso mais é suportar esses genealogistas insuportáveis que me vêm atormentar com suas intermináveis pesquisas! Quase todo dia aparece aqui um deles, e pensei que o Sr. fosse mais um...

A grande medievalista Régine Pernoud, na introdução do livro Le Tour de la France médiéval, que publicou em colaboração com Georges Pernoud,7 fala da enorme atualidade que tem, na França de nossos dias, a Idade Média. Ela registra que é enorme o movimento de curiosidade dos franceses atuais em relação à Idade Média, que toca – a expressão é dela – “as mais íntimas fibras” da alma dos franceses.

Em seguida ela se pergunta qual a natureza desse movimento de curiosidade:

“Essa Idade Média, tão presente no mundo de hoje, seria apenas a sustentação de um sonho que se oporia a uma realidade de concreto e de matéria plástica?....

“Não, há algo mais profundo nesse movimento – que é o mesmo que leva tantos franceses a se debruçar sobre suas próprias genealogias. Quando Jean Favier, diretor dos Arquivos de França, houve por bem abrir um curso para esses caçadores de ancestrais e de linhagens que atualmente tomam de assalto nossos arquivos, ele desde logo precisou duplicá-lo, de tal maneira eram numerosos os amadores que desejavam por si mesmos decifrar velhos papéis e pergaminhos que poderiam permitir-lhes um progresso maior em suas explorações, subindo um pouco mais alto na procura de suas origens. Ora, o que impulsiona esses pesquisadores, o que lhes espicaça a curiosidade, é precisamente a necessidade que têm de reencontrar a própria identidade. O estudo
da História, tal como a estabelecem os programas de ensino oficiais, já não os satisfaz; esse estudo frustra uma parte deles, precisamente a parte melhor, aquela que tem verdadeiro sabor da vida; eles querem – e isso já virou clichê – ‘reencontrar suas raízes’. Pois neste mundo em que tudo lhes é facilitado, eles procuram aquilo que está ao alcance do mais humilde dos ciganos: as tradições que lhes são próprias. Eles entrevêem que por trás... das instituições oficiais nascidas por força de uma lei ou de um decreto, há figuras encantadoras, há belas histórias de romance, há fisionomias de contos de fadas, há toda uma arte de viver, uma paisagem familiar, que eles vão descobrindo com o ardor de 7 Paris: Éditions Stock, 1982, pp. 8-9. um arqueólogo que sonda as profundezas de um terreno para tirar à luz do dia uma civilização portadora de tesouros ocultos.”

Sem dúvida Régine Pernoud, nesse trecho, descreveu e exprimiu bem o fenômeno que chamamos da Neo-Genealogia.

. Genealogistas profissionais – revistas especializadas

No Brasil de nossos dias já começam a aparecer pessoas que se dedicam profissionalmente à Genealogia. Na França, isso é muito corrente, existem cadastros organizados de genealogistas, com especializações, com subespecializações, que põem anúncios em jornais, que se correspondem entre si, que trocam informações e pistas. Em Versalhes, por exemplo, se edita uma prestigiosa revista, Héraldique et Généalogie, que é o órgão oficial do Centre Généalogique de Paris, e é dirigida por M. Gérard de Villeneuve, o qual é descendente de genealogistas da Corte francesa nos séculos XVI e XVII.8

Essa revista serve de elo entre as vastíssimas redes de genealogistas especializados, e publica regularmente resenhas das matérias publicadas por outras revistas genealógicas francesas de âmbito mais restrito: revista de Genealogia da Borgonha, da Lorraine, do Marne, da Provence, ou então revista de Genealogia de descendentes de corsários, ou de “gentil-hommes verriers” (nobres fabricantes de vidros), etc.

Na França existe uma Association des Descendants de Corsaires, com sede em Saint-Malo, fundada em 1963. Para fazer parte dessa entidade o candidato precisa provar com documentos que é descendente direto de um corsário que tenha navegado com alvará de autorização concedido por algum rei da França. Descendentes de vis piratas, portanto, estão excluídos; só os descendentes de
nobres corsários podem ingressar...

8 Cfr. DELORME, Philippe. “La Généalogie, c’est comme la chasse!”, Dynastie, Paris, 13-2-1987.



Ainda na França há uma outra entidade, mais restrita, dos descendentes de Robert Surcouf, corsário que viveu entre 1773 e 1827. A sede também é em Saint-Malo.9

Somente em Paris existem duas outras grandes revistas genealógicas, Généalogie-Magazine e Histoire & Généalogie. Ambas são publicadas pela mesma editora Christian. A primeira é de interesse mais geral; a segunda, sem ser exclusivamente nobiliárquica, dedica-se mais especificamente ao estudo de famílias nobres.

Em Portugal, existem duas grandes instituições dedicadas aos estudos genealógicos, cada uma das quais com sua revista, ambas de excelente nível. A primeira é o Instituto Português de Heráldica, fundado por volta de 1940. Edita a revista Armas e Troféus e tem reuniões mensais, no terceiro sábado de cada mês, num local muito pitoresco e evocativo, nas ruínas do Convento do Carmo, de Lisboa, indo todos os membros, após a reunião, jantar na tradicional Cervejaria Trindade, no
refeitório, todo recoberto de azulejos, de um antigo convento.

A segunda é a Associação Portuguesa de Genealogia, fundada mais recentemente, a qual edita a revista Raízes e Memórias.

. O caso dos que querem passaporte europeu

No Brasil, como dissemos, já começam a aparecer pessoas que adotam o exercício da Genealogia como profissão. Ainda são poucos esses genealogistas de dedicação integral, mas já os há em vários Estados, sobretudo do Sul do país. Os clientes são, na sua grande maioria, pessoas que desejam comprovar ascendência italiana, ou alemã, ou de alguma nação européia que admita a
aquisição tardia da nacionalidade ou da cidadania pelo jus sanguinis, pelo direito do sangue.

O desejo de obter o prestigioso passaporte europeu, com as facilidades que tal passaporte assegura, leva muitos brasileiros descendentes de imigrantes europeus a pagarem pesquisadores profissionais para o levantamento de sua origem.


9 Cf. Historia, n.° 564, Paris, 1994.


Mas isso não se confunde, note-se, com o fenômeno da Neo-Genealogia. É mais bem um aspecto episódico, colateral, causado sem dúvida pelas condições tristes do Brasil atual, tão cheio de crises e dificuldades, tão desesperança do futuro. São pessoas que, postas nessa situação, começam a se prevenir para o futuro, para a eventualidade de irem tentar a sorte em outros países mais
ricos. Não são pessoas que estudam as raízes ancestrais pelo gosto de conhecê-las. Seria mais acertado, pois, dissociar esse filão de pessoas do fenômeno da Neo-Genealogia – embora muitas vezes uma pesquisa iniciada por interesse de obter o passaporte europeu acabe se transformando numa paixão para a vida inteira.

Afora os genealogistas profissionais, existe um número crescente de genealogistas amadores, aficionados da Genealogia, que estudam, pesquisam, procuram informações, buscam documentos, etc.

Outro motivo pelo qual se estuda Genealogia, também à margem do fenômeno que denominamos Neo-Genealogia, é de ordem médica. Fazer um levantamento histórico das doenças nos ascendentes até a quarta ou quinta geração pode ser de muita importância para a prevenção de certas doenças, e às vezes até mesmo para estabelecer certos diagnósticos. É cada vez mais freqüente o número
de médicos que adotam o costume de registrar, nas fichas de seus pacientes, os antecedentes familiares patológicos, e que pedem a esses pacientes que se informem do modo mais completo possível sobre tais antecedentes.10

Em janeiro de 1992, a Associação Médica Americana deu a público, como faz todos os anos, suas “Resoluções de Ano-Novo para um país mais saudável”. Pela primeira vez, constava um capítulo com o seguinte título “Escreva a história da saúde de sua família”.11

10 Cf. BROWDER, Sue. “Uma ‘árvore’ que pode salvar sua vida”, Seleções do Reader’s Digest, agosto de 1993; cf. também “Genética começa a revolucionar Medicina”, matéria do U.S. News & World Report, reproduzida em O Estado de S. Paulo de 27-8-1994.
11 Cf. “De volta para o futuro – americanos reconstroem a história das doenças de seus pais e avós
para avaliar os riscos de desenvolver males genéticos”, Veja, 29-1-1992).


Também na área da Psicologia e da Psicoterapia os estudos genealógicos vêm sendo usados. A Dra. Anne Ancelin Schützenberger, professora emérita da Universidade de Nice, desenvolveu uma “terapia transgeracional psicogenealógica contextual”, por meio da qual os pacientes elaboram seus “genossociogramas”, explicitando dessa forma, e resolvendo, problemas familiares herdados dos seus antepassados.12

. Incremento de associações genealógicas

Multiplicam-se e têm grande incremento as associações especializadas em pesquisa genealógica. Aqui no Brasil, além do tradicional Instituto Genealógico Brasileiro – IGB, fundado em 1939, na capital paulista, pelo Coronel Salvador de Moya, existe também o Colégio Brasileiro de Genealogia, com sede no Rio de Janeiro, fundado em 1950 e congregando um grupo notável de pesquisadores; há o Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul – INGERS, que reúne,
numa pitoresca e acolhedora sede, pesquisadores gaúchos, na sua maioria de origem alemã; há ainda o tradicional Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, fundado há meio século pelo célebre Aluísio de Almeida (pseudônimo do sacerdote e historiador Monsenhor Luiz Castanho de Almeida); lembre-se ainda o Instituto Hans Staden, de São Paulo, que editou, em
colaboração com o IGB, vários volumes sobre a genealogia de famílias brasileiras de origem alemã, e mantém um fichário organizadíssimo com essa documentação; e a Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia – ASBRAP, fundada em São Paulo, em 1994. A ASBRAP não apenas congrega pesquisadores, mas constitui, por assim dizer, um projeto de sindicato do
pesquisador, que luta por seus interesses e pela preservação do tão desprotegido e abandonado patrimônio arquivístico do País. Com exceção do INGERS e da ASBRAP – que são de fundação mais recente, mas cujo eixo é constituído predominantemente por pessoas que já estudavam Genealogia seriamente muito antes de se generalizar esse fenômeno que aqui estamos denominando Neo-Genealogia – todas as outras instituições mencionadas são bem anteriores ao surgimento do referido fenômeno.

12 Cf. SCHÜTZENBERGER, Anne Ancelin. Meus Antepassados: Vínculos Transgeracionais, Segredos de Família, Síndrome de Aniversário e Prática do Genossociograma. São Paulo: Paulus, 1997.


Mas todas, sem exceção, se beneficiaram numericamente e qualitativamente desse fenômeno. Todas encontram terreno fértil para a arregimentação de novos membros. É
crescente o número de associados, e qualquer trabalho de divulgação da ciência
genealógica obtém, graças precisamente a esse fenômeno que estamos analisando, um resultado surpreendente, muito acima do que seria razoável esperar.

. Reuniões de parentes

Outra manifestação desse fenômeno é a cada vez mais comum realização de enormes encontros de parentes.

Ainda recentemente se reuniram, em São Bernardo do Campo, descendentes da numerosa família Demarchi, uma das primeiras da imigração italiana na região. Foram muitas centenas de parentes que confraternizaram, comendo pratos típicos da imigração italiana (o tradicional frango frito com polenta), em torno de uma senhora muito idosa que é a mais nova das filhas, e a única sobrevivente, do primeiro casal de Demarchi que chegou ao Brasil.

É freqüentíssimo, em jornais, se verem notícias de reuniões dessas. O Banco de Dados do jornal Folha de S. Paulo cataloga sistematicamente reuniões dessas. Os pretextos para essas reuniões, cada vez mais freqüentes, são, por exemplo, comemorar os 100 anos da chegada do primeiro membro da família ao Brasil. O autor do presente ensaio possui em seu arquivo muitas dezenas de recortes
nesse sentido, e só não os menciona para não alongar demasiado este trabalho.

Existem até mesmo, na Internet, alguns sites que facultam aos interessados o know-how indispensável para quem deseja organizar uma reunião de família, com roteiros, cronogramas, impressos a serem enviados para os parentes convidados, etc., etc. – para que nada saia improvisado...

Essas reuniões de parentes ocorrem em todos os países, não apenas no Brasil. Caso muito engraçado ocorreu com uma família portuguesa, de remotíssima origem galega. Resolveram, há cerca de dez anos, confraternizarem-se os membros dessa família, há muitos séculos estabelecida em Portugal, com seus longínquos parentes de mesmo nome e mesma origem, espalhados, a partir da Galícia, por várias províncias da Espanha. Tratava-se, pois, de reunir, numa comemoração conjunta, os dois ramos da família, o português e o espanhol. Pôs-se então o problema das precedências: onde realizar o evento, em território português ou em território espanhol? Se fosse em território português, figurando os portugueses como anfitriões, isso significaria uma superioridade deles sobre os espanhóis, e, mais do que isso, uma precedência da própria nação lusa sobre a espanhola – coisa que os espanhóis não aceitariam. Se a reunião fosse em território espanhol, os de Portugal, pelas mesmas razões, obviamente, também não aceitariam. Acabaram encontrando uma solução jeitosa: a reunião se realizou em Olivença, antiga cidade portuguesa que, na confusão das guerras napoleônicas, foi tomada pela Espanha e há 200 anos permanece
ilegalmente dominada pela Espanha sob protesto português. Em Olivença, ambos os ramos da família se sentiam no território de seu próprio país, fosse ele de direito, fosse de fato... E sem maiores discussões ali se reuniram pacificamente mais de 400 homens dessa família, sem contar mulheres e crianças.

. Clubes e revistas familiares

Uma vez feitas essas reuniões de família, quase sempre os presentes decidem se reencontrar outras vezes, pelo menos uma vez por ano, e logo surgem – muito naturalmente – alguns membros da família que chamam a si a tarefa de organizar e promover novos encontros, que recolhem os endereços dos presentes, que começam a mandar circulares preparatórias de novos encontros e para descobrir outros parentes que não estavam ali, etc. Por vezes chega-se à constituição de verdadeiros clubes familiares, com publicações periódicas próprias, as quais circulam exclusivamente entre os membros daquele clã.

Possuímos em nosso arquivo considerável número de recortes sobre clubes desses, em vários países, e às vezes clubes reunindo membros de uma só família em países muito diversos. Há casos, por exemplo, de famílias italianas que têm um ramo no Brasil, outro nos Estados Unidos, outro em Buenos Aires, além da matriz, digamos assim, na própria Itália. E todos publicam um boletim com
notícias da família, se intercomunicam, se visitam.

No início dos anos 90 ocorreu aqui em São Paulo um caso curioso, em que um desses clubes familiares teve papel importante. Existe em São Paulo uma revista especializada em armas, chamada Magnum. Certo dia, no escritório do diretor técnico dessa revista, Laércio Gazinhato, apareceu um senhor levando um velho revólver Colt modelo 1860, usado pelas tropas nortistas na Guerra da Secessão, muito bem conservado, e tendo algumas incrustações de prata com o nome do possuidor “L.S. Blasdell” e o número de seu regimento. O possuidor do revólver, que desejava avaliá-lo, apenas informou que o adquirira muitos anos antes no interior de São Paulo, na cidade de Americana – cidade que, como é bem sabido, foi fundada por sulistas que se refugiaram no Brasil
após terem sido derrotados na Guerra da Secessão, nos Estados Unidos.

Como era um revólver raro, o especialista se interessou no caso, procurou literatura especializada, escreveu para a fábrica Colt, escreveu para o Museu da Academia Militar de West Point, e, após mais de dois anos de pesquisas, conseguiu apurar que o revólver em questão fazia parte de um lote de 600 armas adquirido em 1861 pelo exército unionista; seu proprietário, o voluntário Levi
Blasdell, tinha se alistado num regimento de voluntários da Pennsylvania, havia lutado longamente, depois caíra prisioneiro dos confederados sulistas (ocasião em que, presumivelmente, perdera sua arma) e mais tarde fora trocado por um prisioneiro sulista em poder dos nortistas. O curioso – e é por isso que essa história interessa ao presente ensaio – é que as pesquisas do Sr. Laércio Gazinhato foram grandemente facilitadas porque ele entrou em contato com uma “Associação Nacional da Família Blasdell”, a qual edita uma publicação intitulada Blasdell Papers. Por meio dessa revista, o Sr. Gazinhato conseguiu entrar em contato com os descendentes do militar, conseguiu os dados
biográficos completos dele, conseguiu um velho daguerreótipo dele, e conseguiu ademais uma árvore genealógica dos Blasdell até o século XV. Ele agora está tentando adquirir a arma para mandá-la aos Estados Unidos, para ser incorporada ao acervo que a família Blasdell conserva.13

. Livros de família

São também freqüentes os “Livros de Família”, geralmente preparados com esforços incríveis por abnegados pesquisadores que reúnem, nas suas próprias famílias, toda a documentação disponível e se embrenham em pesquisas, algumas vezes de grande vulto e abrangência, pelo passado. O resultado é, geralmente, um livro de interesse restrito somente aos membros daquela família. Mas casos há de estudos sociológicos de interesse bem mais amplo, a partir do estudo de caso de uma determinada família.

Veja-se, por exemplo, o seguinte: na Universidade Federal do Rio de Janeiro, há poucos anos, foi defendida uma tese de mestrado pelo Prof. Luiz Gonzaga Piratininga Júnior, descendente de escravos do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Ele conseguiu reconstituir a história de nove gerações de sua família, cinco das quais cativas, e publicou um livro, pela Editora Hucitec,
intitulado Dietário dos Escravos de São Bento.14

. Informática e Genealogia

Poderíamos nos estender aqui longamente a respeito de um fator que ajuda bastante os genealogistas, e os neo-genealogistas, em suas pesquisas. É a utilização de recursos técnicos modernos, tais como microfilmes e, mais recentemente, computadores. Há muitos programas de computação especiais para uso de genealogistas.

A Informática facilitou muito a disseminação da Neo-Genealogia. Uma investigação sumária na Internet permite que qualquer pessoa rapidamente se ponha em contato com inumeráveis sites de teor genealógico, nos quais se divulgam e permutam informações preciosas. Numerosas listas de discussão de genealogistas se mantêm ativas, e até mesmo revistas de Genealogia são publicadas on-line. No Brasil é esse o caso da revista Gen-Tree, de São Paulo, órgão da Associação Brasileira de Genealogia e dirigida pela genealogista Marta Amato.


13 Cf. GAZINHATO, Laércio. “À procura de L.S. Blasdell”, in Magnum, São Paulo, maio/junho de 1993.
14 Cf. “Álbum de família”, Veja, 11-3-1992.


Atualmente é quase incompreensível que alguém pense em fazer sua própria genealogia sem recorrer às informações postas ao alcance de todos pela Internet. Ademais dessa fonte privilegiada de informações, a Informática pode também facilitar os estudos genealógicos de diversos outros modos:

a) em arquivos públicos ou privados de grande porte, com vistas a favorecer o acesso às informações, de modo a que não se percam como agulhas em palheiro;

b) para o armazenamento de dados já pesquisados, detecção de homônimos, cálculos do chamado implexo genealógico, etc.;

c) para a elaboração de projetos gráficos de linhagens e árvores genealógicas;

d) para o estabelecimento de graus de parentesco remoto, ou dos vários títulos de parentesco;

e) para o cálculo de probabilidades de parentescos incertos.

Mas, sobretudo, o que ajuda muito os estudiosos é a possibilidade de pesquisar e contatar outros estudiosos e parentes por meio da Internet. Um genealogista brasileiro que deseje, por exemplo, estudar clans escoceses, com vistas a completar seus conhecimentos sobre um remoto ancestral escocês, pode servir-se perfeitamente da Internet. Por qualquer mecanismo de pesquisa (como o Google, o Yahoo ou o Altavista), uma rápida navegação na Internet lhe permitirá descobrir não só dados históricos sobre o clan desejado, mas poderá copiar em sua impressora, em cores, o respectivo tartan – ou seja, aquele tecido de lã com padrão e cores distintivas unicamente dos membros daquele clan, usado nos kilt (o saiote tradicional escocês). E poderá encontrar com facilidade numerosos endereços eletrônicos de membros do clan na Escócia, na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Canadá, bem como de associações de membros do clan nos vários países. Sem dizer que tomará facilmente conhecimento das regras e normas do complicadíssimo sistema clânico, de origens célticas e, em pleno século XX, observado em larga medida na Escócia, na Irlanda e no País de Gales.

Um único exemplo entre muitos outros: veja-se na Internet o site da Clan’s Drummond Society, constituída por pessoas do mundo inteiro que descendem do famoso clan escocês que se tornou célebre por sua abnegada fidelidade aos Stuarts afastados da coroa de Escócia e Inglaterra pela Casa de Hanôver.

. Cursos e livros de iniciação genealógica

Por fim, cabe também mencionar a multiplicação de cursos de vários níveis, para iniciação e aperfeiçoamento de genealogistas, sempre com grande freqüência e encontrando grande receptividade.

Multiplicam-se também livros do gênero Faça Você Mesmo Sua Árvore Genealógica, Genealogia para Principiantes, etc.

. Qual a causa profunda desse fenômeno?

Uma vez vistos, embora resumidamente, em traços muito ligeiros, os fatos, passemos à segunda parte deste ensaio, ou seja, à pergunta levantada no seu subtítulo: – Por que tanta gente hoje em dia procura as próprias raízes?

Note-se mais uma vez que não é o desejo de encontrar ancestrais nobres que leva muitos a se dedicarem a esses estudos. Mas seria errado também ver nessa neo-genealogia um plebeísmo militante e anti-aristocrático. Na realidade, ser nobre ou plebeu é um problema que nem se põe. Trata-se do mero gosto de encontrar as próprias raízes, provenham elas de onde provierem.

Como explicar esse gosto, esse interesse?

Há nisso, sem dúvida, algo de modismo. O papel do livro de Alex Haley não pode, nessa perspectiva, ser subestimado. Mas seria superficial ver só modismo, ou ver preponderantemente modismo nisso. Na realidade, são anseios de alma mais profundos que encontram vazão dessa forma.

Que anseios são esses?

O homem, dizia Aristóteles, é um animal racional e político. Ele tem alma, ele pensa, a ele convém viver politicamente, isto é, em polis, em comunidade com seus semelhantes. Ele tem o instinto de sociabilidade proveniente da sua natureza livre e racional, e por isso lhe repugna o isolamento.

Cada homem, pois, deve ser considerado e deve considerar-se como fazendo parte de um conjunto.

Esse conjunto não deve ser somente no espaço, mas também no tempo.

No ESPAÇO: os homens têm necessidade da companhia de seus semelhantes para viverem, pelas insuficiências dos indivíduos e pela necessidade de uns proverem às carências dos outros; mas também pela simples conveniência do mútuo relacionamento, para a satisfação de um instinto indissociável da natureza humana, que é o instinto de sociabilidade.

É sabido que uma das profissões mais bem pagas pela Marinha brasileira é a de guardião de faróis. Trata-se de um funcionário que é levado para o farol, no meio do mar, com toda espécie de confortos, com um esplêndido salário, tendo como única obrigação acender o farol todas as noites e desligá-lo todas as manhãs, e nada mais... Mas ele tem o ônus de viver meses seguidos sem ver ninguém, sem se comunicar com ninguém a não ser por rádio. À primeira vista, parece muito fácil ser guardião de farol... Na realidade, essa função é muito difícil de ser preenchida, a Marinha tem extrema dificuldade de preencher seus quadros de guardiães de farol, e muitas vezes acontece de alguém aceitar e poucas semanas depois, desesperado, pedir socorro por rádio desistindo do contrato com medo de ficar louco. E há casos de o guarda-farol enlouquecer de fato! Profissão considerada de alto risco, pois...

No TEMPO: não só no espaço, mas também no tempo o homem deve considerar-se num conjunto, constituindo não um ser fechado sobre si mesmo, como uma ilha no mar, mas como um elo na transmissão da vida, um elo num processo vital, ao mesmo tempo efeito de seus ancestrais e causa de seus descendentes.

Essas as indagações filosóficas primeiras que decorrem, no homem, da simples consciência que ele tem de sua própria existência: de onde vim? para onde vou? qual é a minha causa? de que serei causa?

Ensina São Tomás de Aquino, na Summa contra gentiles, que o estudo do princípio da causalidade (estudo meramente racional e filosófico, independente de qualquer consideração de ordem sobrenatural ou teológica) é de si suficiente para a criatura racional chegar à certeza da existência de Deus, a primeira das causas, a Causa causarum dos escolásticos. Essa é precisamente uma das cinco vias de São Tomás para o conhecimento da existência de um Deus único, eterno e todo-poderoso, anterior a todas as coisas, Causa de todas elas e, por sua vez, não causado por nenhum outro ser.

Todo o relacionamento de cada homem com seus semelhantes se insere no contexto mais amplo e supremo do relacionamento dos homens com Deus, de cada homem individualmente considerado com Deus.

Em outras palavras, convém ao homem que ele se sinta integrado numa sociedade, num conjunto de homens desiguais, com funções diferentes, todos dignos e necessários, sem dúvida, todos exercendo uma função social – quer dizer, cumprindo um papel, um dever em relação ao conjunto – e todos se sentindo, por assim dizer, degraus nessa imensa escada que constitui a Criação, até seu topo, em que está o próprio Deus. Todas essas considerações filosóficas básicas, que dizem respeito diretamente ao relacionamento criatura-Criador no âmbito individual, poucas pessoas as colocam clara e explicitamente diante dos olhos. Mas elas constituem a problemática fundamental da vida de cada homem, queira ou não queira ele ver isso de frente, tenha ou não tenha ele consciência clara disso, seja ou não seja ele capaz de formular isso em termos filosóficos.

. Isolamento antinatural do homem moderno

Ora, o homem atual vive forçosamente isolado, o que vale dizer violentado contra sua própria natureza.

Ainda aqui cabe distinguir espaço e tempo.

No ESPAÇO, temos hoje famílias celulares, desunidas, frágeis e instáveis, lares desfeitos; no TEMPO, vemos transformações demasiado rápidas, eliminação das tradições, rompimento conflitante e dialético com o passado, falta de convivência intrageracional, conflitos dialéticos entre as gerações, etc.

Vamos tratar muito rapidamente embora, desses vários pontos.

Em primeiro lugar falemos da crise da família.

. Crise da família

Que hoje a família está em crise, é algo de tão evidente que nem precisa demonstração. Para começar, a própria noção de família já é caótica. Sem pretender fazer aqui qualquer consideração de ordem moralizadora, é preciso registrar que, por família, tradicionalmente se entendia o lar constituído em torno do matrimônio estável, sólido, com o casal, seus filhos, seus netos, seus parentes mais próximos ou menos, todos integrando de forma harmoniosa e não conflitante o conjunto familiar.

Hoje, com a facilidade com que se fazem, se desfazem e refazem casais, essa família há muito deixou de existir. Quantos problemas psicológicos modernos não terão aí origem? Como pode ser bem criada uma criança que nasce em um lar desfeito, que se acostuma a ver desde cedo brigas, confrontos, entrechoques em casa, e que por vezes nem conhece os verdadeiros pais?

Evidentemente, essa moderna crise da família – causada, sem dúvida, pelo hedonismo, pela busca desenfreada do prazer, pela fuga dos deveres inerentes à condição de quem contrai matrimônio–éumdos fatores de instabilidade nervosa e psíquica, de insegurança. Ela não pode deixar de ser considerada parte integrante de uma crise muito mais grave, de caráter religioso e moral.

. Crise religiosa e moral

A crise da família está, aliás, intimamente relacionada com outra imensa crise contemporânea, no âmbito religioso e moral. No que diz respeito à Igreja Católica, basta recordar aqui algumas palavras do Papa João Paulo II:

“É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente idéias contrastantes com a Verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a Liturgia; imersos no relativismo intelectual e moral e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva.”15

Essa crise na Igreja teve como conseqüência abalar, por força do “relativismo” de que fala João Paulo II, princípios morais durante dois mil anos considerados inabaláveis. Já não se tem clara, como outrora, a noção de bem e mal, do que é lícito e do que não o é. Como se vê, esse é mais um fator de incerteza e insegurança, a somar-se a tantos outros.

O fato é que nas várias confissões religiosas contemporâneas – com exceção do maometismo de tipo “fundamentalista” – pode-se notar a mesma tendência generalizada para o relativismo doutrinário e moral, de modo que os contornos ou fronteiras entre as diversas religiões, assim como entre o bem e o mal, são cada vez menos distintos e definidos.

Cada ideologia religiosa (e o mesmo, aliás, se poderia dizer das ideologias políticas) já não pretende mais conter toda a verdade, mas tão só um aspecto cambiável, incerto e fragmentário de uma única “verdade global”.

Quando até em matéria de fé penetra esse elemento de relativismo e incerteza – e portanto de insegurança – nada mais explicável que as pessoas se sintam desamparadas e inseguras, imersas numa imensa “crise de valores”.

15 Discurso de 6-2-1981, de S.S. João Paulo II aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I
Congresso Nacional Italiano sobre “Missões ao Povo para os anos 80”, in L’Osservatore Romano, edição em português, 7-2-1981.

. Hipertrofia do Estado, falta de apoio dos organismos intermediários

Ao minguamento da família correspondeu, nos últimos duzentos anos, uma crescente hipertrofia do Estado onipotente e onisciente. Sem o apoio dos organismos intermediários de sociedade – dos quais o principal é a família – é igualmente explicável que os indivíduos se sintam desamparados e inseguros.

. Esboroar dos grandes mitos

Outro fator de insegurança do homem moderno: o esboroar dos mitos do século XX. Por exemplo, o mito do progresso. Durante gerações, todos creram firmemente nesse mito. Era um progresso que parecia rumar ineludivelmente numa direção certa, após ter rompido decididamente com o passado, visando a extinção da pobreza, da dor, da doença, da guerra, da morte. Talvez nenhum sintoma haja mais significativo disso como certas pessoas que, sofrendo nos anos 60 de doenças incuráveis, pagaram quantias avultadas para serem congeladas em laboratórios especiais, à espera de que, num futuro que se lhes afigurava certo, fosse descoberta a cura para suas doenças, ocasião em que seriam descongeladas, curadas e voltariam a viver confortavelmente. A imprensa noticiou, há poucos meses, que vários desses laboratórios haviam sido processados por charlatanismo e má-fé, pois continuavam a cobrar altas “taxas de manutenção” de corpos congelados que já estavam há muito tempo em irremediável estado de putrefação.

A medicina parecia rumar para um auge em que as doenças seriam definitivamente levadas de roldão. Os leitores de mais de 45 ou 50 anos certamente se recordarão de terem ouvido, quando meninos, velhos comentarem que a última das batalhas que a medicina precisava enfrentar era a do câncer. Porque, vencido o câncer, todas as outras doenças pouco mais ou menos estavam sob controle. O câncer, vencido propriamente não foi. Mas deixou de ser, na maior parte dos casos, aquele espantalho dos anos 60. No entanto, aumentaram terrivelmente – em última análise como conseqüência do progresso tecnológico – as doenças cardiovasculares; e também apareceu a AIDS, surgem agora as chamadas bactérias mutantes contra as quais – pelo menos a julgar pelo que divulga a grande imprensa – já nada podem os mais poderosos dos antibióticos.

. Mediocracia, ausência de elites autênticas e de modelos humanos de referência

Cabe aqui dizer uma palavra sobre mais outro fator de insegurança e de insatisfação para o homem moderno.

De modo geral, na vida pública da maior parte das nações, ainda mesmo daquelas formalmente democráticas, o que presenciamos é um afastamento (maior ou menor, conforme a nação) dos homens bons e honestos da vida pública, com o predomínio da chamada “Lei de Gerson”, a tirania do número sobre a qualidade, o domínio da mediocridade e da desonestidade sobre a real
capacidade e a retidão.

São regimes que oprimem as verdadeiras elites nacionais e instauram de fato “mediocracias”, ou seja, estabelecem a tirania das mediocridades.

Ora, se de algo o mundo moderno tem necessidade é de verdadeiras elites, compostas por um escol de pessoas verdadeiramente superiores – note-se, aqui, que se trata de uma superioridade sobretudo moral e cultural, muito mais do que apenas econômica ou social – que tenham autêntica noção de serviço do bem comum, que não se limitem a fruir egoisticamente seus privilégios mas cumpram,
junto às demais camadas da sociedade, sua função social de exemplaridade.

Talvez surpreenda a expressão “função social de exemplaridade”. Na realidade, entendemos que qualquer pessoa que a algum título é superior tem, entre outras obrigações, a de dar bom exemplo aos que não têm aquela superioridade. Uma das mais graves carências de nossos contemporâneos é a de modelos humanos que, por sua exemplaridade, possam servir de paradigmas, sobretudo às
gerações mais jovens.

Para não nos estendermos demasiado sobre esse ponto, limitemo-nos a transcrever breves trechos de um interessante artigo publicado há poucos anos por The Times, de Londres, sob o título “Pesquisa revela que americanos sofrem carência de heróis atuais”:

“Segundo um novo levantamento, os americanos, tomados pelo ceticismo e cansados dos modelos de comportamento medíocres, sofrem dramática falta de heróis nos tempos modernos. Em uma pesquisa de opinião com 1.022 americanos, conduzida pela US News and World Report, mais da
metade das pessoas ouvidas não conseguiu indicar uma figura pública viva que merecesse ser chamada de herói. Um em cada seis americanos não tem nenhum herói.”16 Pode-se bem perguntar se essa ausência de elites não é um dos fatores de insegurança e instabilidade do homem moderno, e se não é também um componente importante da visão de conjunto dentro da qual devemos inserir o fenômeno da Neo-Genealogia.

. Noção de final de era histórica

Outro aspecto a considerar é que por toda a parte começa a se generalizar, nestes primeiros anos do século XXI, a noção mais ou menos difusa de que estamos assistindo aos últimos estertores de uma era histórica e aos primeiros albores de uma nova.

Não se trata, aqui, de charlatanismos, de crendices e temores como os que, afirma-se, tiveram grande voga na Europa quando se aproximava o fim do primeiro milênio. Trata-se de algo muito mais sério e digno de reflexão e análise.

Vale a pena ler o que sobre isso declarou há pouco mais de dez anos o Prof. Norman Stone, professor de História na Universidade de Oxford, e um dos mais prestigiosos intelectuais do Partido Conservador inglês, com numerosos livros e estudos históricos e sociológicos publicados. Esse professor teve um papel importantíssimo durante o governo da Sra. Margaret Thatcher, e colaborou com esta na redação do livro de memórias que ela escreveu, intitulado Os Anos de Downing Street. É um intelectual prestigioso e sério, nem um pouco comparável a certos “futurólogos” mais ou menos charlatanescos que de vez em quando gostam de fazer declarações apocalípticas para atraírem a atenção do público sobre suas pessoas.


16 KAY, Katty, artigo reproduzido por O Estado de S. Paulo, de 14-8-2001.



Declarou o Prof. Stone à imprensa italiana, mais precisamente ao jornal Corriere della Sera, de 28-4-1994:

“As nossas cidades estão sendo invadidas por mendigos e sem-teto. As nações se desintegram em pequenos potentados mafiosos. As leis não são mais respeitadas, enquanto se tornam moda as superstições e as pessoas se reúnem de noite nos bosques para celebrar missas negras. Grandes epidemias mortais ceifam rapidamente vidas humanas sem que ninguém saiba curá-las. E as tribos estão novamente em pé de guerra, da África à Europa. Deixemo-nos de iludir-nos com as mentiras da tecnologia e sobre o progresso científico. É como historiador que afirmo: este mundo está voltando à Idade Média. E vós, italianos, como sempre antecipais o fenômeno.”

A tese do Prof. Stone é que o Ocidente entrou numa fase de decadência sem retorno. Padece de um câncer, ao mesmo tempo moral e material, que cancelará cinco séculos de “modernidade” e que o precipitará novamente no obscurantismo da primeira Idade Média:

“A Itália sempre foi o lugar onde os grandes fenômenos históricos tomaram forma. Basta pensar no Renascimento. Ora, a nação italiana está se desintegrando, estão novamente divididos entre guelfos e gibelinos e espalhados em tantas cidades-estado, unidas apenas por uma fidelidade formal a um governo fantasma.

O mundo moderno nasceu por volta de 1500... e tinha três símbolos: a imprensa, as leis e o conceito de Estado-Nação. Todos os três estão desaparecendo hoje. A cultura escrita está sendo substituída pela visual. As pessoas não aprendem mais nos livros, mas pelos cantadores ambulantes das televisões, pelos menestréis das imagens. Quanto às leis, não são mais respeitadas, e a polícia não ousa de modo algum entrar em certas periferias degradadas.
O Estado-Nação range em toda Europa. A Alemanha é um conjunto de Estados que fazem de conta que são uma entidade integrada. Colônia, Baviera ou Hamburgo são potências com as quais o governo central deve cada vez mais fazer as contas. São os ‘grandes eleitores’ de um imperador
débil e incerto.

– E no plano europeu? – pergunta o entrevistador.
– É a mesma coisa: se o projeto de Maastricht segue em frente, criaremos o equivalente do Sacro Império romano, isto é, uma ficção jurídica onde os que comandam de verdade são os pequenos senhores regionais.
– Tudo somado, não se vive melhor hoje do que naqueles séculos?
– É outra mistificação. Hoje o Estado democrático e liberal cedeu lugar aos network paralelos, como os dos traficantes de droga. Vivemos numa nova floresta de Sherwood, à mercê dos bandidos. Esses piratas sem pátria lançam seus ataques e se refugiam em bases inexpugnáveis. Outrora eram pequenos portos. Hoje são os paraísos fiscais.
– Por que o Ocidente perdeu a capacidade de se defender?
– Porque não construímos a nossa riqueza, mas a recebemos como herança. Sucumbiremos face aos novos povos, talvez bárbaros, mas mais fortes e unidos.
– Quais?
– Os orientais, até não excluiria o retorno do Islã”17
Declarações análogas fez, no mesmo ano, o então Presidente da República Tcheca, Vaclav Havel:


17 Cf. STONE: Voltaremos à Idade Média, vocês italianos por primeiro.” Entrevista a Riccardo
Orizio, in Corriere della Sera, 28-4-1994.


“Há boas razões para pensar que a idade moderna terminou. A ciência moderna clássica só descrevia a superfície das coisas. E quanto mais dogmaticamente a ciência a tratou como única dimensão, como a essência mesma da realidade, mais enganadora se tornou.

Desfrutamos de todos os êxitos da civilização moderna, que facilitaram a nossa existência física em muitos aspectos importantes. No entanto, não sabemos exatamente o que fazer de nós, aonde acudir. O mundo da nossa experiência parece caótico e confuso. Por muito que os peritos nos expliquem todos os fenômenos do mundo, cada vez compreendemos menos a nossa própria vida. Vivemos num mundo pós-moderno, onde tudo é possível e quase nada é seguro. A civilização planetária a que todos pertencemos lança-nos desafios mundiais. Não sabemos como levá-los a cabo, porque a nossa civilização só universalizou a superfície das nossas vidas.”18

Note-se que, ao citarmos aqui esses dois pensadores, isso não significa que concordemos irrestritamente com tudo quanto dizem. Apenas os citamos para mostrar como é generalizada em nossos dias, até nos meios cultos, a noção difusa de que estamos chegando ao fim de uma era histórica – o que, evidentemente, corrobora para a insegurança do homem moderno.

Os dois depoimentos são anteriores ao atentado do 11 de setembro de 2001, que destruiu as torres gêmeas do World Trade Center – atentado que possivelmente no futuro poderá vir a ser considerado um marco histórico divisor de águas como foi, por exemplo, a queda de Constantinopla, em 1453, indicativa do fim da Idade Média. O recentíssimo atentado na
estação ferroviária de Atocha, em Madri, deixou bem claro que o 11 de setembro, infelizmente, foi tão-só um prelúdio de algo maior e pior que pode estar em curso.

Tudo isso é mais um fator de insegurança para o homem moderno, a ser inserido na visão de conjunto dentro da qual se situa o fenômeno da Neo-Genealogia.

18 Discurso reproduzido pelo jornal Público, de Lisboa, 7-8-1994.


. Fatores de ordem econômica e condições trepidantes da vida moderna Outros pontos ainda poderiam ser lembrados: as condições trepidantes da vida moderna, a criminalidade, a violência, a falta de pontos de referência seguros (por exemplo, surtos de inflação destruindo a noção do caro e do barato), a instabilidade econômica. Não nos estenderemos aqui sobre esses fatores porque são evidentes e por demais conhecidos. Todos eles fazem o homem de nosso tempo sentir-se como um animalzinho fraco, inseguro e indefeso, arrastado por forças colossais contra as quais ele nada pode e sem as proteções de cunho familiar, psicológico e religioso com as quais, no passado, ele podia contar.

. Perguntas finais

Diante de tantos fatores de insegurança e mal-estar, como estranhar que ele busque, ainda que subconscientemente, algum grande antepassado mítico e arquetípico, que resuma e contenha em germe todas as virtudes e potencialidades da família? Algo à maneira do Kunta Kinte de Alex Haley ou, em termos luso-brasileiros, do Tructesindo Mendes Ramires, no qual o Gonçalo, de A ilustre Casa de Ramires, foi encontrar a força de alma que lhe faltava?

Essa busca subconsciente de um antepassado mítico não será bem sintoma de outra orfandade do homem moderno, a que lhe provém da ausência de modelos ideais, à qual já aludimos acima? Os modelos humanos já não são os grandes homens, mas sim os que os meios de comunicação social apresentam como tais. A era dos grandes homens de verdade parece ter passado, o que é outro fator de falta de ponto de referência, de desnorteamento e insegurança, portanto.

Como estranhar que um homem como o de nosso tempo, que se sente violentamente arrancado a condições de vida que lhe são próprias e transplantado para um outro terreno que é tão contrário a sua natureza, vá procurar, ainda que subconscientemente, em suas raízes ancestrais um elemento de segurança e de legítima e explicável auto-afirmação?

Concluímos estas já longas considerações com um breve trecho de matéria publicada no jornal parisiense Le Point, no qual, com aquela precisão e aquele espírito de síntese peculiares ao gênio francês, é resumido tudo quanto aqui explanamos:

“O famoso adágio da III República (Um bom republicano não tem necessidade de antepassados) parece esquecido dos cem mil franceses que hoje se dedicam a pesquisas genealógicas. Isso se deve ao poder exercido sobre os espíritos pelos grandes nomes da antiga aristocracia.

O mais poderoso impulso nessa direção não é a vaidade. Trata-se de uma busca de identidade pessoal que a história da família pode dar. Numa sociedade sem raízes a descoberta da própria estirpe é forte apoio psicológico ao homem moderno. A genealogia oferece aos franceses um remédio às angústias de um período de individualismo triunfante.

A família, o nome, a hereditariedade cativam cada vez mais o simples cidadão. Ele escapa assim ao anonimato moderno.”19

19 Gothamanie, Le Point, Paris, 20-8-1994.